Alguém pode achar ofensivo ou até mesmo melindrar-se, quando vir que a brincadeira do título materializou-se em dois experimentos acadêmicos. Mas, devo esclarecer que não quero chamar às experiências científicas brincadeiras, apenas que para mim eram vistas assim, até saber que a ciência se apropriava das minhas idéias ou que, pelo menos, as confirmava.
De parte as brincadeiras e a minha presunção de originalidade, leio que investigadores científicos franceses, de duas instituições, deram verniz científico ao que um observador da vida – e principalmente da vida das nobrezas ascendentes de província – pode constatar com alguma regularidade.
Esses senhores investigavam a influência dos preços na percepção de qualidade que as pessoas formam sobre os vinhos. Dispondo de laboratórios e recursos puderam cientifissicar aquilo que o mortal comum pode apenas enunciar em conversa de mesa de café.
Eles – inatingíveis troçadores – puseram um único e mesmo vinho em diferentes garrafas, umas de marcas ordinárias e outras de marcas prestigiosas. E o resultado foi nada mais que o esperado. O mesmo conteúdo em continentes diversos produziu reações tão variadas quantos os preços que as garrafas sugeriam.
Os provadores eram afirmativos em apontar a superioridade dos vinhos que as garrafas mais caras vertiam e negavam qualidades aos que desciam das garrafas ordinárias, embora fosse o mesmo vinho! Em defesa, não do experimento, mas das pessoas, deve-se dizer que não eram mentirosas nem desonestas.
Eram presas de um mecanismo quase infalível de sugestão. O preço sugere qualidade e, tudo isso sugere que nossas avaliações são muito mais superficiais do que gostamos de fazer crer.
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