Reynaldo Bignone.
Reinaldo Bignone foi o último ditador do período autoritário que se encerrou em 1983, na Argentina. Ele foi presidente apenas entre 1982 e 1983. Processado, julgado e condenado à pena de 25 anos de prisão por responsabilidade na privação ilegal de liberdade, tortura e morte de 56 pessoas.
Enquanto na Argentina os ditadores vão a julgamento, no Brasil qualquer tímida ação que busque apenas conhecer a história merece ataques virulentos, sob os argumentos mais tolos possíveis. Alguma tentativa mais audaciosa, como a proposta de estabelecer a correta interpretação da lei de auto-anistia outorgada pelo regime ditatorial, merece ataques ainda mais intensos.
Contra a interpretação da lei de anistia, um ministro do supremo tribunal federal, a corte de justiça mais elevada do país, teve a ocasião de dizer que a reinterpretação poderia causar distúrbios. Mais extravagante que o ministro dizer essa tolice é o público levá-la a sério.
Na Argentina, onde sequestrou-se, torturou-se e matou-se mais que no Brasil, presidentes e militares graduados foram julgados e condenados e não ocorreu distúrbio algum. E eles tinham leis de anistia semelhantes à fancaria com número de lei que agora se pretende interpretar corretamente. Na verdade, tiveram mais de uma lei desse tipo, todas superadas por tribunais que julgam a partir do direito e não de ameaças de distúrbios.
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