Nunca disse que sou contra o aborto, porque sou a favor do aborto…
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Primeiramente, deve-se dizer que nenhum dos dois candidatos à presidência propõe a legalização ampla do aborto. Ambos propõem o óbvio, ou seja, que seja dada assistência médica no serviço público às mulheres que necessitarem dela, seja em decorrência de complicações no aborto, seja para realizá-lo nas hipóteses legalmente previstas – risco de vida, por exemplo.
Em segundo lugar, é preciso deixar claro que o Ministério da Saúde tem normas para tais atendimentos e que muitas delas foram editadas por José Serra, o candidato que, hoje, de forma canalha, torna essa bobagem em convite à ressureição de Torquemada. Serra foi ministro da saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso e tratou da questão de forma clara e correta. Hoje, serve-se do tema para fazer terrorismo político religioso e assustar as massas.
Muitos religiosos, de várias denominações, prestaram-se ao infamante papel de ser instrumento de campanha para Serra, repercutindo mentiras e instilando um medo infundado. Se eles querem ter uma postura pública contra qualquer hipótese de aborto, inclusive quando há risco para a gestante e quando a gestação decorre de estupro, que o façam, fortes na sua estreiteza mental.
Se querem ser contra o aborto em qualquer hipótese, movam uma campanha contra a lei que o permite em algumas poucas situações. Mas, não movam uma campanha contra uma candidata que não disse o que afirmam ter dito. Isso é pusilanimidade e aceitação do papel de instrumentos de campanha.
Meia dúzia de bispos brasileiros, príncipes da Igreja, prestaram-se a esse papel de propagandistas políticos, papel muito desconforme ao que se supõe serem as atribuições e o nível de conhecimentos de um Bispo. Eles sabem ler, então duas conclusões são possíveis: ou não leram os programas e falam contra de forma leviana, ou leram e movem-se por má-fé deliberada.
Essa é uma falsa polêmica, criada artificialmente para atingir a candidata Dilma Roussef. Além da candidata nunca ter falado em propor a legalização ampla do aborto, essa é uma matéria afeta ao parlamento. E do parlamento ninguém fala!
O melhor comentário sobre essa patifaria toda em torno ao aborto e ao que não se disse sobre ele, fez Severiano. Ele disse que se os homens engravidassem ninguém perderia um segundo a contestar a possibilidade de aborto, que em uma sociedade profundamente machista como essa, nunca se negaria uma vontade masculina. É isso mesmo.
Não acho beleza ou sofisticação nos argumentos tu quoque, que nem argumentos são, a rigor. Entre duas pessoas que tenham algum respeito por si e pelo interlocutor e não dissimulem, raramente uma objeção deste tipo será usada, porque serão improváveis situações limites que a recomendem.
Isso acontece entre particulares que se supõe discutem honestamente e um nível de clareza relativamente alto. Política, todavia, é outra esfera. Não que seja uma esfera onde tudo é permitido, ou onde funcione aquele eufemismo weberiano para o vale-tudo. É outra esfera em relação ao primeiro exemplo porque é pública e porque muitos estão quase sempre dissimulando e mentindo. Então, a objeção tu quoque tem muita serventia.
José Serra buscou fazer terrorismo contra Dilma Roussef dizendo que ela aprovará o aborto no Brasil. A estratégia visa a obter os votos dos religiosos cristãos praticantes.
Ora, o aborto no Brasil é materialmente uma realidade. Ademais, é uma prática virtualmente legalizada, inclusive por atos de José Serra quando era ministro da Saúde!
É infame e profundamente vil que Serra utilize o que ele mesmo normatizou como argumento para fazer terrorismo eleitoral, embora não seja surpreendente, vindo de quem vem.
Essa postura não tem paralelo em algumas acusações que se fazem a Serra. Quando se diz, por exemplo, que Serra pretende vender o que resta de patrimônio público é porque ele e o grupo de que fez parte realmente vendeu o que podia na ocasião. E quem acusa não fez o mesmo, portanto não está sujeito ao tu quoque.
As tentativas de suavizar a patifaria terrorista serrista baseiam-se na superficial idéia de que todos são no fundo iguais, embora não sejam. Idéia aparentada a tolices diversas que pretendem desprestigiar a política, afirmar a inexistência de ideologias e reduzir tudo a um discurso gerencial de manual de graduação.
A candidata Marina Silva fez por José Serra precisamente o que os estrategistas dele pensaram: evitou a vitória de Dilma Roussef no primeiro turno das eleições. Inteligentemente, os meios de comunicação a serviço de José Serra investiram na candidatura eco-farsante, que atingiu quase 20% dos votos válidos e possibilitou que Serra, com votação à volta de 32%, fosse à segunda volta.
Dilma deve vencer, afinal, ainda que os votos de Marina dividam-se ao meio. Não creio, todavia, que a divisão seja nessa proporção. Uma parcela dos eleitores de Marina apoiou-a por vergonha de serem claramente udenistas e votarem em Serra. Agora, essa vergonha está ultrapassada.
Uma parcela maior será mais dificilmente cooptada pelas hostes udenistas, mesmo que Marina declare apoio formal a Serra, o que é provável ocorrer. Ela não ignora o papel que desempenhou e as gratidões que deve ter. Mas, é um pouco complicado para os eleitores dela compreenderem uma postura frontalmente contrária ao lado em que esteve até há bem pouco.
Marina terá que apostar tudo em Serra, porque, do contrário, esvai-se sua densidade eleitoral rapidamente, posto que construída com mais que seu discurso vazio, baseado em uma aparente sofisticação que consiste em quase nada. Na verdade, esse forte desempenho deve-se mais ao forte apoio mediático e isso perde-se tão rápido como se conquista, quando é instrumental.
Não parece que os eleitores de Marina que se podem dizer convictos tenham saudades do modelo fernandino que Serra representa. Daí, esses votos assemelham-se mais aos de Dilma que aos de Serra. Claro que a obtenção de mais vinte dias para bombardeio mediático incessante vão dar esperanças ao neo-udenismo.
Mas, convém observar o quadro total das eleições. Os maiores representantes do modelo neo-udenista foram extirpados nessas eleições, o que é bastante significativo.
O ex-senador mais agressivamente contrário a Lula – um indivíduo que nunca recuou do arrogante e do descortês – está sem mandato, porque o povo do Ceará não o quis reeleger.
Um dos mais agressivos e certamente o mais patético dos ex-senadores contrários ao Presidente – um indivíduo que chegou a dizer que daria uma surra no Lula – não deve eleger-se, porque os amazonenses não o quiseram mais.
O arenista mais longevo do país, um ex-senador e ex-vice-presidente da república – discreto e não merecedor de acusações de agressividade ou descortesia – foi rejeitado pelo povo pernambucano de forma muito eloquente.
Um ex-senador, herdeiro do homem mais truculento dos últimos 40 anos de história política do Brasil, foi rejeitado maciçamente na Bahia.
O líder maior do único partido com ligação histórica direta com a última ditadura militar – partido que tem a vantagem de ser declaradamente direitista – e que se supunha crítico mordaz do governo de Lula, foi rejeitado pelo eleitorado do Rio de Janeiro.
O farsante pseudo-intelectual verde que disputou a eleição para o governo do Rio de Janeiro amargou uma derrota por diferença maior que quarenta por cento dos votos daquele Estado.
Esse quadro permite ver que a segunda volta é uma eleição mais nacional do que o segregacionista José Serra gostaria que fosse. O novo líder das oposições no país será o razoável Senador Aécio Neves, um homem – aqui o lugar comum é inevitável – que tem as virtudes mineiras. Ele sabe que o Brasil não é São Paulo apenas.
Os apoios de José Serra para o segundo turno serão os de sempre. Uma ou duas revistas semanais, três jornais e algumas TVs, o que é muito. Mas, os votos são das pessoas.
Uma mistificação política antiga, porém de razoável eficácia prática, são os candidatos auto-anunciados de terceira via. Em eleições majoritárias, com dois turnos de votação, caso seja necessário o segundo, evidencia-se que não há o terceiro alternativo. Não apenas porque evidentemente só disputam dois, mas porque o terceiro alinhar-se-a a um desses dois. No fundo ele era menos terceiro que dizia.
Claro que não se trata de afirmar a impossibilidade de três candidaturas competitivas, que podem existir. Todavia, quando uma terceira via é sabidamente incapaz de êxito final, ele serve a uma das duas viáveis. Pode servir voluntária ou involuntariamente, mas é pouco razoável acreditar em movimentos eleitorais involuntários, vindos dos jogadores.
Uma característica marcante das candidaturas terceira via é parecerem opção intelectualmente mais sofisticada e, por isso mesmo, menos abrangentes e aptas a seduzirem menos pessoas. Isso dá conforto ao eleitor que acha a real marca por trás da terceira via muito truculenta ou estigmatizada. E um conforto duplo, porque ele sabe que não trai os objetivos reais, no fundo.
Uma comparação possível – e precária como todas as comparações – é com a prática relativamente comum de montadoras de automóveis terem marcas de prestígio, em que carros feitos sobre as mesmas plataformas da marca mais popular têm um destaque, maiores preços e menores vendas. Um automóvel Lexus é e não é um Toyota, ao mesmo tempo.
As eleições presidenciais brasileiras, do próximo dia 03 de outubro, têm uma candidadura muito festejada de terceira via. Trata-se de Marina Silva, ex-ministra do meio ambiente do governo do Presidente Lula. Quando ainda ministra, ela era constantemente acossada e até ridicularizada pelos media dominantes, jornais e TVs e revistas semanais pseudo-informativas.
Após deixar o ministério e anunciar sua candidatura verde, passou a merecer uma abordagem mediática suave, quase ingênua. Criou-se a figura da candidata idealista, lutadora quixotesca pelo valor ecológico supremo. Passou a ser cortejada pelos mesmos media que a atacavam, convidada a entrevistas em que as opiniões propriamente políticas eram favoráveis à candidatura udenisto-ornitóloga e as opiniões programáticas eram quase o vazio.
O meio ambiente é parte de qualquer programa político governativo, seja em um sentido, seja em outro. Além de ser algo sumamente importante, os tempos não permitem deixar o assunto de lado. Contudo, não se sustenta uma postulação cuja única matéria tratada é o meio ambiente, como não se sustentaria uma que girasse exclusivamente em torno às comunicações, ou à educação, ou à justiça.
Uma parte não se confunde com o todo que integra e as pessoas percebem isso e os próprios candidatos também. A candidata sabe, que não é tola, que é preciso mais que um discurso ecológico para vencer eleições presidenciais. E sabe que não pode acusar o eleitorado de ser tolo por não se preocupar com a ecologia.
O eleitorado preocupa-se cada vez mais com a ecologia, embora de forma difusa e superficial, a partir das informações distorcidas que recebe dos meios de comunicação, que alternam desde a ecologia de plantação de alfaces até a de endeusamento de plantas geneticamente modificadas.
Resulta que a oferta de informações superficiais, cambiantes e, às vezes, claramente compradas por algum interesse leva o público a perceber que há uma questão, mas também a percebê-la como um detalhe imerso em muitas outras coisas mais imediatas. O discurso restringe-se e torna-se sedutor ao cidadão que, embora ignorando quantos litros de água descem numa descarga sanitária, acha sofisticado e up to date votar verde e só verde. Mas, o verde está no azul, no vermelho, no amarelo, basta um prisma para constatá-lo.
Hoje, a candidata Dilma Roussef tem 10% de vantagem sobre os outros somados, em três dos quatro grandes institutos de sondagens eleitorais. Em um deles, que parece ajustar seus resultados obedecendo a uma lógica astrológica, ela tem 04% de vantagem. Em qualquer deles, portanto, com ou sem astrologia, ela venceria as eleições na primeira volta.
Por isso a aposta neo-udenista – a variante que acresce os pássaros aos mamíferos – no crescimento da terceira via, porque seria a única forma de levar a decisão para a segunda volta, sem a terceira via na disputa, é claro. Assim, e em política não há o assado, está claro a quem interessa falar de crescimento da candidatura verde e tentar aumentar esse crescimento.
Curioso seria se desse certo e a embalagem verde acarretasse a segunda volta e passasse a ela. Não sei realmente como se comportaria a congregação neo-udenista. Imagino que se esforçariam para superar a estupefação e tomar o controle da surpresa eleitotoral, como donos dela que são.
Imagino, contudo, que seria pior que se conseguissem ir à segunda volta com seu próprio Toyota. Porque a decisão entre Dilma Roussef e Marina Silva permitiria apostar em resultado francamente favorável à primeira. Uma decisão entre Dilma e José Serra seria mais imprevisível e por margem mais apertada, porque a nitidez é mais vantajosa no jogo sem empate.
O segundo turno é muito remoto, mas convém lembrar que tipo de estratégia utilizou-se para tentar fazer com que ocorresse. E lembrar que a estória de terceira via não passa de estratégia eleitoral de um dos lados, considerando quem serviu a quem.
Campanha política significa para os sentidos visão e audição dois meses de agressões constantes e intensas. Já não contamos com padrões suficientes de limpeza urbana e isso piora muito durante as campanhas, por conta da quantidade de papéis jogados indiscriminadamente nas calçadas e ruas.
As agressões sonoras tornam-se em regra, com padrões rígidos de ocorrência. Desfilam pela cidade pequenos camiões munidos de aparelhos potentes de som, repetindo em alto volume propaganda dos candidatos. Não importam hora e local, pode ser em frente a escolas ou hospitais.
Essas práticas são ilegais e existem formalmente órgãos responsáveis por coibí-las. Não funcionam, simplesmente. A disfunção é aceita por todos, embora esses órgãos sejam pagos com dinheiro recolhido de todos. Seria melhor – ou mais barato – não os ter. Mas, precisamos viver a dualidade do real e do formal e gastar com isso.
Nestas plagas não somente toleramos o barulho, como parece que gostamos dele. Ele confunde-se com liberdade, ele identifica-se com alegria, com espontaneidade. Falar aos gritos assume-se como uma maneira normal de fazer-se compreender, pois não importa o conteúdo, importa o volume com que algum pouco conteúdo se afirma.
Entendemos que a desenvoltura grita e a timidez fala baixo. A alegria recebe sons em altíssimos decibéis e a tristeza quer algum silêncio. A arrogância cala-se e a simpatia destrói tímpanos. As religiosidades vendem-se aos gritos e os demônios só aceitam retirar-se se forem instados também aos gritos. Esse é o estado mental que temos na maioria das pessoas.
Se há alguma regra sobre barulhos, no fundo a desprezamos e reputamos uma excentricidade que alguém resolveu por em forma de lei, apenas para dizermos que temos esse tipo de regra a algum estrangeiro que considere isso importante. É, como diz o lugar-comum mais genial que existe sobre a psicologia social brasileira, coisa para inglês ver.
Aceitamos porque é o que está aí e sempre esteve, ou seja, o normal, a única coisa possível. Alguém pode até não gostar de barulho em alto volume, mas ficará envergonhado de afirma-lo, sentir-se-á ele próprio um ser exótico, que acha ruim algo tão normal, que não incomoda à maioria. Ora, pensará o incomodado, eu sou o deslocado dessa estória, incomodando-me com o que não preocupa ninguém.
Essa forma de incutir nas pessoas a vergonha e a estranheza de si por pensarem diferentemente de algo majoritário funciona como os sentimentos de culpa da vítima. Algo como aquela percepção canalha de que alguma jovem foi violada porque ela própria criou todas as condições para ser vítima do crime. Pensando assim não há crime, há vítimas criminosas.
Acontece – e sempre volto ao mesmo ponto – que pensando assim também não precisamos de leis nem de aparatos que se refiram à aplicação e cumprimento delas. Mas, somos tão infames e ignorantes que mantemos os aparatos, para participarmos da apropriação do público, embora eles sirvam a quase nada.
E conseguimos fazer o público pagar sem saber porquê, por algo que desconhece e com quê não se preocupa, no fundo. Uma parcela minoritária desse país vende às maiorias uma utilidade em que, nem o vendedor, nem o comprador acredita. Os últimos não sabem nem o que compram, na verdade.
Um texto de Gustavo França.
O ano de 2010 marcou os Estados Unidos da América com a maior catástrofe ambiental da história do País: o vazamento de petróleo, por mais de cem dias, no Golfo do México. A petrolífera BP, responsável pela exploração da plataforma, parece ter conseguido, finalmente, estancar o vazamento e, minimamente, amenizar a vergonha dos americanos perante os olhos do mundo inteiro.
Se fosse no Brasil, as críticas, certamente, viriam numa intensidade maior do que as lançadas contra os americanos, e com argumentos ainda mais carregados. Diriam que somos subdesenvolvidos, irresponsáveis, e todos aqueles adjetivos os quais sempre vem a tona quando vacilamos diante da comunidade internacional.
É bem verdade que muitas das opiniões sobre nossa pátria são preconceituosas e carregadas de argumentos sem o mínimo de fundamento. Mas uma, venha de onde vier, é, infelizmente, a mais pura realidade: a escancarada corrupção do povo brasileiro.
Em tempos de eleições gerais surgem incontáveis campanhas pregando o voto consciente, a escolha de candidatos “ficha-limpa”, e um sem número de conselhos dos mais variados tipos.
O voto constitui, inegavelmente, talvez a mais importante ferramenta posta a disposição por um regime democrático. É através do voto que distorções podem ser colocadas no prumo, quando se escolhem os cidadãos mais preparados e capacitados para gerir a máquina estatal. No entanto, o voto só tem o real poder de modificar quando é emitido por cidadãos plenamente conscientes desse poder, característica que, infelizmente, não está presente na quase totalidade do povo brasileiro.
A realidade social não mudará através da propagação do voto consciente. Chega a beirar a utopia acreditarmos na mudança da nossa realidade social tão-somente votando nos supostos políticos “ficha-limpa”, se é que esses seres existem. E isso porque a corrupção – repita-se, nosso maior problema – não cessará quando pressionarmos a tecla verde da urna eletrônica, como num passe de mágica.
A corrupção no Brasil é caso de saúde pública. Está na mente de grande parte dos cidadãos como uma mancha negra de petróleo que insiste em permanecer escurecendo nossa dignidade. É em virtude da corrupção que muitos definham em leitos hospitalares – isso quando os tem a disposição – enquanto uma meia dúzia de “espertões” comem camarão à beira-mar. É por meio dela que muitos matam, subornam autoridades públicas e permanecem impunes. É ela a causa de milhões gastos na manutenção de ferramentas para combatê-la, quando esse dinheiro poderia ser utilizado para alavancar o progresso brasileiro. E não falo do progresso econômico, mas do progresso moral e espiritual, como a construção de uma rede de ensino pública de qualidade, a especialização e valorização dos profissionais da educação e tantas outras ferramentas indispensáveis para alimentar a alma de um ser humano.
O povo brasileiro bem que poderia ser equiparado à fauna do Golfo do México, que demorará dezenas de anos para se livrar da lama preta e grudenta do petróleo. No entanto, diferentemente de nós, que vivemos mergulhados na corrupção por pura opção, a fauna do Golfo do México não pediu para se sujar de óleo nem vivenciar milhares de mortes determinadas pela irresponsabilidade humana. A sociedade brasileira, ainda que inconscientemente, está mergulhada na lama preta da corrupção por livre arbítrio, por opção própria.
É por isso que “votar consciente”, a esta altura, não exterminará, a curto prazo, o câncer chamado corrupção. Contra essa mazela só há um antídoto: uma revolução cultural profunda, vinda da sociedade para a classe política, e não no sentido inverso, como insistimos em acreditar.
Colocar nas mãos dos governantes a culpa exclusiva pela corrupção é tirar de nós mesmos a chance de estancar esse vazamento interminável que mancha de negro a nossa existência. E a revolução cultural começa por simples gestos que, somados, resultarão num futuro mais digno para cada brasileiro.
Comecemos, nós mesmos, a agirmos de maneira proba como meio de exorcizar a corrupção da nossa sociedade. E o voto, repita-se, não é o instrumento único para se alcançar a vitória sobre esse mal. O voto é a ponta superior da pirâmide, a complementação desta, a ferramenta a ser usada quando a base já estiver devidamente consolidada.
O quadro é legal. E está tudo beleza, fora é claro, que foi feito por Israel em momento extremamente oportuno… Apesar de ser um quadro de humor, e não se dever dar-lhe mais importância que essa, foi feito quando Lula conseguiu o acordo com o Irã. Se fosse de qualquer outro lugar seria até mais engraçado, afinal só quem não gostou do acordo foram os EUA, Israel e a imprensa nacional. (Tudo bem, tudo bem, há outros paises que os Estados Unidos forçaram a estar em desagrado com o acordo, mas esses foram forçados… A força vale!? Afinal quem faz sexo a força é estuprador, e quem faz relações internacionais a força é o que?)
http://www.youtube.com/watch?v=4oaixch0aDY&feature=related
Segue abaixo outro vídeo de Israel, esse não tão engraçado assim… Será que algum programa de humor tem coragem de ironizar isso?
http://www.youtube.com/watch?v=dbCO-L1hPvo&feature=player_embedded
Fernando Henrique por esses dias deu uma boa entrevista ao programa Canal Livre da rede Bandeirantes de televisão, parte dela que está ai acima. Logo no começo desse trecho da entrevista, FHC claramente se intitula “intelectual”, ora, nada contra nem a favor, apenas observo que, para tanto, de acordo com nosso desenvolvimento filosófico-cultural autointitular-se intelectual significa ter estudado teorias européias sobre o seu tema, quer seja a sociologia.
É lógico que europa e america latina são dois lugares diversos em vários aspectos, e que algumas dessas teorias estudadas pelos “intelectuais” (não apenas Fernando Henrique), logicamente também deveriam diferir, ou não?!
Bom, não quero defender o PT, nem tampouco o PSDB, FHC diz coisas muito interessantes nessa entrevista, como por exemplo, a “esquerda” não se propõe mais hoje a tomada dos meios privativos para estatizar, e assim dar-se início a um regime socialista. O que se propõe é justiça social, redistribuição de renda, democracia, enfim… E isso é, ou deveria ser proposto proposto pela social democracia, mas o que acontece estranhamente, é que aqui não é… Ou é?!
Esses tais “intelectuais” vão a europa, desde qualquer ponto da América latina, estudar, aprendem teorias que dão certo da forma deles, europeus, e querem descer a aplicação dessas teorias goela abaixo aqui como se fossem a coisa mais normal do mundo, não é, e deveria ser óbvio. As teorias aqui deveriam ser refeitas, mesmo que usando moldes europeus ou de onde quer que sejam, mas de forma a se adaptarem. Por exemplo: não dá pra os estados unidos dizerem que tem que privatizar, efetivamente privatizarem, e nós corrermos atrás pra fazer igual, por um motivo simples, não somos os estados unidos.
Pois o modelo não diferiu tanto nesses oito anos, temos um governo social democrata com base sindical, “como na europa”, e com base sindical nos europeisamos. Talvez se o PT mudasse para Partido da Social Democracia dos Trabalhadores ficasse algo mais correto, e o PSDB, bem, o PSDB deveria correr atrás de alguma base sindical pra ter esse nome, ou então mudar pra Partido dos Intelectuais.
Recebi esse texto de um amigo colombiano, dei uma olhada na história de Antanas Mockus. Conversando com Izabella (namorada), descobri que ele contratou mímicos para ridicularizar pessoas que violavam as leis de trânsito, e descobriu que dava mais resultado do que multas, já que as pessoas ficavam envergonhadas com as besteiras que faziam reproduzidas pelos mímicos, também apareceu na TV tomando banho com a esposa para ensinar as pessoas a economizar água. Como, domingo (30/05/2010), foram as eleições na Colômbia, e vai acabar tendo segundo turno, achei interessante passar o texto para frente por aqui, afinal tá na hora de esquecer um pouco os hermanos de baixo (Argentina) e olhar um pouco pros hermanos de cima, tá na hora de acabar o esquema de futebol de cabeças e falsos positivos por lá… Os colombianos agradecem.
(Infelizmente o texto todo está em castelhano, mas fora algumas palavras próprias de escândalos e regionalismos acredito que dê pra ler sem maiores problemas)
Severiano Miranda
Por: Miguel Ángel Bernal (Movimiento Visionarios por Colombia)
Cuando nací, en julio de 1974, el presidente electo era el liberal Alfonso López Michelsen. Poco supe de él. Sólo que se inventó una ventanilla siniestra para que los narcos lavaran la platica en el Banco de la República y que su primo hermano, Jaime Michelsen Uribe, desfalcó al grupo Grancolombiano en miles de millones de pesos dejando en la calle a muchos ahorradores.
Luego, cuando tuve alguito de uso de razón, en 1978, fue electo el también liberal Julio César Turbay Ayala. De él supe un poco más, pero no más alentador. Tenía una política que se conocía como el Estatuto de Seguridad que en el papel era para preservar la democracia y en la práctica era para matar a comunistas armados y desarmados. Además, el M-19 se le tomó una embajada llena de embajadores y se le fueron para Cuba muertos de la risa. Para la posteridad sólo lo recordaría como la inspiración de los mejores chistes idiotas de idiotas que hubiese podido escuchar. Ahora para contárselos a mi hijo le tengo que hacer una clase de historia de este pintoresco personaje.