Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

1º Salão Internacional do Livro de João Pessoa.

Até o próximo dia 28 de novembro, acontece em João Pessoa, na Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego, um Salão Internacional do Livro. Há representantes da Argentina, Venezuela, Peru, México, Portugal, Espanha e França.

Não será a maior oportunidade literário do mundo, mas é alentador que ocorra, tal é a aridez que vivemos quanto à literatura e à disponibilidade de livros.

João Pessoa tem revelado iniciativas que diminuem um pouco a letargia cultural em que vivemos, pois estamos quase exclusivamente voltados para o entretenimento massivo, que implica barulho, bebedeiras descomunais, multidões em fúria, vandalismo e criminalidade. Tudo isso muito bem democraticamente distribuído e integrado por todas as classes sociais.

A capital do estado fica muito restrita a ser o parque de diversões cujos atrativos são sol, calor, praia, cerveja, peixe frito e simpatia com turistas. Para mim, esses encantos dizem pouco ou quase nada, que de praias gosto da visão, preferencialmente quando o sol já anuncia seu desaparecimento no horizonte. Sol, areia e água salgada não me dizem coisa alguma, embora seus inconvenientes sejam marcantes.

Estoutra urbe, Campina Grande, mergulha na aridez de cabeça e sem perspectivas de vir à tona. Que não tenha sol, areia e água salgada, acho que apenas lhe faz falta pelo que perde de receitas turística. O turista não é o elemento estrangeiro que contribui para a diversidade cultural. Os estudantes, ao contrário, esses desempenham esse papel.

Campina Grande não tem uma livraria que mereça esse nome, tem um grande teatro municipal que se encontra em obras há dois anos, não tem um mísero cinema que passe filmes que não sejam de puro entretenimento holywoodiano. Não tem um concerto musical, uma apresentação de um balé ou de alguma companhia de teatro.

Tem, sim, à farta, festas imensas em que o conúbio desprezível dos dinheiros públicos e privados contrata grupos reprodutores do sub-produto do que foram manifestações propriamente enraizadas na cultura local. Assim, inúmeras bandas de forró eletrônico, sem qualidades sonoras nem poéticas – na verdade, veículos de grosserias verbais profundas – abundam.

Concentrações imensas de pessoas a comportarem-se como em rebanhos, todos a reproduzirem os mesmos gestos, as mesmas frases feitas, os mesmos óculos de sol, os mesmos chapéus – pouco importa que esteja escuro – as mesmas camisetas dois números menores que o adequado, os mesmos músculos – tratados com os cuidados que o cérebro não merece – e a mesma embriaguez.

Todos vão enamorar-se e desenamorar-se, trocar murros, bater nas namoradas, trair e serem traídos, atropelar pedestres, lotar as emergências dos hospitais, colidir com seus carros em outros carros ou qualquer obstáculo, em um curto lapso temporal.

Na festa seguinte, quase tudo reproduz-se, à exceção das músicas ou barulho, que essas são descartáveis e no fundo ninguém lhes presta atenção, o que é até melhor.

2 Comments

  1. Thiago Loureiro

    Só a título de complementação querido Andrei…
    Esse forró que aí está, não é apenas eletrônico, ele já se distanciou bem mais da origem do que você imagina. Obviamente perdendo toda a qualidade que podia possuir no princípio.
    Já divaguei bastante sobre o tema, e denomino esse “subtipo musical” como “forró vaneirado eletrônico”.
    Tá, eu sei que é besteira, ou até uma simples constatação de um filósofo de mesa de bar. 😀

  2. Andrei Barros Correia

    Thiago, meu caro,

    Esse forró não tem coisa alguma com a beleza do que é o forró. E estimula e vive de comportamentos que também nada têm com aqueles que ensejaram o forró.

    Grande abraço, meu velho.

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