http://youtu.be/cUHVgSQZD2I
Bem, calça justa cintada, sapato alto, cintura de pilão, isso tenho não. Mas cabelo grande…. kkkkkkkkkkk
Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.
http://youtu.be/cUHVgSQZD2I
Bem, calça justa cintada, sapato alto, cintura de pilão, isso tenho não. Mas cabelo grande…. kkkkkkkkkkk
Um texto de Sidarta.
Seu Otávio, já idoso e aposentado como coletor de impostos de Finismundi, dava sempre uma passada no bar Flor de Liz nos fins da tarde de volta da padaria onde diariamente ia comprar o pão do jantar.
No bar, passava os olhos nos jornais que já tinham chegado das grandes cidades do Nordeste, tomava uma cerveja “mais para natural do que para gelada” e comia uma ou duas empadas ou umas coxinhas de galinha feitas pela mulher do dono do bar (sempre teve a curiosidade de conhecer a cozinha do bar, mas, educado como era, sentia-se constrangido em fazer o pedido, coisa que poderia lhe ter evitado uma boa encrenca digestiva algum tempo depois).
Como um grande apreciador de livros de história, tinha recebido do seu filho mais velho, que viajara aos Estados Unidos recentemente, um livro em inglês com o resumo biográfico da história do que o autor americano considerava os 100 maiores generais ou líderes militares da história.
O seu filho tinha trazido também dos Estados Unidos a mais nova maravilha da cozinha americana nos fim dos anos 1960’s, um forno de microondas, um equipamento fabricado pela GE, grande e pesado e que exigia um potente transformador de 220V para 110V, a sua voltagem original de trabalho nos Estados Unidos, transformador esse projetado e feito por Manuel do Carburador (durante o dia), ou Tenente Manual (durante a noite – era o chefe da guarda noturna de Finismundi) e que cabia em uma caixa de madeira de garrafas grandes de cerveja e zumbia alto quando era ligado.
Leu o livro avidamente mais de uma vez e descobriu que eram citados na antiguidade 18 notáveis líderes militares, dentre outros, Alexandre, o Grande, Júlio César e Átila, o Huno.
Admirador inconteste de Napoleão Bonaparte, buscou a biografia do seu ídolo na parte dos generais da Era Napoleônica e foi aí que começaram as suas frustrações: a biografia de Napoleão Bonaparte escrita pelo autor americano só tinha míseras duas folhas descrevendo fatos menores das conquistas do grande imperador francês: só podia ser ignorância ou inveja desse escritor americano em não colocar Napoleão como o maior líder militar da história do mundo.
Para completar ainda mais o insulto aos realmente notáveis, o autor do livro louvava como líderes militares mundiais três indígenas americanos, dentre eles, Nuvem Vermelha e Cavalo Doido.
Continuou tentando entender o contexto e a idéia do escritor ao selecionar os seus generais, e se deu conta de que o livro não falava nem na Guerra do Paraguay, onde se destacou o Duque de Caxias como comandante das tropas brasileiras.
Isso era demais; há alguns anos já vinha desconfiando de que os americanos tinham minimizado a participação dos combatentes brasileiros na segunda guerra mundial e iria exigir que quando esse livro fosse eventualmente traduzido para o português fosse acrescentada uma resenha biográfica decente do Duque de Caxias e um ou dois parágrafos sobre a guerra do Paraguay.
Carregava sempre no bolso, ao lado de um monte de cédulas para pagar as suas despesas em dinheiro, uma cédula mais antiga que continha a efígie do Duque de Caxias, já fora de circulação, para mostrar de vez em quando aos amigos que o Brasil tinha herói militar.
Ao terminar de ler várias vezes o livro americano sobre os 100 maiores generais ou líderes militares da história, e de formar uma opinião sobre o critério de escolha e sobre a parcialidade evidente do autor, convidou alguns amigos mais próximos para se reunirem no Flor de Liz, na sexta-feira um pouco mais cedo para que ele, Seu Otávio, pudesse relatar sobre o que tinha lido mais recentemente e sobre como pensava que os americanos estavam distorcendo a história do Brasil.
Um evento desses puxava mais cerveja, empadas e coxinhas do que o habitual e, como Seu Otávio foi quem convidou os amigos, a bebida e a comida correram soltas por conta do conferencista.
Lá pelas 9 da noite, alguns já mais alegres do que o conveniente, saíram os primeiros protestos verbais de “isso é mesmo coisa do imperialismo americano”, tendo um ouvinte também criativo escrito em uma tira de papel higiênico a frase “Yankees GO Home !!!” e pregado a faixa na entrada do bar.
Perto das 10 da noite todos foram embora para as suas casas e Seu Otávio começou a sentir a barriga “ferver” ainda no caminho de casa.
Conseguiu segurar a barriga até sair da vista dos amigos, mas aí as empadas e as coxinhas de galinha da mulher do dono do bar mostraram o seu poder desvastador: Seu Otávio já chegou em casa com a cueca e a calça branca do terno completamente sujas e correu para o banheiro chamando a sua esposa para ajudá-lo na situação constrangedora em que estava.
Lembrou-se de avisar à esposa do dinheiro para as despesas que tinha em um dos bolsos da calça, mas se esqueceu da cédula com a efígie do Duque de Caxias em outro bolso.
A calça foi logo lavada no tanque de lavar roupas e o dinheiro das despesas cuidadosamente limpo na pia do banheiro.
Terminada a operação da vigorosa lavagem da calça de Seu Otávio no tanque de lavar roupas, a esposa dele teve a genial idéia de secar logo a calça dentro do forno de microondas: em teoria a água evaporaria logo, mas o tecido não se inflamaria.
O esperado foi mais ou menos o que aconteceu; a calça secou logo e a cédula com a efígie do Duque de Caxias, que estava em um dos bolsos, secou também… desaparecendo completamente a imagem do Duque de Caxias do papel moeda impresso há anos.
Ao se lembrar do descaso do autor americano do livro sobre os 100 maiores generais ou líderes militares da história, da completa omissão do Duque de Caxias e da Guerra do Paraguay, e olhando de soslaio para a marca GE impressa no forno de microondas, concluiu que os americanos estavam mesmo por trás da iniciativa de acabar com a memória dos heróis brasileiros e de nos vender produtos programados para destruir o patrimônio e para sabotar a cultura dos brasileiros.
E pensou: “eu devia já ter ido dar uma olhada na cozinha do bar Flor de Liz; vai ver que os americanos estão também sabotando a higiene das comidas no intuito de alguma multinacional deles comprar o bar e logo subir o preço da cerveja, das empadas, das coxinhas, cobrar para se ler os jornais e ainda botar uma bandeira americana em cima de cada mesa do bar… e dar desconto para quem souber recitar as biografias de Cavalo Doido e de Nuvem Vermelha.”
A rotina põe a descoberto a saudade. Experimente-se fazer alguma coisa que sempre se fez em companhia de alguém sem essa presença. Surge o estranhamento que atende bem pelo nome de saudades.
Desempenho minhas atividades de cozinheiro de final de semana em condições muito favoráveis. Os ingredientes que me interessam, posso tê-los sem muitas dificuldades. O tempo, no domingo pela manhã, não costuma escassear, a vontade de cozinhar não me abandona nesses dias e os destinatários da diversão somos Olívia e eu, apenas.
Para mim, é ótimo que sejamos apenas os dois a experimentarmos essas comidas que nem sempre resultam em grandes coisas. Não gosto de cozinhar para muita gente. De um lado, conto com a complacência de Olívia, que consegue amenizar os maus resultados sem, contudo, mentir. Por outro, não gosto da lógica do julgamento. Não que não queira o mau julgamento, mas que não conseguiria disfarçar meu desprezo por ele, como se dissesse: ora, não estive e preocupar-me em agradar especificamente o teu ou o teu paladar! Seria grosseiro e arrogante, realmente.
Ontem, Neide deu-me uns pedaços de galinha muito bem temperados. Alho, alho e mais alho e um pouquinho de sal, como tem que ser. A galinha é das carnes menos naturalmente saborosas que há, portanto convém que apure os temperos com antecedência. Esses pedaços conviveram com a liliácea por mais de vinte e quatro horas!
Hoje, pela manhã, estavam megulhados em um caldo de sumos do galináceo, sangue e alhos esmagados. Precisava de pouca coisa mais.
Entrou em cena a grande potencialidade de uma assadeira usada, sem se ter lavado antes. Explico-me melhor, para não sugerir desprezo higiênico. Ontem, tinha assado uns espetinhos de carne e a pouca gordura dela ficou na assadeira, porque tive preguiça de lava-la em seguida ao repasto. Hoje, a preguiça era a mesma e percebi que aquela gordura fria e gelatinosa não se tinha estragado e facilmente derreteria e se somaria ao novo assado.
Pronto, pedaços de galinha na assadeira, cebolinha cortada em rodelas, molho inglês por cima e tiras de bacon por cima dos cortes da ave, que além de darem sabor evitam que ressequem. Forno baixo por quarenta minutos. O resultado pareceu-me ótimo, a galinha sabia a comida de casa, sem invencionices, sem qualquer sofisticação.
Mas, não sei se ficou bom, Olívia não deu opinião! Não comi à mesa da sala, calmamente, com vinho e alguma conversa. Comi saudoso, na mesa do computador, a escrever. Comi sem sentir bem os sabores…. saudoso.
Quase todas as palavras do título farão pensar em Foucault. E, realmente, usei-as por conta de as ter visto demasiado em a Ordem do Discurso e na Microfísica do Poder. Mas, quero ficar somente com as palavras, não nesessariamente com os conceitos foucaultianos e não me proponho a fazer qualquer análise de Foucalt, nem a partir dele. Seria presunçoso, difícil e, ademais, não é o que pretendo.
Há uma forma de saber que se baseia menos na ordenação que na recolha de dados esparsos e quase sempre profundamente associados. Talvez por estarem já associados – ou melhor dissesse por serem previsíveis – eles prestem-se a serem recolhidos e aqui recolhidos propriamente, mais que colhidos. Sim, porque a preexistência é notória, tanto nos modelos, como no próprio recolhedor.
A recolha, por meio do inquérito, não é atitude epistemológica, nem momento pré-epistemológico. Não será a coleta de dados que embasarão uma taxonomia, porque ela já está feita, inclusive ela é antecedente, no inquiridor, da postura inquisitorial. Essa atitude está na mão invertida, porque os elementos serão postos onde têm que estar, ou seja, eles não formarão ou delimitarão um lugar de estada para eles, segundo alguma classificação.
A postura visa, é claro, construir uma verdade em julgamentos. Os parâmetros desses juízos são uma certa moralidade e a detenção de algumas categorias pessoais ou tipos básicos de personagens sociais, elementos que o inquisidor maneja, sem os ampliar ou reduzir. Nesse sentido, a recolha expõe sua essência não epistemológica muito evidentemente, porque o material recolhido não influi na base de análise dele.
O saber do inquérito é inapto para alterar a lógica do inquérito, que segue sempre a mesma, sempre referente a si própria, mecânica e incapaz de desconfiar de si mesma a partir do que recolheu. Trata-se, em muito, da construção de juízos por semelhança e dessemelhança, sem espaços para a sutileza, considerando-se uma alternância entre o contínuo e o descontínuo.
Por essa construção, o inquisidor sentirá pertencimento ou ausência, formará estimas ou repulsas, adequará as coisas ao seu acervo prévio de instrumentos de julgamento, estes sempre imutáveis.O inquérito perde, assim, muito do seu espaço com uma aceleração dinâmica da vida, que parece sugerir sua incompatibilidade com os utilitarismo que, por sua vez, reivindicam a posição de forma excelente contemporânea.
O inquérito mostrava-se bom elemento de poder quando se distinguiam como fortes os que podiam recolher mais coisas e dados, informações, afinal. Em certo momento histórico, os que mais inquiriam estavam nas posições políticas em que a recolha significava tanto uma necessidade tática, como estratégica. Além de associada à posição preeminente, a postura inquisitorial realimentava-se como distinção, por efeito simbólico.
Quando os eixos do exercício do poder deslocam-se, os resquícios dos modelos anteriores anacronizam-se e dispersam-se rumo às periferias. Se é verdade que o fato mais avassalador de uma história recente de cento e cinquenta a duzentos anos foi a urbanização, também é que os resquícios anacrônicos ficaram nas culturas rurais, tornadas em âmbito periférico.
Lá ficaram o saber e o poder pelo inquérito, como elemento curiosíssimo de arqueologia social. Na maior parte das situações, é postura matizada ou que se vai matizando e atenuando, por mescla com novas formas de construção de verdade, de apreensão das coisas e de formação do discurso. A persistência é possível muito porque seu caráter de forma de poder recuou quase a nada, tornando o inquérito em hábito ou somente forma de um saber, ou seja, sem pretensões e, portanto, sem conflitos.
Todavia, há contatos diretos em que o anacronismo não se percebe assim e então atua positivamente. Na verdade, ele – nem qualquer outra postura de construção do saber e do poder – quase nunca se reconhece como uma forma, somente como a forma. Em um jogo social em que todos os jogadores utilizam a mesma tática, a comunicação e o estabelecimento da relação de poder é possível e as coisas transcorrem, digamos assim, normalmente.
Quando modelos diversos entram em contato, a comunicação é pouca, os resultados obtidos são esparsos, a dominação não advém como se esperaria da ação modelar. Surgem, ou o conflito, ou o estranhamento e o desconforto.
A inteligência da atuação fora do quadrado é a única coisa que desconcerta o político profissional do grande esquema, seja ele de esquerda, direita, centro ou de onde for.
Leva-o a reagir quase instintivamente, como quem percebe atavicamente a ameaça. Quase uma reação natural ao fogo, reação sem disfarces, inicialmente irrefletida, súbita. Eles percebem os perigos reais, que são precisamente os que merecem as reações mais enérgicas e menos racionais.
O terror, a paranóia do terror, da segurança, é a coisa mais preciosa que existe para uma imensa maioria de governos no mundo. Ela precisa existir, pois justifica a contínua exceção.
Pois o alcáide de San Sebastian, Juan Karlos Izagirre, do partido Bildu, resolveu que as medidas de segurança na cidade, tais como detectores de metais, escaneres, a possibilidade de políticos terem escoltas e guarda-costas, serão levantadas!
Já o foram em outras localidades vascas, como Mondragon, Lasarte-Oria e Andoain.
Ele diz que não se justificam, pelo menos no nível atual. Que políticos não devem entrar em escritórios públicos com escoltas nem guarda-costas. Óbvio!
O governo espanhol, por meio de Rubalcaba, reagiu imediatamente, ameaçou represálias, falou em leis, falou em fazer leis específicas.
Desnudou-se o imperialismo do estado de exceção, veio a público sem os véus do discurso cortês e aparentemente racional. Abriu a boca, mostrou os dentes caninos, rosnou, falou em leis…
Está claro que Castela nunca temeu a ETA, que lhe serve muito bem. Teme a inteligência.
Os CDS – Credit Default Swaps norte-americanos estão mais caros que os brasileiros, eventualmente e pela primeira vez na história!!!
Significa que, hoje, reputa-se mais arriscado um descumprimento de pagamentos norte-americanos que brasileiros!
Nada obstante, a malta banqueira nacional obriga o governo a pagar juros de 12% ao ano. Para quê? Para nada, além de enriquecer os rentistas.
Esse não é um país sério, definitivamente.
http://youtu.be/mDakEzW4JF0
http://youtu.be/mmdPQp6Jcdk
Mother, tell your chlidren not do to what I have done…
http://youtu.be/DbHx0VYOoTA
Qualidade…
Não vou buscar
A esperança
Na linha do horizonte
Nem saciar
A sede do futuro
Da fonte do passado
Nada espero
E tudo quero
Sou quem toca
Sou quem dança
Quem na orquestra
Desafina
Quem delira
Sem ter febre
Só o par
E o parceiro
Das verdades
À desconfiança
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