Não falarei de Niemeyer, pois que seria presunção e inutilidade. Dele falam os prédios que fez, como de Velazquez as Meninas, o Crucificado e a Forja. O elogio fúnebre faz-se dos soldados desconhecidos tombados em combate, precisamente por desconhecidos e não artistas.
Os artistas não se elogiam, apreciam-se-lhes as obras e isso basta.
Mas, há quem faça, tanto os elogios fúnebres, como as acusações pósteras. Os resultados vão de nada à vilania mais pura, pela ordem.
Filopseudeis, presentemente empregado na redação de uma revista, deu-se à acusação póstera do grande artista, com a previsível exposição da incontida vilania. Ele é muito representativo de certo estado de alma mais comum do que gostaríamos de supor: a entrega total à desonra, à grosseria e à vulgaridade.
A partir da década de 1980 intensificou-se o triunfalismo da sentença curta, aparentemente chistosa, aparentemente brilhante e claramente agressiva. O banditismo selvagem destes anos, que se quis batizar de neo-liberalismo e pretendeu-se o anúncio da parúsia, teve bastardos. Um deles auto-intitulou-se intelectualidade pós-moderna.
Como todos que participam de grandes anunciações, essa nova seita não precisa de qualquer moderação, pensamento, dialética, boas maneiras, nem nada que lembre os antigos bons modos, sejam de pensar, sejam de agir. Os portadores da boa-nova podem expandir-se como bem quiserem e seu dizer as coisas é cortante, grosseiro e supõe-se inquestionável.
Semi-letrados triunfantes a soldo de funcionários de bancos enfatuados em Armanis e ostentadores de Rolex que se passeiam em BMWs esportivas são a morte da intelectualidade. O modelo criou público adequado para si: uma massa que acredita, já em segundo grau, que a acutilada derramadora de gotas purpúreas é a suma manifestação da mente brilhante.
As massas não pedem sangue , senão que não pedem além do que recebem. Se é sangue ques lhes dão, é ele que antes recebem que pedem.