Os donos do poder põem seus cães amestrados para brigarem, esquizofrenicamente, claro, como deve ser no Brasil.
Joaquim Barbosa era deus até há pouco, elevado a essa dignidade pela imprensa, que saboreava o molho grosso do linchamento dos opositores a ela.
Eis que Barbosa começa a escorregar na faixa qualitativa de deidade, para o lado oposto. Breve será considerado das hostes do príncipe do mundo…
A nova e deliciosa briga, que o poder observa sentado a bebericar quem sabe uma Veuve Clicquot – por economia, claro, que as melhores são para espetáculos mais vívidos – envolve o ex-deus e os sindicatos de juízes.
O ex-deus disse coisas disparatadas, em meio a coisas sensatas. Disse, por exemplo, que o poder judicial brasileiro é conservador. É claro que é. Disse, por outro lado, que o pessoal do ministério público é rebelde, o que é sumamente falso. São da mesma compleição intelectual, as duas magistraturas.
O ex-deus vê diferenças onde elas inexistem, porque as duas magistraturas são igualmente conservadoras, auto-referentes e anti-democráticas. Essa gente toda pensa em salário, poder e chantagem, com exceções, é claro. E pensa e busca e obtem vantagens sem ter que pedir um mísero voto.
O ex-deus é profundamente maniqueísta e, pior, intelectualmente rasteiro, ao diferenciar o que se distingue, talvez, por meio ponto. A grandeza dos loucos que nada têm a perder recomendaria o atirar contra todos, mas o ex-deus não na tem, evidentemente. Ele precisa distinguir entre bons e maus.
Os sindicatos dos juízes atacam o ex-deus, coisa que não faziam até há pouco. O revide é tão tolo quanto o ataque: contraponto ligadíssimo ao ponto inicial e dele dependente. Esquizofrenia pura…
Excelente artigo. Eu esperava que acontecesse isso. Um dia vão descobrir algum bombom que sumiu da escola onde o ministro fez o primário e talvez cheguem a ele como responsável.