São precisamente onze horas da noite. Vizinho ao prédio em que moramos, há uma pizzaria. No prédio em que moramos há muitos velhos e alguns deles doentes. Ou seja, é um lugar bom de morar, porque é silencioso.
Eis que há uma festa de aniversário no restaurante vizinho. A tal festa, como não poderia deixar de ser, tem todos os elementos do mau gosto dominante: um carro que pára em frente, com um fulano ao microfone, aos berros, dizendo pieguices em homenagem ao aniversariante.
Depois da sessão de dramatização vulgar aos berros, fogos, foguetões, um barulho danado. Depois, música em alto volume.
Isso é simplesmente proibido, como inúmeras outras coisas são. É proibido porque agride as pessoas que moram ao redor, evidentemente. Trata-se de harmonizar os interesses dos habitantes de uma cidade. Se tudo for permitido, qualquer invasão das esferas alheias, a bem da liberdade de uns, torna-se a barbárie.
E não se trata de proibir as pessoas de comemorarem coisa alguma. Quer fazer barulho, entra em uma boate fechada e destrói os tímpanos!