Agora eu percebo as coisas. Fernando Henrique Cardoso, o Sábio, falava sempre em código, por Sábio, naturalmente. Deixava caírem gotas de sua sapiência, a serem recolhidas somente por iniciados que participassem do mundo da sabedoria e, portanto, pudessem decodificar a mensagem.
Fernando Henrique é a figura que escreveu dois ou três livros postulando coisas difíceis de entender, talvez porque não dissesse nada, afinal.
Passados anos, faz-se presidente da república e clama pelo esquecimento de tudo quanto escrevera, talvez em estalo de arrogância, a supor que muitos o haviam lido.
Presidente por oito anos, Fernando Henrique alinhou-se à política de war on drugs, aquele embuste norte-americano que serve às companhias de armas e de serviços mercenários. Além de ter destruído vastas plantações de milho e batatas, na Bolívia, no Peru e na Colômbia.
Agora, nove anos sem ser presidente, Fernando Henrique surge como um grande maconhófilo, defensor da liberação ampla e irrestrita dos entorpecentes ilícitos!
Não vou mentir, estranhei e inclinei-me a crer que era pura e simples impostura. Mas, nada que um pensamento mais calmo não afastasse.
Percebi que duas coisas se ligavam, na obra e trajetória do Sábio. Ligavam-se por fios tênues e sutis, como são as coisas sábias.
Quando Fernando Henrique dizia que esquecessem seus escritos, já estava aí o Fernando Henrique maconhófilo! O grande homem já nos dava o enigma e a chave dele!
Fumem maconha, relaxem e esqueçam o que escrevi, era a mensagem que só hoje, tardiamente, percebo…
Seus comentários estão objetivos, precisos e de uma mordacidade louvável; a hipocrisia tem que ser desmascarada!
Obrigado, Sidarta.
Tenho muito cuidado, muita reserva quando chego perto de considerar que Fernando Henrique é burro, porque ele não é.
Claro que é enrolador, empulhador, fazedor de discurso complicado, mas isso é outra estória.
Agora, parece-me alguém destituído de qualquer honorabilidade, de qualquer seriedade. Oportunista demais até para um político.
Esse negócio de descriminalizar os entorpecentes ilícitos é óbvio demais para surgir como a bandeira da conversão de Fernando Henrique Cardoso ao que ele não era, ou era e mentia.