É preciso falar pouco sobre esse livro, tão grande o livro. Ele é do tempo entre guerras, do século passado, é inegável. Do entre guerras e da prosperidade material, não vivida então, mas fartamente anunciada pelos triunfos da técnica. Os começos e os finais de épocas são complicados, neles não há certezas, há dissolução. O século XX começou em 1918, depois da imensa guerra européia, e essa obra não se entende sem a guerra.
A Viagem ao fim da noite tem uma nota fortíssima de intranscendência. Sim, porque a desesperança pode ser transcendente, pode ser até indiferente, mas pode ser intranscendente. Aqui, ela não anuncia qualquer possibilidade de purgação – não quer isso. Não é tragédia, pois os deuses não intervêm. A catarse não está em jogo, pode até existir, mas não é a questão.
Sugiro, para que se perceba por outros estímulos o que esse livro pode ser, que se escute a Valsa, de Ravel. Além, é claro, do próprio livro, muito bom.
Eu nao disse?…
Acrescentaria, como “trilha sonora”, de todo dispensável, Erik Satie, o rei da ironia na música.
Norte é, também, leitura indispensável.
Germano,
Sim, disse, foi uma boa sugestão. Lerei Norte e Morte a crédito, depois da releitura de Zorba, se outras releituras não se interpuserem antes.
Abraços