Esse negócio que sai nos jornais com o curioso nome de plano de ajuda – ou de resgate – à Grécia, foi aprovado. O governo grego vai tomar emprestados mais cento e tantos milhões, ou são mil milhões, de euros e a falência formal é adiada mais uma vez.
Nos EUA, Obama vai cedendo, a pouco e pouco, e as coisas tendem ao desfecho previsível: o limite de endividamento aumenta e todo o dinheiro arrecadado com impostos, pagos somente pelos mais pobres, vai para os bancos.
Nesse Brasil de meu Deus – como diria meu querido Rafael – o representante unificado dos grandes bancos resolve que o Estado deve pagar 12,5% de juros anualizados por seus títulos. Uma linda política monetária, resolvida para manter a inércia da drenagem de dinheiro da imensa maioria para os credores.
Uma política bela, que faz de nossa moeda uma das mais valorizadas do mundo, em um país que tem caríssimo e ruim; sim, ao mesmo tempo. É aquela estória de que o mundo vai acabar-se – e pode mesmo – e nós corremos riscos imensos e por isso temos que ter a maior taxa de juros do mundo. Isso, mesmo que a inflação esteja sob controle, mesmo que a dívida pública não passe de 56% do PIB…
Mandam os bancos. E fazem-no por toda parte, seja onde os bancos centrais são privados, como nos EUA, seja onde são aparentemente públicos, como na Europa e no Brasil.
Há uma questão interessante nisso tudo, que pode gerar problemas à medida que as coisas complicam-se. Os bancos pagam-se em dinheiro, em promessas de pagamento – que são a mesma coisa, afinal – ou em coisas mais reais, como produtos, recursos naturais e força de trabalho a baixo preço? Ou aceitam de tudo?
O probleminha pode ficar mais evidente se percebermos que a esticada da corda até uma tensão muito grande pode desacreditar os meios de pagamento. Caso aconteça isso, outro problema tende a surgir: as coisas reais – até mesmo petróleo – podem ficar difíceis de se trocarem. Aí, voltamos a problemas que inquietavam gentes como Colbert, ou seja, voltamos a pensar em ouro, em frações dele monetizadas…