A inteligência da atuação fora do quadrado é a única coisa que desconcerta o político profissional do grande esquema, seja ele de esquerda, direita, centro ou de onde for.

Leva-o a reagir quase instintivamente, como quem percebe atavicamente a ameaça. Quase uma reação natural ao fogo, reação sem disfarces, inicialmente irrefletida, súbita. Eles percebem os perigos reais, que são precisamente os que merecem as reações mais enérgicas e menos racionais.

O terror, a paranóia do terror, da segurança, é a coisa mais preciosa que existe para uma imensa maioria de governos no mundo. Ela precisa existir, pois justifica a contínua exceção.

Pois o alcáide de San Sebastian, Juan Karlos Izagirre, do partido Bildu, resolveu que as medidas de segurança na cidade, tais como detectores de metais, escaneres, a possibilidade de políticos terem escoltas e guarda-costas, serão levantadas!

Já o foram em outras localidades vascas, como Mondragon, Lasarte-Oria e Andoain.

Ele diz que não se justificam, pelo menos no nível atual. Que políticos não devem entrar em escritórios públicos com escoltas nem guarda-costas. Óbvio!

O governo espanhol, por meio de Rubalcaba, reagiu imediatamente, ameaçou represálias, falou em leis, falou em fazer leis específicas.

Desnudou-se o imperialismo do estado de exceção, veio a público sem os véus do discurso cortês e aparentemente racional. Abriu a boca, mostrou os dentes caninos, rosnou, falou em leis…

Está claro que Castela nunca temeu a ETA, que lhe serve muito bem. Teme a inteligência.