Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Categoria: Infâmias (Page 18 of 20)

O descaso com o cliente no Brasil: Atendimento da Brasil Telecom causa morte.

O cliente Moacir Bulling faleceu após passar 45 minutos ao telefone, em contato com o call center, na tentativa de cancelar um serviço de internet banda larga. Sua pressão arterial aumentou e ele sofreu um enfarte agudo durante o dito atendimento.

O cliente já estava peregrinando há algum tempo em busca do tal cancelamento e a ligação de mais de meia hora foi, de fato, a gota d´água. A Brasil Telecom foi condenada a pagar R$ 20,4 mil para a família da vítima. A decisão foi proferida pela  3ª Turma recursal cível dos juizados especiais do estado do RS, reformando a decisão de “extinção sem julgamento do mérito” proferida em 1º grau.

R$ 20,4 mil para a Brasil Telecom não é nada. Para a família é um consolo diante da morte de um dos seus. Para nós, consumidores, continua a ser o absurdo de sempre. O descaso permanece e a agência responsável pela telefonia no Brasil – ANATEL – não parece estar preocupada com sua clientela. Suas prioridades são outras, se resumem a vender. O resto não lhes interessa.

Um circo triste.

Vi hoje num jornal daqui de Campina Grande uma notícia que me deixou um bocado angustiada. Pois bem, um circo português, chamado circo Estoril, que está na cidade há alguns dias, foi assaltado ontem a noite.

O fato é que a maioria dos circos é pobre, ou relativamente pobre, o que me levou  a pensar imediatamente em seus integrantes, artistas, que trabalharam para conseguir a quantia furtada e que deverão trabalhar ainda mais para a recuperarem.

O que me chamou a atenção na reportagem, e me deixou triste,  foi a frustação nos rostos dos que trabalham com a alegria.

A imprensa manipuladora.

A imprensa brasileira, em sua enorme maioria, é contra o governo do Presidente Lula. Esse governo, de fato, tem inúmeros aspectos reprováveis, mas tem êxitos inegáveis, o que está na base da aprovação popular do Presidente, a maior da história republicana brasileira. Não há problemas na imprensa não gostar do Lula e ela pode bem falar contra ele, diretamente e dizendo o porquê.

Problema há na adoção da mentira, da mensagem subliminar e da superficialidade como linha editorial. A mentira passa por fazer editorias chamando-os de reportagens e por deformar, pura e simplesmente os fatos. A mensagem subliminar passa por tentar atacar o Presidente indiretamente, tentando imputar-lhe disfarçadamente a responsabilidade por tudo que aconteça – até eventos da natureza – sem a coragem de dizê-lo abertamente.

A superficialidade salta à vista de quem veja as capas de revistas semanais e jornais: não passam, as primeiras, de revistas de tolices, da vida privada de atores de novelas e de futebolistas, de receitas milagrosas de como emagrecer, de pseudo-ciência de almanaque, de falsos especialistas em tudo. Essas três características ou, talvez melhor dizendo, linhas de ação, são se apresentam isoladamente. Elas se combinam, para produzir sempre mais e pior na mesma direção.

Um exemplo muito nítido veio de uma das revistas semanais – a pior delas, sob qualquer aspecto, a Veja – na capa desta semana. O veículo contém uma suposta matéria jornalística sobre o transporte aéreo no Brasil. A chamada da capa anuncia claramente que as passagens aéreas são baratas, que as companhias têm aeronaves novas, mas que os aeroportos são ruins. Ou seja, do lado dos prestadores do serviço, atingiu-se o nirvana, mas do lado do governo, dono dos aeroportos, há vastos pecados a serem pagos.

Afirmar que as passagens aéreas no Brasil são baratas é simplesmente uma mentira e das grandes. Basta uma breve visita ao sítio de internet de qualquer das companhias e principalmente das que compõem o duopólio reinante, a TAM e a Gol. As passagens são mais caras que em qualquer parte da Europa e da América do Norte e mais que na maior parte da América do Sul.

Quanto às aeronaves, são realmente novas. Seria o mínimo esperado de companhias com tamanhas margens de lucro, ou seja, que mantivessem frotas atualizadas. Na verdade, não fazem qualquer favor aos consumidores nesse particular. Todavia, essas maravilhas de aviões novos têm as distâncias entre as cadeiras entre as menores do mundo. Quer dizer, aviões novos e desconfortáveis.

Os aeroportos brasileiros não são o último tipo de estrutura aeroportuária do mundo, mas muito do que se percebe de ruim neles é de responsabilidade das companhias. Por exemplo, as enormes filas para fazer check-in são responsabilidade das companhias  – que economizam em funcionários e logística – e esse é o pior problema dos viajantes aéreos! A lentidão e as complicações para retirar o cartão de embarque nada têm com o aeroporto em si.

Ora, se se fizesse uma matéria jornalística séria, cujo objetivo não fosse falar mal do governo a qualquer custo e abusando de mensagens subliminares, seria necessário apontar o que cabe a quem, em cada etapa do processo que envolve uma viagem aeronáutica. Seria necessário comparar os preços no mundo, o conforto nos aviões, as margens de retorno das companhias, os índices de satisfação dos consumidores, os custos de operação aeroportuária. E uma análise desses fatores não conduziria a uma sentença peremptória de aclamação das companhias e reprovação do governo. Ambos seriam reprovados.

Por outro lado, defeitos evidentes do governo não são apontados, porque são erros que operam em favor das companhias aéreas, em detrimento dos consumidores. Por exemplo, o governo atual é conivente com o adiamento das regras sobre vôos atrasados e cancelados e sobre bagagens extraviadas. Há muito discutem-se normas que imporiam pesadas penalidades por descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelas transportadoras aéreas. Os regulamentos estão prontos mas são continuamente adiados porque as agências governamentais sucumbem à pressão.

Trata-se, enfim, de uma parcialidade que vai até a ante-sala do ataque direto, mas não o faz porque essa imprensa, além de patife e rasteira, é também covarde. Seria mais estúpido que as próprias matérias que oferece atacar nominalmente um homem que tem aprovação de mais de setenta por cento dos cidadãos. Mas, seria também mais digno.

Dois moradores de rua espancados até morrer, em São Paulo.

Uma notícia diz que dois moradores de rua foram mortos a pauladas, ontem à noite, na Praça Presidente Kennedy, na cidade de São Paulo. Não é a primeira vez que isso ocorre. E não é apenas em São Paulo que acontecem barbaridades como essas.

A violência extrema é praticada tanto horizontalmente, como verticalmente e essa constatação é assombrosa. Horizontalmente quer dizer na mesma classe ou no mesmo grupo. Moradores de rua brigam e matam-se por insignificâncias aparentes, por pequenas dívidas de álcool ou drogas ilícitas, por espaço. De certa forma, reproduzem nos estratos mais baixos o que se passa nos mais altos.

Verticalmente a violência pratica-se de forma quase lúdica, de cima para baixo, socialmente. Alguns agressores assimilaram a noção que o predomínio sócio-econômico autoriza a prática da violência contra os inferiores nessa escala. Isso reproduz um comportamento animal, ou seja, de relações predador-vítima, mas entre seres que são racionais.

A propósito da violência lúdica vertical, há espaço para lembrar um episódio que se deu em Brasília, há treze anos. Em 1997, cinco jovens de classe alta de Brasília, atearam fogo em um índio pataxó – Galdino Jesus dos Santos – que dormia em uma praça na capital da república. Ele morreu queimado.

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Eu sou ruim, mas eu sou limpinho!

Bush limpa a mão na camisa de Clinton, após cumprimentar haitiano. No Haiti para avaliar esforços para a reconstrução (notícia de mentira), Bush e Clinton foram lançar um site (Clinton Bush Haiti Fund), efetivamente para colar imagem de Bush a imagem de Clinton, que tem passe livre por ai. Alguem da família de Bush com certeza foi hostilizado por ai para que ele “se submeta” a esse tipo de situação. Ele mesmo não foi, pelo menos já deu provas visíveis que não se preocupa com hostilidade alguma (pelo menos não enquanto era presidente, e podia responder na bala).

Bush cumprimenta haitiano durante visita

Bush cumprimenta haitiano durante visita

É tão ultrajante que chega mesmo a beirar o absurdo. Também, os haitianos saem por ai apertando a mão de qualquer um… Dá nisso.

http://www.youtube.com/watch?v=PAPIzInz1qY

Infelizmente os esforços para tornar Bush palatável, serão em vão, acredito eu, já que como dizem por ai, não existe limite pra estupidez, e Bush é um exemplo vivo disso…

ONU: Água poluída mata 2,2 milhões por ano.

A ONU divulgou esta semana um relatório afirmando que a falta de água limpa mata 2,2 milhões de pessoas e cerca de 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos de idade, anualmente. A causa da poluição é o despejo de resíduos sólidos que chegam a contaminar 2 bilhões  de toneladas de água diariamente. As consequências diretas são o envenenamento da vida marinha e a contaminação de doenças.

A maior parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento: 90% do esgoto sem tratamento é lançado em rios e mares.

Agora pare e lembre daquele seu vizinho que usa água potável para lavar a calçada ou para abaixar a poeira da rua. Estamos bem, não estamos?

Os discursos de justificação do tráfico negreiro. Do Papa ao Senador da República.

Aplicação do castigo do açoite. Jean-Baptiste Debret.

Um texto de Andrei Barros Correia

Entre gente e bichos há duas diferenças básicas. Consistem em que os segundos usam a violência só para comerem e não se justificam por isso. O resto, são mais semelhanças que dessemelhanças, com grandes vantagens para os bichos que, inclusive, não têm a infelicidade de falar nem sabem o que é o serviço público.

As infelizes das pessoas precisam justificar-se e também às suas infâmias. Eventualmente, esforçam-se a produzir teorias embasadas em alguma ciência social, deformando-as consoante os objetivos visados. Outras vezes, mais inteligentemente, servem-se do Deus único que, como o papel, aceita tudo que se lhe ponha em cima. Acho que a grandeza desse Deus está precisamente nisto: perceber quanta infâmia as criaturas põem na sua conta e deixar para lá, evidenciando conhecer bem os limites de sua obra. Magnânino, esse adjetivo cabe-lhe.

Pois bem, a partir do século XV, os europeus começaram a disputar com os magrebinos o monopólio da venda de peças de Guiné, ou seja, de pretos da África Subsaariana. Os bérberes maometanos do Norte d´África já tratavam com os africanos do Sahel, trocando basicamente cavalos de montaria e armas por escravos pretos. Os maometanos não se constrangiam com a utilização de escravos, em geral, desde que não fossem fiéis. De certa forma, os monoteísmos agem similarmente!

O que os marroquinos faziam por meio de longas caravanas de camelos, ao longo de vasto deserto, os portugueses resolveram de fazer navegando. Como nem uns, nem outros, eram romanos – César tinha escravos sem justificar-se teologicamente – o Papa de Roma veio em socorro dos navegadores. Em 1453, a bula Romanus Pontifex, de Nicolau V, assumindo a inviabilidade de uma nova e desejável cruzada, abre as portas para outros tipos de saques.

Esse documento assume o tráfico de escravos como um efeito lateral das grandes tarefas da cristandade, ou seja, um mal menor diante da salvação da alma desses pretos que, por meio da escravidão, entravam no rebanho. Efeito lateral e até resultado positivo, assim se tornava a escravidão! Essa interpretação papal é um pouco brutal, convenhamos.

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Lula e Fernando Henrique. Uma comparação de governos.

O final do segundo mandato do Presidente Lula aproxima-se. Neste ano de 2010 realizam-se eleições presidenciais, em outubro, escolhendo-se o presidente que assumirá o cargo em janeiro de 2011. Dois candidatos com reais possibilidades apresentaram-se: Dilma Roussef é a candidata do atual Presidente; José Serra é o indicado do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. O Presidente Fernando Henrique governou de 1994 a 2002 e o Presidente Lula terá governado de 2002 até 2010.

Lula tem aprovação popular, aferida em pesquisas, à volta de 70%. Ele é mais bem avaliado nas classes mais baixas, todavia conta com níveis elevados -mais que 50% – em todas as camadas sociais. Esta popularidade é maior nas regiões mais pobres do Brasil – Nordeste e Norte – o que não significa que seja baixa nas outras regiões. Contrariamente ao que tenta a maioria da imprensa dizer, ele tem níveis elevados de aprovação nas regiões menos pobres – Sul, Sudeste e Centro-Oeste. As diferenças são, na verdade, pequenas.

As coisas mais temidas geralmente são as mais escondidas e negadas. Um político muito popular é, sim, capaz de influenciar uma eleição, apontando e pedindo votos para o candidato por ele apoiado. Exatamente por isso, o grupo político liderado pelo ex-Presidente Fernando Henrique esforça-se para convencer as pessoas que o apoio ao Lula não se transferirá à candidata Roussef. Ou seja, este grupo evidencia de quê tem medo: da comparação entre governos.

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Viana do Castelo. A multidão lincha!

Multidão exultante com a justiça materializada.

Um jovem morreu, vítima de espancamento, em Meadela, freguesia de Viana. Andava a vandalizar lojas, com seu grupo. Pessoas insatisfeitas cercaram-no e lincharam-no até quase morto, numa atuação que os mesmos classificaram de justiça popular. Findou por perecer no hospital de Braga.

Os adeptos de seu grupo de jovens já prometeram vingança. Ou seja, a justiça popular anuncia que seguirá sua marcha de força sem controlos, agora na mão de retorno. O máximo que ela atingirá de não violência serão as acusações de sempre: o fulano errou; não, foi o sicrano que errou. Ambos merecerão morrer!

Alguém falava do que resulta quando as massas atuam livremente, segundo a metodologia da ação direta. Recorrem ao que detém, ou seja, à violência. O que ele enunciou é válido, não apenas para o exemplo norte-americano, de que se serve pontualmente:

Não é totalmente por acaso que a Lei de Lynch é americana, já que os Estados Unidos são, de certo modo, o paraíso das massas. Nem muito menos se pode estranhar que agora, quando as massas triunfam, triunfe também a violência e se faça dela a única ratio, a única doutrina.

José Ortega y Gasset, n´A Rebelião das Massas.


O tamanho do saque pode explicar o tamanho da guerra.

O almoço, de Jean-Baptiste Debret

Apenas 10% da população brasileira ganha mais de cinco salários mínimos por mês. Ou seja, mais que R$ 2.500,00, algo em torno de € 900,00.  A concentração de rendas é brutal, a maior do continente americano, tomando-se em conta os países com estatísticas minimamente confiáveis.

Nos últimos anos, esses níveis de concentração reduziram-se um pouco, o suficiente para que classes afastadas do consumo se entregassem a ele, sofregamente, adquirindo uma série de objetos a crédito. Isso satisfaz a vendedores e compradores, diminui os efeitos das crises financeiras no Brasil e cria fantasmas para certas porções das classes mais elevadas. Têm medo, como tinham-no os chefes do catolicismo formal diante de qualquer manifestação de religiosidade mística popular.

Os créditos da pouca redução de desigualdades verificada recentemente são dos dois governos sucessivos do Presidente Lula. Isso não é uma opinião e não vou aqui alinhar tábuas de números e gráficos a demonstra-lo. Acho que foi muito pouco, mas sempre melhor que nada. Há muito mais desigualdade a se reduzir, para além das simplesmente econômicas.

Não é demais lembrar que as desigualdades sociais brasileiras são nitidamente desproporcionais às desigualdades de aptidões que podem existir, potencial e faticamente, entre as pessoas. Desigual, na raiz, é a herança, ou seja, a inércia do conservantismo. O legado da dominação, esse é bastante desigual.

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