Há um deus por toda parte, em todas as ações, desde as mais simples; há em tanto e em tudo que nem parece único como dizem dele por aí. Está nos cumprimentos e nas fórmulas habituais do discurso: graças a deus.
Está nos carros, em frases na maioria sem sentido e algumas realmente hilárias: foi deus que me deu; propriedade de deus; deus é fiel; se deus me deu quem tirará – esta, ateísmo puro.
Você conversa com um sujeito e prepara-se para escutar um rosário de dádivas divinas. Tudo será se deus quiser. De forma tal que deve levar a um conflito de deuses imenso.
Deus dará prendas a todos e respostas a tudo! Curioso, lembrava-me de Édipo.
Preocupado com a peste que se abatia em Tebas, Édipo fica sabendo que devia-se a uma conspurcação.
Manda perguntar a Apolo de Delfos o que causou a conspurcação: ele diz que foi um assassinato. Pergunta mais uma vez, de quem: ele diz, de Laio.
A pergunta leva a outra: quem assassinou? O deus não responde mais…
Édipo resigna-se e diz que não se pode forçar a verdade dos deuses.
A lição de Édipo perdeu-se.