A imprensa tornou-se o maior poder dos países ocidentais, mais poderosa do que a legislatura, o executivo e o judiciário…precipitação e superficialidade são a doença psíquica do século XX e mais do que em qualquer outro sítio é na imprensa que tal doença se reflete.
Alexander Soljenítsin
Incapaz de vencer eleições presidenciais nos últimos doze anos, os entreguistas brasileiros resolveram paralisar o país, disseminar o medo, o ódio, a intolerância, a percepção de crise, tudo isso por meio da imprensa, que serve aos desígnios entreguistas com fidelidade e dedicação.
Os resultados são tão previsíveis quanto terríveis. Há o efeito de autorrealização das profecias e a economia, por exemplo, acaba por retrair-se mais por conta das más expectativas. Mais que cairia normalmente este ano e que é muito pouco, diga-se.
Porém, o pior desta estratégia de disseminar-se que tudo está ruim e em níveis sem precedentes é que a classe média acredita nisso. Já de si é bastante tola e ignorante; com essa ajuda da imprensa, para piorar o ruim, torna-se insuportável. E essa gente é afirmativa, ou seja, reproduz as idiotices que lê ou escuta e sai a pedir confirmações para elas.
Nada no Brasil está pior que há 15 anos. Nem economia, nem distribuição de rendas, nem saúde, nem educação, nem segurança pública, absolutamente nada. A percepção disso seria facílima para qualquer pessoa que olhasse à sua volta e pensasse com sua própria cabeça. Um pouco de memória é necessário também, evidentemente.
O extraordinário foi ter-se instalado o clima de terror, a percepção de caos, a noção de que as coisas estão a piorar. Isso é a grande obra da imprensa e os frutos serão uma ingovernabilidade que não ajudará nem aos grupos de oposição. O sujeito médio – aparentemente possuidor de um cérebro pensante e de memória, além da tão aclamada liberdade – nega a realidade, os números, as séries históricas, nega sua própria percepção e repete o que lhe disse a imprensa e o que lhe desdiz a realidade.
Chegou-se a ponto da histeria macartista contra a corrução – mesmo que ninguém saiba onde ela está e como funciona – lançar âncora no judicial, que a pretexto de a combater promove a quebra de grandes empresas, desempregando milhares de pessoas. As massas enlouquecidas não param a pensar que não é preciso destruir empresas e por na rua trabalhadores para se combater qualquer coisa.
Andrei, lembro de seus pertinentes comentários no Acerto de Contas (que ressuscitou como blog do PSB pernambucano).
Quanto ao seu post, o que infelizmente estou vendo é que o Judiciário e o MP também, estão mais do que “tirando casquinhas” da situação. Política e juridicamente falando essas instituições estão apostando no aumento do seu poder, mesmo que isso custe sua credibilidade. Esse é mais um dos enormes problemas que restarão ao país depois de toda essa guerra ao PT: Judiciário e MP fortes e sem nenhum controle social. Quem temia absolutismo vindo do Executivo não perde por esperar as cenas dos próximo capítulo.
Arthemísia – de belo nome grego – é uma satisfação ter comentário teu!
Judicial e ministério público são dois monstros. Sem controles. Era previsível que o golpe seria judicial.
Aqui, já escrevi sobre porque estas corporações replicam o conservadorismo. Afinal, quem ganha 40 mil reais mensais identifica-se com quem?
Agora que vi seus posts, aparecerei mais. É um prazer ler textos bem escritos e fundamentados, coisa difícil em muitos blogs.
Infelizmente, o PT e toda a esquerda (até mesmo a acadêmica) desconhecem o campo jurídico e o perfil que os diferentes setores desse campo desenvolveram em meio ao capitalismo neoliberal. Ainda acreditam no mito do Judiciário neutro e legalista e do MP que representa o interesse público. Parece que vai levar um tempo que não temos para que os políticos de esquerda entendam isso.
“…um tempo que não temos para que os políticos de esquerda entendam isso.”
Perfeito.
Prezados Andrei e Arthemisia,
Assim como vocês, também frequentava o Blog Acerto de Contas (e lembro-me bem dos comentários de vocês lá, sempre bastante eloquentes). Isso foi lá em 2008, 2009. Depois disso o Acerto de Contas se popularizou demais, virou uma tribuna de todos, e a qualidade do discurso decaiu – até a baixaria reinava nos comentários. Nem sabia que tinha voltado sob o manto de um partido (PSB). Uma pena, pois o Acerto… era o mais imparcial de todos os blogs sobre política e economia que conheci.
Espero poder retornar mais aqui, quando tiver um tempinho, para debater com vocês. Ah! E concordo integralmente com o post: somos reféns de uma mídia parcial e de oposição aos governos Lula e Dilma. Basta ver o caso do corrupto Eduardo Cunha, que passa ileso, incólume, pelos telejornais do horário nobre, apesar de toda a sua sujeira e de sua figura nefasta ao país.
Abraços,
Daniel Tabosa