Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Saudades de Portugal.

O Vianna da Arcada, em Braga.

Nostalgias vão e vêm, até porque elas precisam de alguma calma para instalar-se e o dia-a-dia não se compõe de muitos momentos calmos. Houve, na páscoa, um pequeno lapso de descanso, pois a sexta-feira foi dia feriado. Lembrei-me saudoso de Braga. Há um ano, estávamos lá, era semana santa. Vimos uma procissão, que não lembro se foi a do Domingo de Ramos, mas foi grande e interessante.

Quase todos os dias caminhávamos algo à volta de seis quilômetros. Os roteiros podiam mudar um pouco, mas o destino era o centro da cidade, passando pelo Largo da Senhora-a-Branca, passando pela magnífica Centésima Página, um e outro fino na Brasileira, uma entrada em algum mercado, que sempre há qualquer coisinha a comprar para comer à noite.

Entre vários outros aspectos, é do caminhar que tenho mais saudades, que ficam mais marcantes pelo contraste, pois que aqui não caminho. Saio de caso e meto-me no carro. Almoço e meto-me no carro. Saio do trabalho e meto-me no carro. Caminhar, só se o fizesse como as pessoas que cultivam o hábito como uma forma de exercício físico, disciplinadamente, com esse propósito específico, em um circuito específico, onde estão todos a fazerem seus exercícios. Assim, não me interessa.

Outra coisa me pôs no estado nostálgico: hoje chovia fininho ao amanhecer. Logo deve parar e o calor de céu aberto e sol forte voltará, impiedoso nos seus 35º com sensação de 40º. Claro que a chuva não me é minimamente estranha, mas no formato que ela escolheu para chover em Braga, nos meses de fevereiro, era-me desconhecida. Todos os dias, o dia todo, um mês inteiro. Não que seja bom ou ruim, mas que ficou na memória.

Almoço, doze e meia. Entra-se no restaurantezinho do João e da Gracinda, deixa-se o guarda-chuvas molhado na entrada, tiram-se os casacos. Uma jarrinha do tinto e uma sopinha de legumes quente para acalmar o estômago e afastar os frios. Se o movimento ainda é pouco, o João tem tempo de conversar e, basicamente, lastimar-se da vida. Que está tudo mais caro, que os clientes acham os preços altos, que o movimento vem caindo, que não aguenta mais trabalhar… No dia seguinte será a mesma coisa e será bom.

5 Comments

  1. Olívia Gomes

    Eu também sinto saudades. Especialmente aos domingos.

  2. Severiano Miranda

    Pelo pouco tempo que passei em Braga com voces, não deveria, mas também tenho saudades, Braga é uma cidade maravilhosa, onde certeza se pode viver (morar não é viver) em paz…
    Claro, seria injustiça não dizer que tambem MORRO de saudades de Salamanca!

  3. maria josé

    Que saudade! Esta foto está linda para aumentar a saudade.Foi uma temporada maravilhosa e este lugar muito especial.

  4. Domingos Sávio

    Eu tenho saudades do futuro. Quando por lá chegar. Por mares nunca dantes navegados. Com certeza Braga estará no roteiro.

    • Andrei Barros Correia

      Imagino que gostarás, Domingos. A propósito, gostaria de te perguntar a origem da tua família lusa.

      É que a imensa maioria dos portugueses que em Recife chegaram era do norte, minhotos principalmente.

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