Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

O Brasil não é um país sério. Vale tudo para tornar educação simples mercadoria.

Senado da República prestes a aprovar a absurda – mas, muito absurda mesmo – dispensa dos graus de mestre e doutor para professores universitários de instituições públicas e privadas.

Cria a figura hedionda do contrato de trabalho docente temporário. Sucumbe às pressões dos milionários donos de universidades privadas, ávidos por baratearem seus custos e maximizarem seus lucros, ainda que em detrimento do nível dos docentes.

Tal absurdo interessa só aos empresários do ensino superior, que é um tremendo negócio, diga-se. Aumenta exponencialmente a oferta de trabalhadores precários, recém saídos da graduação, e vai em sentido contrário à elevação de nível e de profissionalismo que se vinha buscando de algum tempo para cá.

Na verdade, a docência devia ser toda submetida ao regime da dedicação exclusiva e ser bem remunerada por isso. As alterações legislativas prestes a serem aprovadas no Senado vão rigorosamente no sentido inverso. Ou seja, no de tornar a docência um trabalho precário e o professor escravo de várias faculdades particulares, mal-pago em todas.

Os interesses dos donos de faculdades privadas não se confundem com os interesses do país. Por isso mesmo, é aviltante que o Senado da República deixe-se capturar por interesses parciais em detrimento do interesse público. Depois, os políticos ainda ensaiam achar ruim serem considerados a classe menos respeitável que há.

Seria uma grande oportunidade para a Presidente Dilma exercer seu poder de veto de lei!

 

8 Comments

  1. Severiano Miranda

    Concordo com o dito, e acredito na intenção nefasta.

    No entanto, não posso é concordar que a pós-graduação seja por si só, motivo de qualificação profissional dos professores. Tive muitos, mesmo porque gostei muito da vida de universitário, e os melhores, simplesmente, não tinham a tal pós mágica. Eram professores antigos, hoje talvez já aposentados, pelo menos a maioria.
    Na contra mão, os mais novos, com as tais “pós” tive alguns, essas “especializações”, “mestrados” e “doutorados”, não raras vezes só serviam para o pesquisador submeter alunos.

    Deveriam sim pagar bem etc e tal. Mas a pesquisa aos pesquisadores. Deveriam submeter aqueles que gostariam de ensinar a outro tipo de qualificação (ou pós-graduação em educação, como se queira chamar), praticas de ensino, e etc. Pra que, ai sim, houvesse bons professores universitários em todas as áreas.

  2. Andrei Barros Correia

    Concordo contigo que o requisito formal do mestrado e do doutorado, por si sós, não significam necessariamente qualidade.

    Mas, repara que o problema é mais sério e a coisa feita de forma mais sutil. Cria-se institucionalmente a figura do docente temporário, sem qualquer outro requisito que a graduação.

    Ou seja, substituem-se alguns requisitos falhos, insuficientes digamos, por requisito nenhum. Nivela-se por baixo, enfim.

    Vai ser a festa das faculdades particulares, maior que já é hoje. Um verdadeiro exército de graduados está a disposição para contratos temporários, para completar o orçamento, sem qualquer aptidão específica para a docência.

    Com um regime desses, pesquisa não se faz absolutamente. Como é que um temporário conduz pesquisa, pulando de contrato em contrato?

    E, para piorar, o projeto permite às instituições públicas servir-se também indefinidamente do expediente dos temporários, o que é um absurdo.

    O projeto mantém, para a carreira docente em instituições públicas, ou seja, para os ocupantes de cargos efetivos de professores, a exigência de concurso público de provas e de títulos de mestre ou doutor, conforme a necessidade do cargo.

    Mas, permite que as universidades federais usem a brincadeira do docente temporário, ou seja, que não admitam professores de carreira, se quiserem, e fiquem com os graduados baratinhos.

    Quer dizer, não vai no sentido nem mesmo de manter a excelência das instituições públicas. Nisso, é terrivelmente aviltador, porque realmente nivela por baixo.

  3. Davi

    Não sei se você concorda comigo,mas, tenho a impressão que os nossos governantes e legisladores têm se esforçado para piorar a educação do povo, o que para mim é uma atitude estúpida e contraproducente, uma vez que a ignorância do povo volta-se contra os que se locupletam de início.

  4. andrei barros correia

    Davi,

    Concordo integralmente com teu comentário. Há um programa de deseducação do povo. E, será estrategicamente estúpido, sim, porque um dia as coisas percebem-se e a reação será a de quem não tem educação.

    É isso mesmo que disseste, a deseducação vai voltar-se contra quem a promoveu. Mas, não vêm…

  5. Saulo Fernandes

    O simples fato de desestimular um dos mais importante, para mim, meio de crescimento intelectual, a produção textual, já é estranho. Não digo estúpido pelo fato de saber que isso tem, como você bem colocou, segundas e terceiras intenções nenhum pouco providas de espírito público. Também desacredito, pelo passado histórico bem recente do PT, que nossa Presidente usará o bendito poder constitucional a ela outorgado. As vezes ouço falar em revolução social em curso no Brasil, balela. Vivemos um momento de uniformização cultural, enfraquecimento da produção musical e outros males, sociais sim, que apenas podem ser combatidos por pessoas mais bem informadas.
    Prefiro ficar com a opinião do Caeteno: enquato os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vermelhos…

  6. andrei barros correia

    Estou muitíssimo de acordo contigo, Saulo. E, principalmente quando dizes que não se trata propriamente de estupidez, porque sabemos que há muitíssimos interesses por trás e o mais forte deles é que fique tudo como está ou piore.

    Realmente, revolução social é uma expressão muito drástica. Mas, que houve melhora significativa em uma coisa, houve: melhorou um bocado o poder de compra das classes mais baixas.

    Isso, todavia, é pouco para a merda em que estamos metidos. O PT é um partido e somente isso, quer poder. A presidente, acho-a muito acima e melhor que o tal partido. Mas, novamente concordando contigo, acho que ela irá menos além do que devia.

    Isso aqui ainda é o inferno, apenas a temperatura diminuiu um pouquinho. Um inferno de deseducação, de tudo caro e ruim, de concentração de rendas obscenas…

    Porra, agora citar Caetano é danado kkkkkkkkk

  7. Raymundo

    A uestão da precariedade do ensino no Brasil, não está somente relacionada ao baixo nível de formação dos professore e, nem calcado nos salários que recebem. Mas sim, na falta de dedicação destes com o fundamento de formar cidadãos advindos da classe menos favorecidas. Na educação, tratam os alunos, como os médicos tratam seus pacientes na saúde pública. Por a grande maiori dos alunos do ensino público pertecerem às classes C,D e E, os professores entram nas salas, só para cumprirem seus horários e, não estão comprometidos com o futuro de seus alunos.
    Pois se reclamam dos salários, não deveriam ter feito concursos. Pois todo o edital é bem claro nesta questão. Se estão insatisfeitos, podem pedir exoneração do cargo. Mas o que não podem fazer, é cobrar a conta dos seus alunos, principais prejudicados, com as greves que às vezes se arrastam por vários e vários dias, algumas chegando a meses de paralização, deixando os alunos sem aulas que são dadas por professores desmotivados em estares nas salas de aulas. Se estão, se encontram com os pensamentos fora da mesma. São verdadeiros mercenários e não professores.

  8. Raymundo

    A questão da precariedade do ensino no Brasil, não está somente relacionada ao baixo nível de formação dos professore e, nem calcado nos salários que recebem. Mas sim, na falta de dedicação destes com o fundamento de formar cidadãos advindos da classe menos favorecidas. Na educação, tratam os alunos, como os médicos tratam seus pacientes na saúde pública: Com verdadeiro desleixo. Por ser a grande maioria dos alunos do ensino público filhos de famílias das classes C, D e, E os professores entram nas salas, só para cumprirem seus horários e, não estão comprometidos com o futuro de seus alunos.
    Pois se reclamam dos salários, não deveriam ter feito concursos. Pois todo o edital é bem claro nesta questão. Se estiverem insatisfeitos, podem pedir exoneração do cargo. Mas o que não podem fazer é cobrar a conta dos seus alunos, principais prejudicados, com as greves que às vezes se arrastam por vários e vários dias, algumas chegando a meses de paralisação, deixando os alunos sem aulas que são dadas por professor desmotivado em estares nas salas de aulas. Quando estão nas salas de aulas, se encontram com os pensamentos fora da mesma. São verdadeiros mercenários e não professores

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