Chavéz e Putin
A Venezuela anunciou a compra de equipamentos militares russos, totalizando um dispêndio de mais de 5 bilhões de dólares norte-americanos, conforme anunciou Vladimir Putin, o primeiro-ministro russo. Não quero discutir as despesas venezuelanas, que são feitas com dinheiro deles.
Chamou-me atenção a tolice que disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, a propósito dessas aquisições. Realmente, quase sempre que algo se diz ou se comenta por obrigação, consiste em uma bobagem. Se, além de falar por obrigação, o comentarista tem gravado no íntimo – tão profundo que o próprio não percebe – a marca da arrogência imperial, então a bobagem magnifica-se.
Pois bem, o representante do Departamento de Estado disse: Nós estamos com dificuldades para entender que necessidades de legítima defesa a Venezuela tem para ter esses equipamentos.
Se se tratasse de uma análise direta da assertiva, tomando-se em conta estritamente a frase, concluiríamos que estarem em dificuldades de compreender revela que estão em ignorância. Para isso, pensamento e estudo são recomendados, pois ajudam a superar a dificuldade.
Se lembrarmos que o dito não significa apenas o que parece, à primeira vista, então a coisa torna-se realmente saborosa. O dominador tem dificuldades de perceber por que razão o dominado quer deixar de sê-lo. Tem dificuldades de aceitar que ele próprio é a ameaça contra quê o dominado quer se precaver. Aí revela-se a arrogância: o dominador pretende sê-lo por alguma superioridade maior que a das forças. Pretende que o domínio é algo natural, daí espanta-se que alguém o rejeite.
O senhor Philip Crowley, o porta-voz do comentário tolo, terá alguma vez perguntado-se sobre as dificuldades dos outros compreenderem a necessidade dos EUA possuírem 5000 ogivas nucleares? Seria um bom passo para ele superar suas deficiências cognitivas.
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