Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Vocações ainda existem.

Meu amigo Rafael foi nomeado Defensor Público do Estado do Ceará. É por isso que escrevo, porque estou satisfeito com a satisfação dele e porque vejo um caso raro de vocação.

O bacharelado em direito,  no Brasil, tornou-se opção maioritária de quantos têm vocação para nada, dos que têm medo de matemática, dos intelectualmente preguiçosos, dos formalistas aplicados e dos oportunistas em geral. Essa massa busca ganhar a vida com uma atividade meio que no fundo desconhece.

O bacharelado em medicina segue o mesmo rumo, com duas diferenças. Ainda é um pouco mais difícil entrar nesse curso. E os efeitos de sua realização apenas visando ao dinheiro são muito piores.

Não me acuse alguém de estar a defender o desinteresse material, que não é disso que se trata. Nem se trata de defender o ataque quixotesco aos leões ou aos moinhos de vento. É o caso, apenas, de celebrar essa raridade que é alguém interessar-se pelos resultados que podem advir do trabalho nessa área profissional, aviltada pela ignorância, cupidez e falta de nobreza.

A vocação é um pouco como a rebeldia inútil e necessária que permeia a obra de Camus. Ela enobrece e o constante esforço que fazem para desmerecê-la, como algo infantil e ridículo, está a provar sua nobreza. Só as condutas de distinção merecem tanto esforço contrário das massas.

2 Comments

  1. Olívia Gomes

    Rafael é mesmo um caso raro de vocação.

  2. Monte Alverne Sampaio

    Felizes, também ,estamos nós seus pais e irmaos.
    Parabens Rafael o grande pescador
    Monte

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