O nascimento de uma pessoa é um evento lesivo ao meio ambiente, porque ela beberá água, comerá animais e vegetais, usará roupas, pouco importando que sejam naturais ou sintéticas, usará meios de transporte, ela consumirá energia, enfim. A existência de gente na terra é o único fator de dano ambiental que há. Portanto, caso se queira suprimí-lo, basta nos exterminarmos todos.
Como não há indicações de que os ambientalistas nutrem esse nível de apreço pelo meio-ambiente – ao contrário do que sugere a ferocidade do discurso – é de se pensar que a questão toda gira em torno a intervir com o menor nível de prejuízo ambiental possível. E essa nível varia conforme os objetivos a que se visam. Na verdade, não há ações ambientalmente inertes, nem aquelas que o imaginário convencionou julgar mágicas.
Poderíamos, por exemplo, erradicar toda a soja plantada no cerrado brasileiro e semear células fotovoltáicas, que seria até esteticamente superior. Teríamos o afã de energia limpa atingido, mas ao preço da fome e, talvez, de alguma insatisfação dos chineses. Com fome, talvez nem conseguísemos pagar o elevado preço dessa energia do deus de hélio, aparentemente tão gratuita.