Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Um paradigma engraçado na política campinense.

Sou natural de Campina Grande, não é exatamente uma cidade pequena, e tampouco é uma metrópole. É uma cidade agradável, de médio porte que já oferece alguns bons serviços e outros nem tanto assim, mas que sofre de alguns problemas das cidades grandes (leia-se: das cidades grandes do Brasil!).

Desde que me lembro, em Campina, politicamente falando, sempre existiram 2 candidatos, e ora não é de se espantar, afinal, se hoje é uma cidade de porte médio, o comum (acredito eu) é que antes fosse menor, e sendo assim, seria difícil ter a diversidade política de uma cidade “grande”. Acontece que convencinou-se de uns tempos pra cá, de chamar partidos e coligações, de grupos políticos, acredito eu que isso aconteça porque os políticos não tem identificação nenhuma com os partidos, suas políticas ou ideologias, de forma que é mais fácil identificar os políticos daqui pelas pessoas das quais se acompanham, do que pela legenda partidária. Acredito que exista fenômenos semelhantes nordeste afora.

Fato é que aqui em sempre existindo dois candidatos, e 1 grupo político mais perene que os outros, esse grupo está representado nas eleições desde que me lembro também, com 1 canditado (seja no município ou no estado) a alguma coisa, geralmente prefeito e governador. Um desses, é Cássio, muito querido e admirado apaixonadamente pelos campinenses. É hoje líder (ou o que mais se aproxima de um) de um desses “grupos políticos”.

Esse ano é ano de eleição, e como não poderia deixar de ser, estão lá representados os “grupos” e seus candidatos. Conversando com gente em Campina, é notável a preferência pelo “grupo” de Cássio, denominado “Cassista” a pessoa que exprime sua preferência por este grupo, e “Maranhista”, a pessoa que exprime simpatia pelo “grupo” opositor, que é o do atual governador José Maranhão. Os argumentos de discussão para justificar o voto são os mais variados possíveis, e um deles, de quem é “Cassista”, é o de dizer que o atual governador nada faz em Campina Grande (nenhuma obra, enfim…).

Na política nacional, essa bem mais fácil de me lembrar, o caso é outro, e o fato de existirem efetivamente dois candidatos é relativamente novo, já se via que se caminhava nessa direção, desde há tempos, e agora são 3 candidatos com intenção de voto, sendo que apenas 2 tem representação em todos os estados. Sendo ano de eleição presidencial, os candidatos a governos dos estados precisam estar em consonância com os candidatos a presidência.

Fato é que, o atual presidente, o Lula, esse sim fez algo, não especificamente em Campina Grande, mas no Nordeste como um todo. Há metrôs em funcionamento e em construção em Salvador, capital da Bahia, e em Fortaleza, capital do Ceará, Pernambuco agora tem o novo porto de Suape muito bem desenvolvido. Está sendo transposto o rio São Francisco, projeto que existia desde o tempo de Dom Pedro II, e na região norte está sendo construída a usina Hidrelétrica de Belo Monte, projeto de 35 anos atrás, além outras tantas obras, e outros tantos programas de governo pras pessoas de baixa renda que em muito atingem os nordestinos (e não só eles, lógico). Então se pode dizer muitas coisas a respeito do atual presidente, menos, que não fez nada pelo Nordeste.

Agora considerando que os “Cassistas” tem consonância com outro candidato a presidência, José Serra, que por sua vez é do grupo do ex-presidente FHC, fica a pergunta, quais as obras desse no Nordeste?

PS1: Esse post foi pensado a partir dos questionamentos de um Troll (descrição no link), que questionava no Twitter:
“Eu tô doido pra VOTAR em JOSÉ MARANHÃO. Se um maranhista me mostrar 5 obras que ele fez em Campina Grande, eu voto nele.”;
“Bom dia. Voce conhece 5 obras feitas e entregues por esse governo maranhão?”;
“Quem se lembra do mensalão? Quem se lembra dos dolares na cueca? Quem se lembra que Lula não sabia de nada? Quem se lembra de Dirceu?”

É notável a falha no pensamento, de um se cobra as tais obras, do outro ausência de escândalos. Quando penso eu que seria de se esperar que se cobrasse obras, ou ausência de escândalos de ambos uniformemente, mas afinal de contas, é um Troll…

PS2: É interessante notar a importância que a internet, e esse tal “Twitter” adquiriram nessas eleições, todos tem um Tuiter, em especial os próprios políticos, que estão sujeitos a discussão e pré-julgamentos da população, e discutem com opositores e simpatizantes, não sei qual o nível das discussões, mas sem dúvidas não deixa de ser um fenômeno interessante.

5 Comments

  1. André Raboni

    Outro dia desses, no twitter, soltei um impropério contra a prefeitura da cidade do Recife. Falava sobre a lei fura-teto. A mensagem que encaminhei eu a fiz direcionada para uma vereadora tucana aqui do Recife (@AlineMariano). 2 minutos depois ela me respondeu concordando comigo. Respondi a ela novamente, piorando ainda mais meu impropério de poucos caracteres.

    Antes que ela respondesse novamente, a ex-dona-de-ferro, Lygia Falcão (ex-secretária de comunicação do municipio), respondeu a mim e à vereadora.

    Não importa o que ela disse. Mas ela se expôs, e conseguiu atentar para quando eu piorei ainda mais o que já tinha começado… Logo em seguida, ela disse que estava com dor de cabeça e saudou a tod@s com um boa noite.

    É bom que os políticos se exponham, venham “ter com os homens (e com as mulheres, claro)”. Mas é bom também que as pessoas prestem atenção nas coisas… Alguns mostram o quanto são patifes (sobretudo quando posam de espertos). Outros se mostram realmente ignorantes (no sentido de burros, mesmo). Uns poucos mostram alguma razoável coerência. Outros, ainda, mostram que não são eles a tuitar, mas assessores.

    Essa turma gosta de aparecer, novidades, modernices, e alguns juram que “passeiam” bem com a coisa.

    Só que nem tod@s perceberam os efeitos que essas coisas podem causar…

  2. André Raboni

    Quanto ao “partidarismo” nessas cidades médias-pequenas-grandinhas, a base das coisas é o fisiologismo.

    E tem “povo” que vai surfando na onda… Muitas cidades chegou já a coca-cola, mas a inteligência ainda vem pela estrada… nas costas de jumentos…

    • André Raboni

      Claro, partindo do pressuposto de que espertice não é inteligência.

      Se tomamos inteligência por espertice, somos um país superdotado…

      • andrei barros correia

        No caso específico – mas vale como regra, também – funciona, sim, o fisiologismo e a apropriação da máquina.

        Grupos políticos como o de Cassio empregaram milhares de aliados em cargos públicos comissionados. Daí, conseguem uma fidelidade ligada a um aspecto objetivo bem claro.

        Outro aspecto, esse bem próprio do caso de Campina Grande, é o superficial bairrismo. Pensa-se que o cara é da terra e por isso é bom. Aí, acho que é bobagem mesmo, porque não faz pela terra e sim pelos apaniguados da terra.

  3. Maria José

    Isto acontece em muitas cidades do Nordeste.

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