Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

O pastor onanista.

A figura de um pastor evangélico norte-americano, fundamentalista, binário, metido nas vidas dos outros, capaz de tudo pelo acervo de preconceitos que chama de fé é previsível e entediante. Mas, às vezes, essas figuras vivem episódios cômicos.

Grant Storm é pastor evangélico fundamentalista, daqueles que saem a incomodar os outros aos berros e a perseguir homossexuais, em Nova Orleans. Grande fiscal de uma lei inexistente, vive – ou vivia – a gritar tolices contra os gays, com um megafone, na sua cruzada contra o que supõe serem desvios pecaminosos.

Eis que Storm – o perseguidor de gays – é pego pela polícia a masturbar-se em um parque público, vizinho a um parque de crianças. Lamento pela cena que a polícia teve que presenciar, mas acho delicioso o episódio, que me faz lembrar a genial frase de Machado de Assis, segundo a qual é bom rir da vergonha dos justos.

O sujeito que se sente à vontade para empreender uma cruzada contra grupos que não compartilham sua declarada opção sexual é daqueles que se incluem entre os justos, ou seja, um fariseu. Quando ele mesmo tem condutas entre aquelas contra que prega, o espetáculo está completo em um grande final, com as máscaras depostas.

Esses cruzados da luta fácil são uns infames. Falam, virulentamente, contra coisas que se inserem no próprio ambiente que os permite falar à vontade. É semelhante ao sujeito que fala mal da democracia porque ela mesma o permite a conduta. Deviam optar por grandes cruzadas, quem sabe ir cristianizar – ou evangelizar, como prefere o vulgo – os indonésios e assumir os grandiosos riscos do martírio.

Mas, não! A grande missão dos Storms da vida é ser fiscal de sexualidade, invocando livros traduzidos por analfabetos e, às vezes, escritos por semi-alfabetizados. No fundo, é um irresponsável e mentiroso vil, que não acredita em um átomo de sua declarada missão. Pois, se acreditasse na justeza da fiscalização de sexualidade e no seu êxito, combateria contra si próprio!

O trágico desses episódios espetaculares é que têm um desfecho melodramático, que não indica qualquer transformação pessoal. O sujeito vai expor-se a uma confissão pública, vai dizer que foi tentado por algum demónio, que sucumbiu porque tem fraquezas humanas, que vai penitenciar-se e que sempre esteve certo no que dizia. E vai continuar com suas taras onanistas em público!

2 Comments

  1. Reginaldo

    Realmente é cômico!

  2. Carlos

    Nada. Um homem que grita alto, dizendo querer expulsar os “demônios” alheios. Na verdade quer expulsar e afastar os seus próprios. Ele nem percebe, mas prega mais para si mesmo do que para outrem…

    É melhor ele assim. Minimiza seu próprio poder ofensivo. A sua falta é prova que tão pecador como qualquer outro. Logo precisa falar alto para si mesmo.

    Sou solidário ao dito cujo.
    Quando vemos um “crente” chato, podemos pensar: se esse homem não tivesse essa conduta, poderia estar transgredindo ou perturbando à ordem. Deixemos e toleremos nossos semelhantes que precisam dessa conduta para se manter em paz de espírito ou quase.

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