Instituto per le Opere di Religione é o nome oficial do Banco do Vaticano, respeitável casa bancária que foi presidida pelo Bispo Paul Marcinkus, de 1971 a 1989. Um banqueiro longevo, como é raro acontecer. Uma longevidade que implicou na brevidade de outras instituições, como o Banco Ambrosiano, e na brevidade do presidente deste, Calvi.
A lavagem e o branqueamento de dinheiros das máfias – italianas e não italianas – foram tão intensas que Monsenhor Marcinkus teve que retirar-se de cena e voltar para Chicago. Claro que foi uma saída honrosa, daquelas que se devem aos grandes colaboradores. Não abandonaram Marcinkus ao azar, deram-lhe uma saída possível.
Ele aceitou-a, como aceitou quase todos os papéis, inclusive os mais grandiosos, como arquitetar e financiar a eleição de Wojtyla para Bispo de Roma. Alguns vêem também o desempenho de outros papéis difíceis – embora menos nobres – como a passagem de Luciani para outros tempos…
O caso é que Monsenhor Marcinkus operou grandes transformações, intermediou sinais, para utilizar-se a terminologia de Paulo. Por sua competência bancária, vários grupos formalmente inexistentes funcionaram como se fossem empresas detentoras de inocentes contas no Citibank, e nem empresas eram…
Sindicatos sem dinheiro funcionavam como prósperas iniciativas, por obra de Monsenhor Marcinkus… A Democracia Cristã era um aglomerado de bem-intencionados sem recursos e, nada obstante, havia dinheiro para mansões na Tunísia.
Hoje, beatifica-se Wojtyla porque uma mulher curou-se de Parkinson ou Alzheimer – não fui verificar – e se esquece de Marcinkus, companheiro de milagres e grande promotor do milagreiro beatificado. Ele, que operou milagres imensos, entre os quais não falar nunca, hoje é esquecido.
Para que justiça fosse feita, considerando-se que Wojtyla é beato oficial, Marcinkus devia ser santo!