Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Categoria: Capitalismo das cavernas (Page 2 of 6)

A Presidente Dilma e a falácia da carga tributária.

Um dos assuntos preferidos de parcela da classe média brasileira é a carga tributária, considerada responsável única pelos altíssimos preços dos automóveis no país. Assim, duas coisas caras a esse estrato social juntam-se: o desejo por automóveis e o anseio de falar mal do governo, mesmo que ele não tenha prejudicado os reclamantes.

Não seria razoável esperar que pessoas adestradas por Veja, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Globo agissem diversamente. Além do medo atávico de mudanças que lhes possam desfavorecer – o medo da ascensão das massas – elas são bombardeadas diariamente com tolices na forma de lugares-comuns repetidos à exaustão.

Carga tributária é um mantra. Repete-se até ser repetido espontaneamente pelo alvo da propaganda. Subjazem a carga tributária noções como as de Estado hipertrofiado, Estado ineficiente, inibição do mágico espírito empreendedor e outras mais, de viés oportunista.

Nunca é demasiado lembrar que o discurso anti-Estado, no Brasil, é feito preferencialmente por aqueles que mantém uma estreita simbiose com ele, que vivem da predação do público e do Estado. Não há, na verdade, discurso liberal puro neste país em que todos serviram-se do Estado para assaltar a maioria.

As camadas médias vivem à mercê do que uma imprensa de péssimo nível, parcialíssima mas sempre a falar de imparcialidade, lhes põem na cabeça. Elas não agem criticamente, nem quando isso é recomendável sob perspectiva conservadora. Não se aceitam como médios oportunistas a surfarem a onda da inércia constante, a grande invenção brasileira: o moto contínuo socio-econômico. Não, são os vitoriosos da meritocracia.

Pois bem, consagrou-se a idéia de que os carros são caros por conta da carga tributária e só. De nada adianta dizer que a carga tributária é inferior àquela praticada em todos os países europeus, onde os carros são mais baratos. De nada adianta dizer que a questão é de margem de lucro.

Esse é um mercado que se tornou grande, tem muita demanda reprimida, consumidores ignorantes – no sentido próprio do termo – e ansiosos por comprarem sem questionarem muito os preços, nem cogitarem de suas composições. Ou seja, é o ambiente ideal para a prática de margens de lucro extorsivas.

O mercado dava sinais de desaquecimento e o governo, a propósito de minimizar tal efeito, lançou medidas, ontem. Por exemplo, o IPI – Imposto sobre produtos industrializados – para automóveis feitos no país, com motores até 1.0 litro de deslocamento, foi de 7% para zero, até 31 de agosto deste ano.

Sim, o IPI dos carros com motores de mil cilindradas foi reduzido a zero! É intuitivo que as montadoras de automóveis não repassarão toda a redução aos preços, que devem cair um pouco.

O resultado será interessantíssimo: além de manter milhares de empregos, anulará o discurso imbecil da carga tributária. Ou seja, os preços não cairão na mesma proporção da redução de imposto e o governo poderá dizer que o imposto nunca foi o elemento principal dos preços altos.

Claro que haverá o pessoal da lógica do urubú com raiva do boi. Dirão que houve renúncia fiscal e que isso é ruim. Sim, mas esquecerão de dizer que o cerne do problema ficou nu, que era a avidez das montadoras a causar os preços elevados.

EUA: acabaram-se democracia, direitos civis e liberdades individuais.

Os EUA já foram propagadores da democracia, das liberdades individuais e dos direitos civis. Isso estava na constituição deles, em termos muito claros. Na verdade, ainda está e o fenômeno é de desprezo aberto pela tal constituição.

O que se vive nos EUA é precisamente o que os teóricos do estado de exceção preconizaram, ou seja, a superposição de uma ordem jurídica supostamente de exceçã à original ordem constitucional. Uma não substitui a outra e aí reside o aspecto mais pérfido da coisa, pelo que tem de ambiguidade voluntária.

Não é ocioso lembrar que o regime jurídico do III Reich não revogou nem suplantou o anterior regime de constitucional de Weimar. Ele instalou-se ao lado e por cima, o que é espetacular, do ponto de vista político-jurídico.

Hoje, nos EUA, não há, em termos práticos e legais, as garantias e direitos que caracterizavam o regime do país até o grande golpe de 1963. Isso, a despeito de permanecerem na constituição!

Acabou-se, sem mais, nem menos. Por que é claro que se acabou? Basta ler a lista de ações abaixo:

1) The government reads all of our emails and listens to our phone calls contrary to the Constitution. The Patriot Act allows them to search our homes without warrants.

2) They passed NDAA which President Obama signed on New Years Eve. It took away our rights to Habeas Corpus, trial by jury, indeed the right to a trial of any kind, the right to not be tortured and the the right to legal representation. All of those rights were taken from us by criminals masquerading as politicians who also pretended to care for us.

3) The Congress passed an FAA bill which appropriates money for 30,000 drones to spy on us. The majority of those drones are to be armed with shotgun tasers though they can easily be fitted with missiles. You are now subject to summary execution just like the people of Yemen and Pakistan.

4) The government has brazenly said they have the right to kill us without a trial based on secret evidence.

There Never Was An American Empire Only A Machine That Consumed Us All Part II

O texto que segue foi retirado do Video Rebel´s Blog. É um bom exercício de análise do que pode estar próximo a acontecer. A prova-lo, está o fato de amoldar-se quase à perfeição àquilo que se chama teoria da conspiração. Vale a pena a leitura.

An American aircraft carrier in the Persian Gulf with its 5,000 plus personnel, 75 jets and guided missiles has both the same function and offensive capacity as the passenger ship Lusitania had in 1915. They were both placed at their locations to get the people on board killed and neither one had or will have any offensive ability after hostilities begin.

Let me explain why I say that a nuclear powered carrier after hostilities start will have no more offensive capacity than the Lusitania passenger liner. The Lusitania was carrying 6 million rifle rounds which made it a legitimate military target and guaranteed a high death rate amongst the passengers from the secondary explosions of the munitions. (Regular readers can skip this next paragraph.)

The Iranians have drones which are armed with 4 missiles each. The Iranians invented chess so they will target the control room, the radar, the flight deck and the guided missile batteries for attack by their drones. This means those carriers will be as operationally useless and as great a military threat as a passenger liner. The drones will take away the carrier’s fire power before it can do anything but wait a few seconds for the first round of anti-ship missiles to arrive breaching all of the ship’s 12 compartments. The first wave guarantees the carrier will be well on the way to sinking before the second round of missiles arrives a few seconds later from a few miles further away. The final wave of the Iranian attack will come a few seconds later from 130 mile range rocket artillery with 1,337 pound warheads continuing until there is nothing visible left above the surface. I doubt that more than a few of the 5,000 men and women on board will survive. I know that and the Israelis do too.

I think I have proven my point. American aircraft carriers, their accompanying Guided Missile Cruisers and the rest of the Persian Gulf fleet are only there to be used against unarmed civilians. The United States has killed millions of people for no apparent reason in Iraq and Afghanistan. An aircraft carrier’s crew in the Persian Gulf will serve the same function as the passengers on the Lusitania did in 1915. They are both there to die so the public back home will accept a lot more killing and dying.

In Part I of this two part series I revealed the purpose of modern war. It is to create a Great and Unpayable Debt to reduce you to permanent Debt Slavery.

I should point out that this Persian Gulf scenario applies not only to an attack on Iran but also to the Mediterranean fleet and an attack on Syria. The Iranians and Russians have both sent Special Forces to help Syria defend itself from a NATO backed incursion by Al Qaeda mercenaries. We know Russians have given the Syrians N-26 Onyx aircraft carrier killing anti-ship missiles. They have also given them the S-400 anti-aircraft missile system which is so advanced that it can even shoot down stealth jets.

If the Iranians brought along their drones, then it is Game Over for the US Mediterranean fleet as well. Have I convinced you that the real reason America is threatening Iran is not for its non-existent nuclear weapons program. The real plan is to sink the American fleets in the Mediterranean and the Persian Gulf hoping to convince you that World War III is really a good idea.

If you are fully persuaded that World War III is a really bad idea, please consider forwarding this to everyone you know and posting it everywhere you can. It will reach the US military who can vote No to a preemptive war by refusing unlawful and unconstitutional orders that violate the Nuremberg principles of international law which do govern all military conduct. After the passage of the NDAA which legalized indefinite detention without trial, Navy JAG offices (Navy lawyers) were inundated with requests from flag officers who wanted legal answers to two questions. One was for specific legal arguments to refuse orders for a preemptive war. The other was to refuse to arrest and indefinitely detain Americans without trial and due process in violation of the American Bill of Rights and all English Common law since the Magna Carta of 1215.

American elections are farces. But the men and women with the really big guns can just say No to World War III.

I would like someone to follow my suggestion and make a YouTube video from the instructions I gave here: ” A Role Playing Exercise: Let’s Attack Iran”. The idea is to gather either college students from all walks of life or Iraq and Afghanistan war veterans to engage in a role playing exercise. They will play the role of US Navy, USAF, Marine and Army commanders in the Persian Gulf region who will simulate the decision making of commanders in the following scenario. The President of the United States who has taken a billion dollars from the Israeli Lobby, the Too Big To Jail banks and the munitions manufacturers has decided to launch an attack on Iran. I have already described the plan of attack against the fleet. Their job is to die.

The Iranians have thousands of guided missiles with fuel air explosive warheads. A 1,000 fuel air explosive has as much destructive capability as a 4,000 pound conventional bomb. Fires and explosives require oxygen. A fuel air explosive sends fuel out in all directions gathering oxygen so it can ignite and explode. It has a greater blast radius and creates much more deadly blast waves than a conventional bomb that must take its oxygenate with it in the warhead. It would only take a handful of these guided missiles with fuel air explosives to destroy an American military base leaving a few survivors to be captured or killed by the Iranians or their allies. Within minutes every military base in Central Command will cease to exist. It seems the men and women on those USAF, Marine and Army bases will serve the same purpose as the Persian Gulf and Mediterranean fleets. They will sacrifice their lives not to attack Iran because they will be dead before they can do any harm to any Iranian civilians. They are there to die so the folks back home will be absolutely convinced that World War III is a really good idea.

Previously, I wrote an essay entitled “The Bankers Want America To Lose World War III”. The bankers passed NAFTA and ratified the WTO treaty to send 50,000 manufacturing plants overseas. The Lords of Wall Street do not serve in the armed forces. So they had their professors with Foundation grant money figure out that if America’s supply lines were stretched 8,000 miles to China on a dodgy credit card to China, the Americans will lose World War III. To ensure an American defeat they decided to attack two nations with strong ties to Russia and China. There are no accidents when you are dealing with bankers.

If you are a normal person, you might wonder why anyone would want to start World War III only to intentionally lose it. You must realize by now that the bankers are not normal people and that they despise you. They have stolen over 30 trillion dollars from you. They are covering their tracks by having Ben Bernanke hyperinflate the currency which will soon hyperinflate prices. Between now and the collapse of the dollar, the bankers have to either get you killed or put you in a lockdown prison called a National Security State. The bankers are in the process of stealing the last few dollars from our pensions and savings. When prices go sky high, they will have stolen your last few dollars, pounds and euros. You will be of no further use to them and it will be time for you to die. The most likely scenario is a series of plagues that the bankers imagine will kill from 6 to 6.5 billion people.

Why do you think they have purposefully placed Level 4 biohazards in Level 2 facilities? They would like Muslim terrorists from central casting to break into Level 2 facilities by stealing swipe cards from the jackets of researchers to release half a dozen different Level 4 killer plagues that were engineered to kill 90% plus of humans on contact. Why do you think they have been deliberately tampering with our immune systems by exposing us to MSG, aspartame, high fructose corn syrup, Bisphenol-A, fluoride, vaccine contaminants, Genetically Modified Organisms and radiation? Think of that lethal cocktail as prepping a site for a controlled demolition. The bankers are criminally insane but they do plan ahead.

Do not despair. I have previously explained why I think a plague will not work. (See References below.)

The point is that the bankers do not want you to be around to demand their arrest and to insist that they return all the money they stole from you. It is far better that 6 billion innocents die than guilty billionaires from New York and London are put into prisons with common criminals. I would hope you understand that the preceding words represent the views of the bankers and are not shared by me.

If you think World War III is a really bad idea and deliberately losing World War III is beyond insane, please share both this and the preceding article in this series. There is a related article which proves these bankers hate the Yids and want to kill a few million of them. “5 Minutes To Self-Immolation Of The Israeli Empire”. If you read this, you will understand that what I am doing cannot be construed to be anti-Semitic. There are insane people of Jewish descent screaming anti-Semite at anyone who does not want a war. I say that anyone who wants war with Syria, Iran and Hezbollah knowing they can and will retaliate by launching 150,000 missiles at Israel hates Yids. Israel is a small country. 42% of the Jews live in the 528 square mile area of Metropolitan Tel Aviv. Israel will have no choice but to launch half of its nuclear weapons at Muslim nations including Pakistan so the Israeli survivors are not massacred by justifiably angry Muslims. Then Pakistan will launch most of their nuclear weapons at Israel and India. At that point, your guess is as good as mine as to what would happen next.

The bottom line is that opposing the above scenario should be deemed a mark of sanity and clear thinking and not branded with racial epithets that really have been worn out from over use.

In conclusion I will remind you that the American 2012 elections have become a farce but that the military has some really big guns. They can vote against No Win wars, plagues and false flag Black Ops. Please circulate this far and wide and consider making a video that can go viral.

By the way, I have issued a Red Alert for March 8th which just happens to be the Jewish holiday Purim in 2012. It is possible that the CIA-Mossad-MI6 crowd might try to shut down the Internet only to allow a sanitized and controlled version to emerge a week or two later. Shutting down the Internet would be a necessary first step to establishing a true dictatorship.

Purim 2012 Red Alert: Fun For Netanyahu Might Not Be Good For You

Purim 2012 Red Alert: Fun For Netanyahu Might Not Be Good For You

This next article will give you an estimate of the timeline for the plagues, concentration camps and wars that Wall Street and the City of London have planned for you. I think we have 15 months until hyperinflation and devaluation cut your wages in half.

Translating Zero Hedge: Your Wages Will Be Cut In Half

Translating Zero Hedge: Your Wages Will Be Cut In Half

These are the instructions for the role playing exercise that would make a great video. People meed to see men and women who look like them really getting it that these politicians and bankers are pond scum and maniacs.

A Role Playing Exercise: ‘Let’s Attack Iran’

A Role Playing Exercise: ‘Let’s Attack Iran’

If you actually read this next article, you must conclude that the author is not an anti-Semite.

5 Minutes To Self-Immolation Of The Israeli Empire

5 Minutes To Self-Immolation Of The Israeli Empire

 

O discurso dominador reivindica cientificidade: o caso da eficiência e austeridade germânicas.

Acompanho a evolução da crise na Europa, cada vez mais temeroso das consequências políticas que se anunciam. As consequências econômicas e sociais, estas são previsíveis: empobrecimento e recuo geral das condições de vida. Não será fácil lidar com elas, pois os recuos de gentes que chegaram a níveis elevados de vida e gozam de padrões altos de proteção social é traumático.

A crise só encontrará uma solução, que passa pela instituição da federação, na Europa. Ou seja, solução, se houver, é política antes de ser financeira ou financista. Os alemães e franceses não deveriam temer mais a federação – e a consequente diluição do poder político legitimado – do que temem a falência de alguns Estados e o consequente final da moeda única.

Na verdade, a falência de alguns Estados será pior para a Alemanha que para os falidos, na medida em que as exportações tedescas destinam-se maioritariamente a países da Europa. Ora, se esses países quebram e voltam a suas moedas originais, ficam praticamente impedidos de comprarem produtos alemães e franceses, com custos de produção no que restar do euro, ou seja, em moeda forte. Sabe-se que um euro reduzido a moeda de alemães, franceses, holandeses e belgas seria ainda mais valorizado que atualmente.

Daí, percebe-se que a competitividade dos países norte-europeus só faz sentido internamente a um espaço que usa a mesma e valorizada moeda. Se esse espaço diminui e os vizinhos subitamente voltam a suas desvalorizadas moedas, os virtuosos norte-europeus vão reivindicar sua competitividade frente a quem? À China, à Índia, ao Brasil?

Os virtuosos povos do norte da Europa convidaram seus vizinhos de mais ao sul a entrarem na festa; estimularam suas ganas aquisitivas; disseram-lhes que podiam e deviam aceder ao mundo mágico das BMWs e Audis; ofertaram-lhes crédito vasto e barato; levaram-lhes à megalomania da construção civil. Eles endividaram-se, obviamente, e seus governos endividaram-se, na sequência, para salvar os credores…

Os virtuosos falam, hoje, contra os endividados, como se não os tivessem convidado ao endividamento. Falam como se se tratasse da coisa mais evidente, amparada em alguma ciência econômica muito certa, empírica e previsível. Na verdade, fazem um obsceno discurso moral travestido de ciência econômica.

Isso não é propriamente novo, mas é alarmante no que tem de aposta redobrada em discurso envelhecido. E assombra que a coisa venha resultando até bem, que o discurso venha funcionando no seu objetivo mais escondido e mais perigoso, que é promover o sentimento de culpa da vítima, por uma suposta forma de ser, invariável e inevitável.

Falo, está claro, do mito da lassidão dos povos do sul europeu, dos mediterrâneos, latinos, ibéricos, itálicos, helénicos. De uma espécie de lassidão misturada com acomodação e desregramento e irresponsabilidade, a que se oporiam a tenacidade, a sobriedade, a laboriosidade, a honradez dos nortistas. Isso, digamos sem palavras meias, é um mito que só se pode repetir impunemente porque a ignorância histórica anda elevada na Europa, como por toda parte.

A perversidade maior disso é que os povos retratados passam a identificar-se nos seus retratos e assumem uma má-consciência, um sentimento de culpa quase, de culpa de serem algo que lhes disseram que são. Aqui e alí há gente mais lúcida e outros mais revoltados que escapam a essa prisão mental, mas a maioria está a pensar em círculos e segundo o modelo da inferioridade que lhes impuseram. Poucos lembram que a história é deveras longa, que há vários ciclos, que os povos sobem e descem.

Pouquíssimos lembram – até porque pouquíssimos leram – que há dois mil anos, mais ou menos, significativa parte dos escravos em Roma era precisamente composta pelos ascendentes dos atuais laboriosos alemães.  Que o patriciado romano chamava à região do norte da atual Alemanha, Dinamarca, Países Baixos a cloaca do mundo. Enfim, que há pouco tempo, a norte do Danúbio e a leste do Reno era a barbárie…

Os bárbaros enriqueceram, organizaram-se, saquearam o mundo, desorganizaram a Ásia nesse seu saque, destruíram a África, souberam apropriar-se de uma herança jacente helénica e latina. Não hesitam em, ao mesmo tempo, clamar por essa herança grega e romana e afirmar sua própria germanicidade, que seria o sopro revitalizante e energia fresca e original a fecundar a cultura. Isso é uma tolice racista como muitas outras. Uma mistura de racismo e moralismo com tintas de ciência de almanaque, divulgada como instrumento de dominação.

É estratégia inteligente, como são todas aquelas que visam a dominar mediante o convencimento do dominado de que ele está em uma situação natural. O dominado fica dócil ao dominador quando se convence que não há domínio, propriamente, mas a resultante natural de circunstâncias que lhes são próprias e imutáveis.

Ora, se um povo inclina-se à preguiça e à irresponsabilidade ele está previamente condenado! Mas, pensemos calmamente, é de levar-se a sério uma assertiva desse tipo? Claro que é profundamente leviano e mesmo destituído de qualquer sentido dizer que um povo tem as características tais ou quais, que lhes impõem um destino certo, assim em termos morais e maniqueístas, porque isso simplesmente é falso e destituído de qualquer rigor.

Os laboriosos e responsáveis alemães – para voltar aos exemplos históricos – eram profundamente irresponsáveis, violentos e pouco dados ao trabalho organizado há vinte séculos. Sim, porque não se pode dizer que um povo a viver sem leis estáveis, sem estradas e sem cidades, sem tomar banho, sem uma gramática codificada, sem literatura fosse o protótipo do que eles hoje afirmam de si mesmos! Eles, hoje, são a prova de que as afirmações de características imutáveis de um povo não passam de falácia superficial. Eles mudaram em quase tudo e quase nada, excepto pelos banhos, é claro…

Vazamento de óleo da Chevron. Para quem trabalha a grande imprensa brasileira?

Passou-se uma semana do início do vazamento de petróleo no poço da Chevron-Texaco no Campo do Frade, ao largo da Bacia de Campos. A ANP estima que estejam vazando entre 200 e 330 barris por dia. Não é mais um pequeno vazamento: isto representa entre 32 mil e 52 mil litros diários. Essa informação, copiei-a do blogue do Brizola Neto, o Tijolaço.

Nada obstante, silêncio obsequioso da grande imprensa. Não surpreende, na verdade, pois estão todos comprados por interesses outros que não brasileiros. Só fazem escândalo por conveniência política.

Só convocam indignações e marchas e moralismos udenistas, seletivamente. Sua absoluta amoralidade e infidelidade ao factual são coisas evidentes.

Sua fixação é por o governo de joelhos. A grande impresa é a oposição ao governo, no Brasil. E só ela, porque o povo não é, obviamente!

Se vazasse um décimo do que está a vazar do poço da Chevron de um poço da Petrobrás, seria um bombardeio diário. Catilinárias contra a ineficiência da empresa estatal, que deveria ser vendida a preço de banana, no dia seguinte.

Onde estão os ambientalistas histéricos que se reúnem em partidos políticos que, na verdade, propõem a despolitização e assim escondem seu direitismo e entreguismo trânsfuga?

War is a profits making game.

No other humam activity needs more money than war. In this case, interest rates overshoot. And money is within banks. So, banks are the most war oriented institutions.

They just need wars to keep goingo on. And, much more than this, they need them to increese in number and spread all around.

So they need a motivation, a reason apparently justifiable. But anyone is good for their aims, as the masses are kept in deep ignorance and confusion.

It´s great business, as all sides in conflagration nedd money. So…

A indignação, os protestos, o anti-conformismo difuso do mocinho satisfeito, a que visam?

Leio no Público que planeiam-se manifestações de protestos em sessenta e sete países, para o dia 15 de outubro próximo. Que o lema dos tais protestos é unidos por uma mudança global e que serão pacíficos e que se referem ao 15 – M, que se dizia o início de uma revolução. Tudo bem, mas vamos olhar as coisas mais detidamente.

A mesma matéria do Público – escrita de forma confusa, diga-se – refere que a coisa toda começou na Espanha e que repercutiu em outros países, notadamente europeus. Na Alemanha, a organização do movimento de protesto segue o lema a democracia não está à venda. Na Espanha, seu berço, o movimento quer lembrar aos políticos que o 15 – M continua vivo. Tudo será combinado por meio de redes sociais, a dependerem da internet.

Reclamar é preciso e saber contra quê também é preciso.

O bem-estar social que há na Europa e, em menor escala, nos EUA, foi conquistado com muita reclamação e com a cumplicidade das circunstâncias históricas, que recomendavam descompressão e criação de mercados consumidores. E foi também possível porque o restante do mundo pôs-se a trabalhar para torna-lo viável.

É meio dramático dizer que houve mais recebimento que conquista, nos últimos sessenta anos, mas é verdade. Para agradar uma parte do mundo, havia que deixar caírem mais migalhas das mesas fartas. E havia também a necessidade de contrapor-se às possíveis seduções do tsarismo místico que se instalara na Rússia ganhadora da segunda grande guerra.

Não saiu caro para os donos do dinheiro permitirem aos europeus em geral – em momentos diferentes – viverem razoavelmente ou mesmo bem. Dar-lhes condições de conviverem em pouco espaço sem a necessidade de acertarem suas discórdias violentamente e dar-lhes a aparência da condução de seus processos políticos foi opção inteligentíssima.

As massas européias e norte-americanas acreditaram que tinham situações estáveis, que viviam as condições a elas destinadas divinamente e imutáveis, portanto. Ao ganharem mais que conquistarem, acederam à pior das possibilidades, a de gritar e gritar, sem saber mesmo o que era gritado.

É curioso que tenham gritado contra os colonialismos, que permitiram suas vidas relativamente boas. Que tenham gritado contra os políticos, que eleitos por elas vendiam-se e vendem-se a interesses contra elas. Que tenham gritado contra as bombas nucleares, enquanto elas eram semeadas em seu solo. E que tenham gritado e gritado mais e as coisas continuassem a andar da mesma forma.

Mais curioso ainda, é que gritantes não mataram ninguém. Gritantes, não pensaram. Gritantes, cometeram uma e outra pequena deliquência a ser ajustada pelas regras formais. Gritantes, reclamaram de muita injustiça ao redor do mundo, mas essas injustiças eram o desvio de riquezas para seus senhores, riquezas que eles usavam para dar-lhes o alimento do grito.

Aos gritos, receberam seu pequeno suborno Mas, é ótimo que os subornados a preço baixo gritem; é melhor que ficarem calados. Escravos calados, ou estão em transe e não trabalham, ou conspiram contra os senhores.

Então, a Europa jovem vai mobilizar-se em protestos contra a mercantilização da democracia – como se tivesse sido de outra forma – contra a situação global – aqui, mistura de ignorância com hipocrisia – contra os impostos que se destinam a pagar aos bancos? E, que tal se destruíssem os tais bancos?

Que tal se se propusessem a assumir os lugares do tais políticos e deixassem de ser escravos dos bancos? Têm coragem? Ou se trata de mais um pedidozinho de suborno?

Limite.

Em certo sentido, não há Estados nacionais, é preciso dizê-lo. É preciso ainda tornar esta assertiva mais precisa, mais próxima do significado. É de tempo que se trata e de quase nada mais.

É, pois, de um momento que se trata, do momento em que a pressão é tão grande que promove a fusão; do momento imediatamente após àquele em que a abertura da válvula seria ainda eficaz; do momento imediatamente anterior à abertura da válvula, agora já eficaz para deixar aparecer outra coisa.

O Estado nacional permite atingirem-se dois objetivos: primeiro, a dominação de outros estados, a disfarçar-se a dominação interna; segundo, dar aparência de legitimidade a modelos políticos, sejam quais forem, ou seja, fazê-los parecerem-se necessários.

Desde 1814 manda o dinheiro. Não que tenha tido papel secundário em outras épocas, mas não era capaz de reivindicar a primeira posição inconteste e, mais constante. Outras forças compunham com o dinheiro o exercício do poder e com ele revezavam-se nos períodos de proeminência de umas e outras.

Sempre que me ponho a pensar mais detidamente sobre algo, seja a sério ou não, acabo por lembrar-me de Ortega y Gasset. Resisto, às vezes, a ir busca-lo na estante, para ter a certeza das palavras exatas de que me lembrei. Resisto porque já fiz isso demasiadas vezes e porque já não tenho muita paciência para citar e transcrever.

Isso de mandar ou não o dinheiro está na Rebelião. Ortega é a antítese dos enigmas a serem decifrados; ele é claro e direto, pois, diferentemente de um estilo cultivado por muitos, hoje, que se escondem por trás de falsos enigmas e segredinhos de jogos de palavras.Este autor agride muitos leitores porque é honesto ao oferecer ao leitor todas as premissas dos seus raciocínios. Ora, a desonestidade e a superficialidade não perdoam a coragem dos que pensaram…

Ele diz com todas as palavras que nem sempre o dinheiro mandou sozinho e refere o óbvio exemplo dos judeus na idade média, que tinham o dinheiro, mas eram a escória da sociedade. Mais adiante, não lembro mais se no mesmo ensaio, ele diz que mandam as montras, as vitrines. Di-lo por volta de 1926. Explica muito simplesmente que o dinheiro nem sempre mandou porque não havia tantas coisas a serem compradas por meio dele.

Reúnam-se o dinheiro, seus detentores, as montras e o tempo. Antes, porém, vejamos que as montras são o modelo da exposição, ou seja, da venda ostensiva de tudo que passa a existir abundantemente para ser comprado; modelo que implica a massiva propaganda mediática, algo de que a montra em si é precursora.

Quando passa a haver montras cheias de produtos, o dinheiro passa a ser um imenso significante daquilo exposto. E as idéias – logo percebe-se – também podem ser postas nas montras, e também podem ser vendidas, compradas, desejadas, tornadas obsoletas, podem ser idéias de inverno, de verão!

O aumento vertiginoso da produção manufatureira, desde o início do século XIX, encontrou vastos campos de amortecimento dos seus inevitáveis efeitos concentradores. Encontrou-os porque este aumento foi ele mesmo concentrado em alguns Estados nacionais, o que permitiu transferir a compressão para a periferia do mundo e dar alguma capacidade para os trabalhadores do centro buscarem a sedução das montras.

Acontece que o processo é mesmo triunfante e, assim sendo, espalhou-se na periferia. Não poderia ser diferentemente, pois mercados são necessários, sempre mais e mais. Essa expansão leva os traços delineadores do Estado nacional a se tornarem mais tênues, mais enevoados, menos discerníveis. Mais nítida torna-se a diferença entre o 01% e os restantes 99%, mais e mais…

O dinheiro manda e mandam seus detentores, agora eles mesmos menos receosos de se irem expor nas montras. Elas ganharam para eles a aceitação ampla e difusa que é possível nos modelos uniformizadores triunfantes. O turbilhão da vida em função das montras, essa valsa incessante, permite que tudo se diga, se faça e nada se perceba, enfim.

Seria profundamente tolo, nesse ponto, supor que o dinheiro ocupou um espaço que foi de alguma moralidade que lhe fazia de rival. Ora, o dinheiro ocupou a posição que lhe cabia, independentemente de qualquer moralidade, porque passou a haver coisas que ele pode significar em termos de trocas. Lembremos, para nos afastarmos da superficialidade sempre insinuante, que não houve confronto entre dinheiro e moralidade, no Mercador de Veneza, mas entre duas moralidades diferentes.

O dinheiro gosta que alguma moralidade seja apresentada como sua antítese, porque dela se apropria muito facilmente, hoje. Não que as compre, assim pura e simplesmente, mas porque sabe que não são coisas antagônicas e, portanto, que uma não ameaça a outra! São coisas diversas, coexistiram longamente, não se comunicam e não se anulam reciprocamente.

O dinheiro só teme a desconcentração, ou seja, o momento do não-dinheiro. Como isso é praticamente inconcebível, é natural que nada tema, portanto. Realmente, essa coragem tem razões de ser, porque é relativamente fácil manter-se o modelo do poder do dinheiro concentrado, bastando para tanto uma e outra descompressão.

Duas dificuldades apresentam-se, todavia: a primeira é saber os momentos das descompressões e suas extensões; a segunda é acreditar que elas são necessárias!

É interessantíssimo notar que uma sociedade em que as pessoas tenham casas para morarem e algum dinheirinho para um café são imensamente propensas ao conservadorismo e à cegueira. Ou seja, uma sociedade em tais condições oferece sua servidão voluntária, com um e outro espasmo, aqui e acolá, que não oferecem maiores riscos.

Essa sociedade deixou de ver qualquer outra coisa além do que lhes revelam as montras e está apta a saber da imensa concentração como sabe de algum fato consumado e enfim impossível de ser diferentemente.

Todavia, se o limite é passado, as coisas assumem ares de imprevisibilidade. É notável – por quaisquer aspectos que se lhes observem –  que haja manifestações como essas do End the FED e Occupy Wall Street, nos EUA. São notáveis, inclusive, comparadas à insatisfação política dos movimentos espanhóis das praças, que se voltaram contra nada, porque voltar-se contra a política é visar um não-alvo.

Norte-americanos, as pessoas singularmente mais dispostas à passividade interna, reúnem-se contra o dinheiro! Não é contra guerras ou contra a política – que isso não lhes afeta – é contra o dinheiro concentrado excessivamente, que lhes tira as casas e os empregos. Esses foram os mais eloquentes alertas da chegada do ponto de descompressão e é bom que os mandantes do mundo percebam-no.

Sobre concentração e limite, lembro-me agora de uma estorinha engraçada, que não se conta realmente a propósito de problemas sociais e econômicos, mas é bastante reveladora.

Enfim, a estorinha diz que um inglês, muito introspectivo e dedicado às ciências empíricas, percebeu que a necessidade do seu cavalo de comer era algo muito limitador, além de custoso, é claro. E percebeu que muitas coisas são feitas por condicionamento, mais que por necessidade propriamente. Então, resolveu ensinar seu cavalo a não precisar comer. As lições começaram e andavam bem mas, quando o bicho estava quase aprendendo, morreu!

O coitado do inglês ficou sem cavalo, o que certamente custou-lhe mais que um cavalo que comia, até porque, na época, podia mandar a conta da ração para a Índia e para a África. Sucumbiu à ciência toda-poderosa, que lhe apontou a inexistência de limites e a possibilidade de ter cavalo e não ter custos.

Pois os cavalos em que o 01% dos donos do dinheiro andam montados precisam comer alguma coisa, até para poder suportar-lhes o peso. E precisam dormir, os infelizes, de preferência em algum estábulo de que não sejam expulsos no meio da noite.

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