Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Mês: fevereiro 2010 (Page 4 of 7)

Hillary Clinton está preocupada com o Irã. Ela diria exatamente porquê?

No Catar, a senhora Rodham Clinton, Secretária de Estado dos Estados Unidos da América, disse estar preocupada com a democracia iraniana. Dito assim, tão repentinamente e em companhia de monarcas árabes, deve-se convir que soou estranho a quem se ponha a pensar um pouco.

Na fotografia acima, por exemplo, a Secretária de Estado encontra-se na democrática companhia do monarca da Arábia Saudita. Não consta que ela tenha apresentado alguma objeção a esta forma tão democrática  que é a monarquia da Península Árabe,  inaugurada pelo afã britânico de conformar esse espaço aos seus interesses petrolíferos.

Não consta, tampouco, que Hillary Clinton tenha qualquer interesse na instalação do se convencionou chamar democracia nesses emirados arábicos, muito embora seja possível que os habitantes deles queiram votar!

Com quê, então, está preocupada a Secretária de Estado?

O colapso da Grécia e o traficante que financia o drogado.

Vem a público, por meio do Wall Street Journal, que o Banco Goldman Sachs ajudou a Grécia a disfarçar seus débitos públicos. Quer dizer, forneceu à Grécia serviços parecidos aos de branqueamento de capitais, que todos os bancos fazem. Com vários débitos públicos artificialmente alongados, os gregos conseguiram burlar as regras da UE para essa matéria.

Agora, são os mesmos prestadores desses serviços que põem a faca no pescoço do governo grego, para que este a ponha nos pescoços dos cidadãos gregos. O ideal seria que todos tivessem uma faca nos seus pescoços, inclusive os bancos, que fizeram parte da festa!

Fica evidente que a atuação dos grandes financistas é semelhante à de traficantes de drogas ilícitas que financiem os próprios dependentes. Quando algum problema torna-se público, o traficante alinha-se com a repressão e todos punem o consumidor! Grande mecanismo de sociabilização de custos chamado solenemente de responsabilidade fiscal e obediência às leis.

Samba Saravah. Mais antídoto ao Axé.

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Baden Powel e Vinicius de Moraes compuseram o Samba da Benção. Depois, Pierre Barouh, o francês mais brasileiro da França, adapta a letra ao gaulês e chama de Samba Saravah. Fica muito boa esta adaptação, perde-se pouquíssimo na letra e, na sonoridade perde-se nada.

Em 1966, Claude Lelouch faz Un Homme et Une Femme, um filme que, se não é arte de alto nível, pelo menos não faz mal a quem o vir. E lá está o Samba Saravah. São as cenas desse vídeo.

Há uma versão cantada por Elis Regina que é esplêndida, mas não se encontra de jeito algum.

Bordaberry é novamente condenado. E o Brasil insiste em não tratar as coisas com seriedade.

Juan María Bordaberry tornou-se presidente do Uruguai em 1971, a partir de eleição suspeita de fraudes. Em 1973, deu um golpe de estado, dissolveu o parlamento, os partidos políticos e suprimiu as liberdades civis. Instalou-se como ditador até 1976, quando os militares uruguaios acharam de substituí-lo por Alberto Demicheli.

Era ligado ao franquismo e a certo monarquismo carlista castelhano. Postulava um ideário conservador das tradições hispânicas que, na verdade, era conservador de tradições monárquicas, dinásticas e católicas de Castela, ou seja, um saudosismo anacrônico do Império Espanhol, branco, puro, católico e borbónico.

Foi processado e julgado culpado por quatorze homicídios havidos durante sua ditadura e posto em prisão domiciliar por razões de saúde. Agora, foi novamente condenado, mas não por assassinatos. Desta feita, foi considerado culpado por atentar contra a Constituição Uruguaia ao promover o golpe de estado em 1973.

Os exemplos dos países vizinhos ao Brasil não frutificam nele. Somos os tais homens cordiais, de Sérgio Buarque.

Acreditamos no acordo eterno, feito por cima e com a exclusão das maiorias. Acreditamos na possibilidade de comprar o silêncio da história. Acreditamos que violações das leis e das integridades físicas são bobagens desde que não nos atinjam diretamente. Acreditamos que o terror pode ser mantido sob controle e que nunca nos atingirá, pessoalmente, desde que nos alinhemos com os terroristas. Acreditamos que o assassinato é uma tolice, desde que o morto não seja dos nossos.

O mau-caratismo não é apenas instrumental. Pode ser uma tara.

Um dias desses, conversava com uns amigos sobre as curiosas inclinações de um fulano conhecido de todos os convivas da ocasião. O fulano em questão é notoriamente movido por uma ânsia de sobressair-se, de mandar nos outros e de obter reconhecimento por bobagens, sendo capaz de qualquer patifaria para a consecução desses intuitos.

Um de nós mostrava-se fiel ao utilitarismo comportamental e asseverava que o fulano seria capaz de qualquer patifaria e infâmia contra quem se opusesse aos seus desígnios, mas que deixava em paz os que não fossem identificados com algum obstáculo. Estava forte na crença de que o mau caratismo é um instrumento e que na ausência das motivações concretas ele não se mostrava. Essa é uma visão bastante confortável e uma homenagem à racionalidade utilitária.

Todavia, as coisas não me parecem tão lógicas assim e talvez os cultivadores da mansuetude como forma de ficar ao abrigo da patifaria não devessem estar tão seguros. Infelizmente, os comportamentos humanos não são previsíveis e lógicos segundo esse utilitarismo. E aí está toda uma crônica das desventuras dos inocentes a provar que não basta estar quieto em seu canto para afastar qualquer ameaça.

Seria assim se fôssemos como os bichos, esses sim extremamente utilitários. Não ameaçam senão quando ameaçados. As pessoas obedecem a uma razão bastante ampliada, que comporta taras e fetiches. Curioso e aparente paradoxo esse, a razão tem sua diferença específica extamente no que queremos considerar desrazão. O mau-caratismo não é somente instrumental, é uma força intensa que não atua apenas em função de objetivos imediatos e identificáveis.

Mas, resistimos a acreditar nisso, pois ansiamos por ver uma forma de nos encontramos seguros. A fantasia da segurança é fortíssima e demora muito a ceder. Às vezes não cede, mesmo nas situações limites. E quanto a isso – como, de resto, quase sempre – a arte é melhor que a teoria. Escolho, não ao acaso, mas a partir de que tenho às mão no momento, uma pequena frase recolhida na Viagem ao Fim da Noite, de Louis-Ferdinand Céline:

É difícil chegar ao essencial, mesmo no que diz respeito à guerra, a fantasia resiste muito tempo.

Poderia invocar, também, o compositor Chico Buarque: Inútil dormir, que a dor não passa.

Tentativa e erro… Muito erro.

CardosoCardoso é uma pessoa inteligente, pelo menos isso pensam, ou dizem, dele. Tendo estudado e morado em tantos lugares, não me impressionaria que realmente fosse.

Ele foi presidente do Brasil durante 8 anos, tempo no qual se comprou o congresso por pelo menos duas vezes claras, e havia um rolo compressor, que desmontava toda e qualquer possibilidade de diálogo entre os partidos da república. Não que com o diálogo se fizesse alguma coisa em prol de alguma mudança em favor do povo ou de qualquer classe trabalhadora. Pelo contrário, e ainda professores universitários eram chamados vagabundos, entre outras gafes quaisquer.

Volta e meia, Cardoso volta a tona, hora para soltar mais uma bomba boba, hora para tentar convençer alguem de que a bobagem é séria. Dessa vez ele reaparece para fazer as duas coisas, e bom, há quem não concorde comigo e concorde com ele, mas isso é engraçado.

Veja só, talvez por ser inteligente, ele sabe que Lula tem uma imagem no exterior BEM melhor que a dele a qualquer tempo de seu governo. Então lá foi ele com o objetivo de angariar apoio para José Serra na terra prometida da classe média brasileira, os Estados Unidos da América. Ora, sabendo que a imagem de Lula seja melhor lá fora até mesmo que em seu país (já que aqui conta com uma imprensa toda contra, e a classe média que a segue), ele não atacou Lula… Óbvio. Atacou sua candidata a presidência da república, Dilma Rousseff, e veja só, ele disse que Dilma é autoritária, dogmática e que vai se aproximar de Hugo Chavez, presidente eleito da Venezuela (de forma mais democrática que Profirio Lobo foi eleito em Honduras inclusive).

E assim está sendo muito noticiado. Mas veja bem, legal, ele foi lá convencer o americano das bobadas que fala, e disse o que quis e o que não sobre Dilma Rousseff para fazer terrorismo com a campanha presidencial. Por mim beleza, mas vejam o outro lado da notícia, vejam o que ele fala de Lula com as próprias palavras que sairam na coluna de Andres Oppenheimer repórter do “The Miami Herald“:

Lula has greater independence from his party. He has transcended his party. Lula is a skillful negotiator, a [former] union leader. He is not a confrontational man; he is a negotiator.“.

Então vejam só… Lula é tão popular, incluso, tão bom governante, que até Cardoso quer estar a seu lado… Claro que nessa frase há um bocado de excesso, mas se a entrevista fosse no Brasil ele não teria falado assim de Lula, NUNCA, só que lá fora ele, felizmente, não pode mentir.

Fonte: BBC Brasil.

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