Multidão exultante com a justiça materializada.
Um jovem morreu, vítima de espancamento, em Meadela, freguesia de Viana. Andava a vandalizar lojas, com seu grupo. Pessoas insatisfeitas cercaram-no e lincharam-no até quase morto, numa atuação que os mesmos classificaram de justiça popular. Findou por perecer no hospital de Braga.
Os adeptos de seu grupo de jovens já prometeram vingança. Ou seja, a justiça popular anuncia que seguirá sua marcha de força sem controlos, agora na mão de retorno. O máximo que ela atingirá de não violência serão as acusações de sempre: o fulano errou; não, foi o sicrano que errou. Ambos merecerão morrer!
Alguém falava do que resulta quando as massas atuam livremente, segundo a metodologia da ação direta. Recorrem ao que detém, ou seja, à violência. O que ele enunciou é válido, não apenas para o exemplo norte-americano, de que se serve pontualmente:
Não é totalmente por acaso que a Lei de Lynch é americana, já que os Estados Unidos são, de certo modo, o paraíso das massas. Nem muito menos se pode estranhar que agora, quando as massas triunfam, triunfe também a violência e se faça dela a única ratio, a única doutrina.
José Ortega y Gasset, n´A Rebelião das Massas.
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