Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

A imprensa manipuladora.

A imprensa brasileira, em sua enorme maioria, é contra o governo do Presidente Lula. Esse governo, de fato, tem inúmeros aspectos reprováveis, mas tem êxitos inegáveis, o que está na base da aprovação popular do Presidente, a maior da história republicana brasileira. Não há problemas na imprensa não gostar do Lula e ela pode bem falar contra ele, diretamente e dizendo o porquê.

Problema há na adoção da mentira, da mensagem subliminar e da superficialidade como linha editorial. A mentira passa por fazer editorias chamando-os de reportagens e por deformar, pura e simplesmente os fatos. A mensagem subliminar passa por tentar atacar o Presidente indiretamente, tentando imputar-lhe disfarçadamente a responsabilidade por tudo que aconteça – até eventos da natureza – sem a coragem de dizê-lo abertamente.

A superficialidade salta à vista de quem veja as capas de revistas semanais e jornais: não passam, as primeiras, de revistas de tolices, da vida privada de atores de novelas e de futebolistas, de receitas milagrosas de como emagrecer, de pseudo-ciência de almanaque, de falsos especialistas em tudo. Essas três características ou, talvez melhor dizendo, linhas de ação, são se apresentam isoladamente. Elas se combinam, para produzir sempre mais e pior na mesma direção.

Um exemplo muito nítido veio de uma das revistas semanais – a pior delas, sob qualquer aspecto, a Veja – na capa desta semana. O veículo contém uma suposta matéria jornalística sobre o transporte aéreo no Brasil. A chamada da capa anuncia claramente que as passagens aéreas são baratas, que as companhias têm aeronaves novas, mas que os aeroportos são ruins. Ou seja, do lado dos prestadores do serviço, atingiu-se o nirvana, mas do lado do governo, dono dos aeroportos, há vastos pecados a serem pagos.

Afirmar que as passagens aéreas no Brasil são baratas é simplesmente uma mentira e das grandes. Basta uma breve visita ao sítio de internet de qualquer das companhias e principalmente das que compõem o duopólio reinante, a TAM e a Gol. As passagens são mais caras que em qualquer parte da Europa e da América do Norte e mais que na maior parte da América do Sul.

Quanto às aeronaves, são realmente novas. Seria o mínimo esperado de companhias com tamanhas margens de lucro, ou seja, que mantivessem frotas atualizadas. Na verdade, não fazem qualquer favor aos consumidores nesse particular. Todavia, essas maravilhas de aviões novos têm as distâncias entre as cadeiras entre as menores do mundo. Quer dizer, aviões novos e desconfortáveis.

Os aeroportos brasileiros não são o último tipo de estrutura aeroportuária do mundo, mas muito do que se percebe de ruim neles é de responsabilidade das companhias. Por exemplo, as enormes filas para fazer check-in são responsabilidade das companhias  – que economizam em funcionários e logística – e esse é o pior problema dos viajantes aéreos! A lentidão e as complicações para retirar o cartão de embarque nada têm com o aeroporto em si.

Ora, se se fizesse uma matéria jornalística séria, cujo objetivo não fosse falar mal do governo a qualquer custo e abusando de mensagens subliminares, seria necessário apontar o que cabe a quem, em cada etapa do processo que envolve uma viagem aeronáutica. Seria necessário comparar os preços no mundo, o conforto nos aviões, as margens de retorno das companhias, os índices de satisfação dos consumidores, os custos de operação aeroportuária. E uma análise desses fatores não conduziria a uma sentença peremptória de aclamação das companhias e reprovação do governo. Ambos seriam reprovados.

Por outro lado, defeitos evidentes do governo não são apontados, porque são erros que operam em favor das companhias aéreas, em detrimento dos consumidores. Por exemplo, o governo atual é conivente com o adiamento das regras sobre vôos atrasados e cancelados e sobre bagagens extraviadas. Há muito discutem-se normas que imporiam pesadas penalidades por descumprimento das obrigações contratuais assumidas pelas transportadoras aéreas. Os regulamentos estão prontos mas são continuamente adiados porque as agências governamentais sucumbem à pressão.

Trata-se, enfim, de uma parcialidade que vai até a ante-sala do ataque direto, mas não o faz porque essa imprensa, além de patife e rasteira, é também covarde. Seria mais estúpido que as próprias matérias que oferece atacar nominalmente um homem que tem aprovação de mais de setenta por cento dos cidadãos. Mas, seria também mais digno.

3 Comments

  1. Domingos Sávio

    Andrei, eu faço aqui um mea-culpa. Assina essa revista infame chamada Veja. Por uma única razão: tenho de ler bobagens, mentiras e calúnias. Para poder entender o porque de tanto ódio ao governo Lula por parte dos donos dos impérios midiáticos. Nessa mesma edição, a coluna do mainardi se supera. Eu já li coisa ruim. Mas esse sujeito é do mal. Isso não é jornalismo não. De forma alguma. Viajo pouco. Mas tenho parentes que viajam regularmente. Meu irmão viaja semanalmente duas, três vezes. Não escuto essas queixas de atrasos. Sabemos dos problemas que ocorreram com overbookings (é assim mesmo?), o baixo preço (relativo) das passagens, mas faltava a Agência reguladora intervir com vigor no descuidos das Companhias Aéreas. E o caos da infra-estrutura do país herdado dos oito anos de FHC. Que também pode alegar que herdou outra porqueira e por aí vai. Mas a Veja é marrom. Ela é tendenciosa e o faz ora diretamente, ora de forma subliminar. Imprensa por imprensa a americana tem uma virtude que a nossa não tem. Eles lá tem lado. Assumidos. Falam bem dos seus candidatos, dos seus políticos ,das empresas. Abertamente. E cada um vai prá guerra. Não é lá o que sonhamos, mas é muito melhor do que este jabá subterrâneo escorrendo por baixo dos nossos narizes. Eu não sei se vou continuar assinando essa revista, por mais democrático que seja a sua existência. É porque o cheiro de peixe podre está insuportável. Em plena Páscoa.

  2. andrei barros correia

    Essa revista, Domingos, é muito ruim mesmo, sob todos os aspectos. O nível de algumas chamadas – e não falo só de política – é baixíssimo.

    Não a leio, mas vejo as capas. Um dia desses, na vertente ciência de almanaque, falava-se que a ciência ia no caminho da eternidade humana. Foi das maiores estupidez que já vi. O impossível não tem caminho.

    Outro dia, negavam-se as mudanças climáticas. Noutro, exaltavam-se as comunicações por internet, algo que praticamente inexiste no Brasil.

    Os defensores dizem que as críticas são de esquerdistas. Mas, o próprio veículo não se diz direitista. Tomemos o caso do maior crítico, o jornalista Luis Nassif. Ele pode ser tudo, menos esquerdista. Tampouco é governista, ele que faz apologia de Aécio Neves.

    É um tremendo jornalista e sofre perseguição da tal revista exatamente porque aponta seu deformado jornalismo.

    Não cabem meias palavras: é um lixo.

  3. Emanuel Colaço

    Realmente, a reportagem sobre a aviação foi fraca. A capa e o editorial me criaram uma grande expectativa para a matéria, esperando uma grande matéria especial, de muitas páginas e profunda! Que nada, poucas coisas, poucos dados, análise superficial… Realmente, decepcionou.

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