Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Categoria: Notícia (Page 12 of 13)

Os reatores nucleares da Marinha brasileira.

O reator de Angra II.

O Brasil tem duas usinas de produção de energia a partir da fissão do urânio, ambas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Também há uma terceira em construção, no mesmo sítio. Dessas usinas, uma tem tecnologia alemã e outra norte-americana. Resultam de acordos celebrados na década de 197o e significam a tentativa de domínio, ainda que bastante tardia, da tecnologia nuclear.

Paralelamente aos projetos das usinas de Angra – adquiridas no exterior – o Brasil partiu para o desenvolvimento de tecnologias próprias, por meio da Marinha, visando a deter o conhecimento de todo o ciclo nuclear, ou seja, das etapas que vão da extração do urânio das jazidas, passando pelo enriquecimento até obtenção do material físsil, até ao projeto e construção de reatores.

Ademais dessas etapas do ciclo, os projetos da Marinha visam ao desenvolvimento de reatores pequenos, a serem utilizados em submarinos nucleares. E, obviamente, também ao desenvolvimento dos cascos desses submersíveis de propulsão nuclear. É uma tarefa mais difícil que a construção das usinas de geração, como as de Angra, porque implica na drástica redução do reator.

O programa da Marinha sofreu muitos reveses, quase todos imputados aos contingenciamentos de recursos. Falar dessas limitações orçamentais como se fossem uma isolada causa, sem outras antecedentes, foi a forma consagrada de turvar o entendimento. Todas as dificuldades impostas à Marinha deveram-se à sucumbência a interesses externos ao Brasil. Com a sucessão de governos que fizeram bem o papel de corretores de venda do país, isso foi relativamente fácil.

A opinião pública desempenhou também sua parte nesse teatro. Sem saber bem porque, alimentada por constantes rações de informações fragmentadas e opinativas, pôs-se ao lado do repúdio pelo domínio da tecnologia nuclear, assombrada por fantasmas criados por quem detém essa tecnologia e não renuncia a ela de forma alguma. Enfim, o domínio consiste em convencer o dominado a não querer o que viabiliza o dominador.

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"O Brasil quer pensar com a própria cabeça".

Esta foi a frase proferida pelo jornalista Alexandre Garcia hoje pela manhã no Bom Dia Brasil, jornal do partido político Globo. O noticiário exibiu uma reportagem sobre a estadia da secretaria de estado americana Hillary Clinton no Brasil e enfatizou o que ela disse a respeito do plano nuclear iraniano, ou seja, que é uma ameaça para o mundo – o que só eles, os americanos, podem fazer.

Segundo o jornalista “o Brasil e os Estados Unidos têm divergências porque o Brasil quer pensar com a sua própria cabeça” referindo-se, explicitamente, ao posicionamento do presidente Lula em relação ao programa nuclear e a Ahmadinejad, além de criticar a postura do presidente em relação a política externa, ocasião em que chamou Zelaya de “aprendiz de Chávez”.

É o funcionário mostrando serviço para o patrão.

Reportagem na íntegra: http://colunas.bomdiabrasil.globo.com/alexandregarcia/

A Telebrás recriada.

A internet brasileira passeando no relvado.

O governo brasileiro tomou a decisão de recriar a Telebrás, uma empresa estatal de prestação de serviços de telecomunicações. Desta vez, será voltada ao oferecimento de banda larga de internet, universalizada. Ou seja, deve fazer o que as concessionárias não fizeram ou fizeram mal feito.

As empresas privadas de telecomunicações já desfiam seu rosário de críticas. Todo o acervo de bobagens pré-concebidas foi tirado do baú e alguns jornalistas convocados a fazerem o ataque. A acusação principal é de heresia estatizante, esse supremo movimento cismático.

Acontece que ainda há quem se disponha a dizer que se formaram nuvens de fumaça a fim confundir e desinformar. Bresser Pereira, um economista inteligente, escreveu um claro texto, publicado no Estado de São Paulo, dizendo, em palavras mais ou menos suaves, que as objeções não passavam de tolices.

A entrada de uma empresa estatal no mercado é apenas uma forma de regulação. E, sem regulação estatal, o mercado age, sim, mas age contra o consumidor. É o que se vê nesse setor, no Brasil. Temos, ao mesmo tempo, as telecomunicações entre as mais caras e ruins do mundo. E temos, aparentemente, um mercado competitivo.

A lógica do comércio de laranjas e couves não se aplica ao de serviços concedidos. Os concessionários sabem disso, evidentemente, mas insistem no discurso da competição. Ainda que ela exista, basta um argumento de realidade para afastar o sofisma, ou seja, ela existe – admitamos essa inverdade – mas resulta em nada!

Na verdade, o empresário pouco está preocupado com a qualidade e difusão do serviço que presta. Sua preocupação são os resultados financeiros e não há porque disfarçar isso. Quem deve estar preocupado com os serviços é o poder concedente, que esse é seu papel. Se não atua, omite-se em detrimento do público.

Enfim, a recriação da empresa estatal de telecomunicações é um dever do estado brasileiro, que precisa levar as empresas privadas a melhorarem seus serviços, agora sim, por causa da competição.

Remissão ou fim do mundo?

O Chile foi palco de outro terremoto devastador, digo outro por dois motivos, primeiro porque na década de 60 ocorreu lá, o mais forte terremoto registrado, de 9,5 pontos na escala ritcher. Segundo, porque esse ano houve já, um grande terremoto de dimensões catastróficas, no Haiti.

A notícia que correu o mundo ontem, foi provavelmente a notícia do terremoto do Chile, com vídeos no youtube e cobertura online dos quatro cantos do mundo, afinal tragédia alheia vende pacas, e eu fui um dos que comprou, talvez não bastante, mas o suficiente. Mas além dessa, houve outras, não tão quentes, mas reveladoras.

Duas dessas notícias eu li porque, por acaso, caiu em minhas mãos um Jornal do Comércio, a primeira é que fernando cardoso, num desses eventos criados para sua presença (provavelmente), fez, a meu ver, uma coisa inusitada, defendeu a descriminalização não só da maconha, como de outras drogas, pois “a política de guerra às drogas não está funcionando”. E ainda chamou reacionários aos que são contra a idéia, especificamente setores da ONU que são contra essa posição na américa latina. Está na página 11 do caderno Brasil do JC.

Não bastasse essa notícia, no mesmo caderno na página 16, diz que a Corte Constitucional Colombiana, rejeitou proposta feita por Uribe, aquele mesmo do futebol de cabeças, para realizar um consulta popular a respeito de um possível terceiro mandato. O impressionante na matéria, é que ele aceitou a decisão da Corte, e segundo está escrito, disse que era “preciso respeitar a norma legal”.

Quando soube da catástrofe no Haiti, torci para a natureza subir, leia-se, um furacãozinho nos Estados Unidos, ou algo parecido, quem sabe o segundo grande terremoto do ano ser lá??? Não deu certo, desceu, veio pro Chile, e depois dessas duas notícias fico pensando, será que o fim do mundo começou por aqui (como se já não tivéssemos problemas suficientes)? E se não, porque  será que esses dois estão buscando? Remissão? Redenção? (Enganação?)

Ai fico danado lembrando da letra dos “Strokes“, o fim, não tem final

Severiano Miranda

Mordechai Vanunu, a bomba atômica israelense e o Nobel.

Mordechai Vanunu foi indicado para o prêmio Nobel da paz. Escreveu uma carta para a Academia de Estocolmo e disse que não o queria. Disse que não pretendia figurar numa lista de agraciados que inclui Shimon Peres, o artífice das bombas nucleares israelenses. É raro alguém rejeitar laúreas dessas, com argumentos tão incisivos, que deixam evidente o quanto há de aleatório e de hipócrita no famoso prêmio sueco.

Vanunu é filho de pai rabino e foi criado em ambiente ortodoxo. Afastou-se, contudo da ortodoxia. Trabalhou, em posição meio subalterna, no complexo nuclear de Dimona, no Sinai. Essa usina de tecnologia francesa foi o princípio do rapidíssimo desenvolvimento da tecnologia nuclear bélica de Israel. Enriquecendo e comprando clandestinamente urânio, chegaram às estimadas 200 ogivas nucleares.

Em certo momento, Vanunu foi para a Inglaterra e vendeu a um jornal uma estória interessante. Tratava-se de pormenores do programa nuclear israelense, desenvolvido em Dimona, onde ele trabalhara. Acontece que o dono do jornal era judeu e o Mossad não levou muito para encontra-lo, findando por sequestra-lo em Roma. Continue reading

Depois daquele beijo.

Do G1: Meninas se beijam em bloco no Rio e acabam na delegacia.

Engraçado notar como atitudes de um Sr. como este (de 50 anos, moralista padrão, que fez a denuncia), tem sentido contrário ao que desejaria ele, ou seja, acontecimentos como esse, vão, cada vez mais afirmar o direito defendido pelos outros foliões. Porque certamente chegará o dia em que, o Sr. em questão um pouco mais velho, vai acudir a polícia com o mesmo propósito, e a polícia dará de ombros, oras, por pura insignificância.

Pior de tudo é a situação cômica em que se mete a polícia a troco de nada, várias guarnições para prender 2 meninas??? Um policial atropelado com pé quebrado por causa de um beijo??? Rio… Pra não chorar.

E veja a imfâmia da declaração do Sr. 50, “Ele disse que viu duas moças se beijando e pensou que uma era menor de idade. Ele achou que nesse caso seria errado uma menor de idade beijando outra maior de idade…”, quer dizer que esse Sr. passa os carnavais a procurar e a fazer cumprir a lei de corrupção de menores?! Se fosse um beijo entre outro cinquentão e uma garotinha ele também denunciaria, ou identificando-se com seu semelhante, seria complacente? Seria ele só mais uma pessoa com olhar eivado de teias de aranha de qualquer natureza (religiosa?)…

O delegado Gustavo Valentini, usou de seus tantos anos de estudo, na universidade e posteriormente pro concurso, para concluir: “verificou que não houve nenhuma corrupção de menores”.

De todas a melhor declaração, e amis sensata, é mesmo a da garota mais velha (18 anos,  a mais nova tinha 17): “O meu beijo não tinha nada de agressivo, é um beijo como qualquer outro beijo de carnaval, uma coisa que acontece. Não precisava ter causado a confusão que causou”.

Impressionante a polícia se meter num caso assim, e os policiais ainda recebem diploma de curso supeiror ao acabar o curso de formação… A julgar pela qualidade de nosso sistema educacional, não vou falar nada, ainda bem que estão começando a exigir diploma de nível superior nos concursos pra soldado, assim nossa super preparada polícia passará a ter dois diplomas. Como diz a música, “polícia para quem precisa de, polícia…”.

PS: Ainda bem que o delegado, justamente, liberou a turma do beijo, caso os tivesse detido, ainda teria pago mico, pois a artigo de corrupção de menores no Código Penal teve a idade alterada no ano passado,  foi de 18, para 14 anos.

Severiano Miranda.

Mário Soares quer o quê, afinal?

Doze anos depois dos Cravos, Mário Soares iniciava seu decênio presidencial. Pode soar muito simplificador, mas sempre pareceu que sonhava ser Mitterrand, ou seja, o rei sem coroa, o árbitro charmant de todos os litígios nacionais.  Ainda tentando catalisar os interesses populares a partir de alguma sedução do homem sábio sem ser o puro intelectual. E disposto a conversar com as grandes corporações.

Politicamente, a fórmula esgotou-se, o que ficou evidente em 2006. E agora, como é próprio das fórmulas esgotadas, parece que evolui para a sabotagem partidária. O alvo é o senhor da fotografia à direita, o poeta Manuel Alegre. Ele tem condições objetivas de vencer as presidenciais deste ano de 2010, candidatando-se pelo PS.

A despeito disso – ou, talvez, exatamente por isso – o senhor da fotografia à esquerda manobra contra a escolha de Alegre no partido que ambos integram. Soares, nessa pouco nobre missão, não tem grandes possibilidades de êxito, então, pergunta-se: o que ele quer realmente?

O colapso da Grécia e o traficante que financia o drogado.

Vem a público, por meio do Wall Street Journal, que o Banco Goldman Sachs ajudou a Grécia a disfarçar seus débitos públicos. Quer dizer, forneceu à Grécia serviços parecidos aos de branqueamento de capitais, que todos os bancos fazem. Com vários débitos públicos artificialmente alongados, os gregos conseguiram burlar as regras da UE para essa matéria.

Agora, são os mesmos prestadores desses serviços que põem a faca no pescoço do governo grego, para que este a ponha nos pescoços dos cidadãos gregos. O ideal seria que todos tivessem uma faca nos seus pescoços, inclusive os bancos, que fizeram parte da festa!

Fica evidente que a atuação dos grandes financistas é semelhante à de traficantes de drogas ilícitas que financiem os próprios dependentes. Quando algum problema torna-se público, o traficante alinha-se com a repressão e todos punem o consumidor! Grande mecanismo de sociabilização de custos chamado solenemente de responsabilidade fiscal e obediência às leis.

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