Explodiu uma bomba em prédio do governo norueguês e morreram sete ou dez pessoas. Depois, parece que quarenta minutos depois, na ilha Utoya, um fulano matou, a tiros, mais de oitenta pessoas.

Os episódios ensejaram notícias comovidas e as costumeiras análises, imediatas e superficiais. Quase em uníssono, a imprensa, sem ter analisado coisa alguma, sem ter tido acesso a maiores detalhes, estampou os nomes terrorismo islâmico. Sim, porque só podia ser isso, tinha que ser isso.

Gente que se dá ares superiores e quer ser chamada de jornalista escreveu artigo, aqui e acolá, analisando a escalada da ameaça terrorista, islâmica, é claro.

Um mísero dia depois, tudo aponta para um radical direitista cristão, como autor! É perfeitamente plausível que o autor seja mesmo o radical Anders Behring Breivik que, como é comum nos casos, deu todas as pistas do que poderia fazer.

Apenas esses sinais costumam serem reunidos depois dos acontecimentos, o que é até melhor, porque do contrário a paranóia vivida seria maior. Tudo é previsível e quase nada é evitável, convém aceita-lo.

O mais interessante é a imprensa a ser o que é, às claras: superficial, ignorante dos fatos, desprezadora dos fatos na verdade, ávida por condenar sumariamente, presa de suas tolices assumidas como verdades, veículo de mão-única e de pouco pensar.

Outra coisa é interessante: será que a cristandade reivindicará para si o grande feito!