Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Categoria: Hipocrisias (Page 12 of 14)

A má educação. Pedofilia e celibato na Igreja de Roma.

Concílio de Trento

Muitos casos de abusos sexuais, geralmente contra menores, vêm à luz. Recentemente, destacaram-se os episódios da Alemanha e os da Irlanda, esses últimos em número escandalosamente alto. O Bispo alemão de Roma diz que tomará providências e o Vaticano, de forma geral, assevera que vem cuidando do assunto diligentemente.  A realidade, todavia, não ajuda esses discursos.

Sempre que se fala no assunto, fala-se também do celibato imposto aos sacerdotes romanos. Uns insistem que ele nada tem a ver com a ocorrência de abusos sexuais contra crianças, outros fazem a associação entre o instituto católico e as práticas abusivas de menores.

O celibato não tem raízes históricas longas e não guarda qualquer relação com os primórdios da Igreja. Na verdade, nenhum dos monoteísmos originados na Palestina e na Península Arábica adotou o celibato. Ele é estranho ao judaísmo, ao clero secular paroquial ortodoxo e ao maometanismo. O catolicismo romano adotou-o muito tardiamente, nas deliberações do Concílio de Trento, o da Contra-Reforma, realizado entre 1545 e 1563.

De minha parte, acho tolas as idéias de que o celibato foi adotado por razões patrimoniais, ou seja, para impedir a transmissão por direito sucessório dos bens dos padres. Ora, os padres do clero secular nunca foram conhecidos por sua riqueza, nem na ortodoxia, nem no catolicismo romano. As riquezas imobiliárias sempre estiveram afetadas às Cúrias Diocesanas ou Metropolitanas e não seriam transferidas por conta da morte dos padres.

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Jó 13, 7-9.

Farto-me de jesuítas e reformados, na mesma proporção. Medo, esse tenho mais dos últimos, por circunstâncias históricas. Mas, se vivesse há seiscentos anos atrás, tê-lo-ia mais dos primeiros.  Mentem e matam, uns mais, outros menos, conforme as possibilidades das épocas, apenas isso.

Vivem com os pezinhos bem plantados no chão, os olhos bem abertos a mirar a bolsa e as bocas cheias de Deus prá lá, Deus prá cá. Não discuto como se formou esse Deus, a quem revelou seus segredos e desígnios, se se satisfaz com pombos assados ou com palavras. O que dele se diz basta para perceber quem são os que dele falam. Ora, o acelerador de partículas da fronteira franco-suíça não é o acusador dessa gente. São-no seus próprios textos.

Pensais defender a Deus com linguagem iníqua

e com mentiras?

Quereis tomar o seu partido

e ser seus advogados?

Que tal se ele vos examinasse?

Iríeis enganá-lo como se engana um homem?

Se Ele existir, se mortos, os homens forem ao Seu encontro, vão mentir para Ele? Vão dizer que acenderam velas e cantaram louvores? Não perceberão que a brincadeira terá acabado?

A imprensa brasileira tradicional mente por razões políticas.

Não há escândalo na constatação de que o discurso de jornais e televisões tem lado, politicamente. A imprensa não é ideologicamente inerte, nem imparcial ante os fatos e suas repercussões econômicas e políticas. Com efeito, somente os ingênuos ou mal-intencionados vivem a esperar dos media o lugar-comum chamado imparcialidade.

Não obstante a total normalidade que há na parcialidade política da imprensa, esse jogo tem algumas regras não escritas. Essas regras implicam, em resumo, que opiniões são de quem as emite, mas fatos, esses convém dá-los ou escondê-los, nunca inventá-los.

Hoje, no Brasil, violam-se esses e outros preceitos farta e abertamente. Não apenas inventa-se o que não há, como dão-se opiniões inseridas na aparente cobertura de fatos. Não digo – outro lugar-comum – que a imprensa perca a credibilidade, até porque só se perde o que já se teve. Digo que ela precisa assumir-se outra coisa que não imprensa e aqui estou claramente seguindo o que disse o Presidente Obama da Fox News: é um partido político.

O fundamental em qualquer discurso mediático não é a credibilidade do que afirma, mas o nível com que o faz. A credibilidade é uma qualidade que se insere e se torna parâmetro de atuação e reação no discurso de matriz religiosa ou no âmbito da honorabilidade subjetiva. A oferta de notícias não gira em torno a isso. Basta vermos a coisa com algum rigor metodológico.

Um sismo, por exemplo, não é crível ou incrível, ele é um evento da natureza. Ninguém é convidado a acreditar ou não na sua ocorrência, que isso não é problema das placas tectónicas ou da notícia, mas de quem a recebe. Uma eleição, que não é evento natural, obedece à mesma lógica. O receptor pode desacreditar de muitos aspectos que giram em torno dela, mas ela, essa pode somente haver ou não haver.

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A patifaria americana e Hugo Chávez.

Este é o documentário “A revolução não será televisionada” filmado e dirigido pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Briain. O vídeo mostra os acontecimentos do golpe contra o governo do presidente Hugo Chávez, em abril de 2002, na Venezuela.

Vale muito a pena assisti-lo. Só posso afirmar que o PIG venezuelano é perigoso, bem perigoso.

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Olívia Maria

Dia internacional da mulher para homens e mulheres.

“A igualdade das mulheres e das jovens constitui também um imperativo econômico e social. Enquanto não se conseguir libertar as mulheres e as jovens da pobreza e da injustiça, todos os nossos objetivos – a paz, a segurança, o desenvolvimento sustentado – correrão perigo.”

A frase é de Ban Ki Moon, secretário-geral da ONU.

Neste 08 de março nos lembremos, todos, das mulheres que ainda são coisificadas, exploradas, discriminadas, humilhadas,  assassinadas, agredidas, violadas, mutiladas, vendidas,  castigadas, usadas como arma de guerra, submissas e oprimidas. Discriminação contra mulheres não é assunto só nosso, e sim de homens e mulheres. A consciência não tem gênero.

Segue um vídeo interessante com depoimentos de mulheres de diversos países falando sobre suas vidas:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=gXAqtYnKyJk&hl=pt_PT&fs=1&]

Olívia Maria.

Pátria Basca e Liberdade.

O País Basco compreende terras em Espanha e na França, habitadas por um povo muito antigo e falante de uma língua sem parentescos latinos próximos. Essa gente orgulha-se de não ter sucumbido a Caio Júlio César, uma figura a que nenhum rei de Espanha, nem mesmo Felipe II, compara-se.

Foram inseridos na ficção política que se chama Espanha e são a nação mais rica dela. Foram e são alvos da insistência dominadora de Castela, que não recua do seu intuito de subjugar os bascos e pô-los a seu serviço. Como a tarefa não se resolve bem somente com discursos, Castela, pragmaticamente, sempre recorreu à força. Na Guerra Civil, o povo do planalto seco voltou a dar exemplos de seu pouco apreço por limites. Guernica é um exemplo bastante eloquente disso.

Os bascos não querem ser espanhóis e isso é tão evidente quanto o azul do céu de Madri. Não significa, todavia, que todos sejam partidários da luta armada mantida pela ETA, já que o consenso dá-se com relação aos fins, não aos meios. De fato, a maioria da população rejeita as violências dessa organização, ao mesmo tempo em que nutre um imenso desprezo por Castela e sua simbologia imperial.

O que me chama muitíssimo a atenção no caso basco é a indignação do dominador com a relutância do dominado em aceitá-lo. Ora, é preciso ser bastante arrogante para não compreender e aceitar que o outro não receba o dominador de braços abertos, como aos emissários dos deuses. E, os castelhanos têm a medida certa de presunção para assumir essa atitude mental. Enfim, é o urubu com raiva do boi que não quer morrer, mais uma vez.

Reclamam das violências – pouco falam das próprias – e da altivez basca. Difundem que a solução é uma pacificação de mão única, ou seja, sem mais palavras, a aceitação do domínio e a aniquilação da identidade própria. Claro que isso seria uma solução, se os bascos assim quisessem.

Outra solução era deixa-los cuidar de si, como querem. Mas, assim, Madri perderia receitas e teria seu orgulho imperial ferido.

O genocídio armênio e o Departamento de Estado.

Técnica otomana de eliminar armênios.

A partir de 1915, os turcos iniciaram um extermínio sistemático de populações armênias do Império Otomano. Estima-se que até 1923 à volta de um milhão e meio de armênios foram exterminados, como resultante de uma das linhas de ação dos Jovens Turcos. Há de se reconhecer: matar um milhão e meio de pessoas em oito anos é muito trabalhoso, embora japoneses e alemães já tenham mostrado mais eficiência nessa matéria.

No palco dos concertos internacionais, os governos turcos, desde então até hoje, negam o genocídio. Negam de maneira bastante eloquente, pois chega a ser crime, na atual Turquia, falar sobre isso. Fazer o que fizeram é brutal. Negar, afasta a hipótese de perguntar as razões. Imagino que, se um dia Constantinopla for retomada, eles, os turcos, vão se abster de ficar indagando as razões, por imperativo de coerência.

Consumado o fato, os turcos apostaram no sentido correto, por ser o mais provável historicamente. Apostaram no esquecimento que as negações e manobras para confundir quase sempre conseguem obter da comunidade internacional. Todavia, parece que o risco de se terem equivocado é bastante grande, pois os armênios, ainda que inicialmente dispersos, não se dispuseram a perder sua memória, nem a ficarem resignadamente calados.

Muito lóbi foi feito para se obter o mais importante reconhecimento do genocídio, o dos Estados Unidos da América. E resultou que o Congresso Norte-Americano está em vias de votar uma moção de reconhecimento da ocorrência do genocídio. Contudo, o Presidente Obama, por meio da Secretária de Estado Hillary Clinton, opõe-se ao reconhecimento daquilo que até as águas do Bósforo sabem.

Os Estados Unidos não querem desagradar o governo turco e, obviamente, põem acima de qualquer proclamação de uma verdade histórica seus interesses estratégicos imediatos. O Congresso, esse também pode ter dado andamento à inciativa somente para por o Presidente na difícil situação de ter que veta-la. Ou seja, o de sempre, um chantageando o outro. Naturalmente que deve haver um e outro preocupado seriamente com o reconhecimento, pois a população do mundo não é toda de conspiradores e chantagistas.

Não discuto as premências estratégicas dos Estados Unidos, que isso é assunto e interesse deles. Mas, creio que o Presidente Obama talvez pudesse tentar jogar visando mais ao futuro. Ao contrário do que sempre assume a diplomacia norte-americana, a história não é tão desimportante, nem tão fácil de esquecer. E pode estar em tempo deles tentarem, com alguma inteligência alem das bombas, diminuir os rancores que alimentam contra si.

Um dia, a vontade de retomar Constantinopla pode tornar-se a de tomar Washington, também.

Copa do mundo, pra africano não ver…

Para comprar os ingressos da Copa do Mundo 2010, há uma série de protocolos a seguir, e algumas fases de venda, a primeira começou 20 de fevereiro de 2009, e a última termina em 11 de julho de 2010. Na primeira fase os torcedores se cadidataram às vagas e aguardavam um sorteio caso o número de compradores excedesse a oferta.

Porém, para adquirir o ingresso o torcedor deverá preencher um cadastro, para se cadastrar “basta” acessar o site oficial da Fifa. Os pagamentos são através de cartão de crédito, só quem pode comprar é o titular do cartão, nada de comprar o ingresso pro vizinho, e na retirada dos ingressos em postos autorizados o torcedor talvez tenha que apresentar o cartão além de outros meios de identificação.

O problema? O que dizem disso os africanos: “Vender ingressos pela internet é muito irreal” Kini Nsom Sylvanus, bibliotecário camaronês, e continua: “Checar meu e-mail já é algo muito difícil, imagine visitar um site da Fifa para conseguir um ingresso. Isso vai excluir muitas pessoas”, isso pra não falar no problema do cartão de crédito, que a Fifa tem o seu preferido.

É o famoso ganha, mas não leva… Parece até uma pessoa, que “ganha” qualquer ação movida contra o estado brasileiro, e entra na famosa fila dos precatórios… Ganha, mas não leva. São assim os africanos com essa Copa, primeira Copa do Mundo na África, excepcionalmente sem africanos.

Mais em BBC Brasil.

Dilma Roussef, José Serra e o Google. Como pensa o brasileiro de classe média?

O que as pessoas pesquisam atualmente no Google sobre Dilma Rousseff e José Serra?

Vamos admitir que os resultados do Google são dados por relevância do termo pesquisado. Vamos admitir que o Google – embora nada o impedisse – não comercializa a relevância desse ou daquele termo, alterando seu algoritmo. Vamos admitir que o Google – uma empresa como qualquer outra, visando a dinheiro – não tem interesses políticos imediatos.

Depois de admitir essas premissas, passemos a outras, entretanto. Interesses pessoais revelam-se por perguntas, por pesquisas, enfim. Acesso a meios de pesquisa dependem da extração sócio-econômica do pesquisante. Propaganda mediática feita no formato subliminar de jornalismo influencia o que os destinatários buscam como informação não-jornalística.

Por fim, admitamos que palavras adjetivas vêm carregadas de valores e que não são axiologicamente inertes nem abstratas. Há delas que revelam uma aparente neutralidade, que é de valoração positiva, há delas que revelam qualificações negativas. Continue reading

Mordechai Vanunu, a bomba atômica israelense e o Nobel.

Mordechai Vanunu foi indicado para o prêmio Nobel da paz. Escreveu uma carta para a Academia de Estocolmo e disse que não o queria. Disse que não pretendia figurar numa lista de agraciados que inclui Shimon Peres, o artífice das bombas nucleares israelenses. É raro alguém rejeitar laúreas dessas, com argumentos tão incisivos, que deixam evidente o quanto há de aleatório e de hipócrita no famoso prêmio sueco.

Vanunu é filho de pai rabino e foi criado em ambiente ortodoxo. Afastou-se, contudo da ortodoxia. Trabalhou, em posição meio subalterna, no complexo nuclear de Dimona, no Sinai. Essa usina de tecnologia francesa foi o princípio do rapidíssimo desenvolvimento da tecnologia nuclear bélica de Israel. Enriquecendo e comprando clandestinamente urânio, chegaram às estimadas 200 ogivas nucleares.

Em certo momento, Vanunu foi para a Inglaterra e vendeu a um jornal uma estória interessante. Tratava-se de pormenores do programa nuclear israelense, desenvolvido em Dimona, onde ele trabalhara. Acontece que o dono do jornal era judeu e o Mossad não levou muito para encontra-lo, findando por sequestra-lo em Roma. Continue reading

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