Richard Nixon.
Richard Nixon foi o bandido mais inteligente da política norte-americana nos últimos cem anos. A grande viragem econômica do mundo deu-se com ele, por meio do maior calote já dado: a desatrelação do dólar norte-americano ao ouro. Isso permitiu a continuidade da elevação do nível de vida sem necessidade de poupança. Passariam, então, a ser os maiores consumidores e devedores do mundo.
Ele percebeu uma coisa que dá náuseas em muitos, mas que deve ser dita. Que o lastro do dólar em urânio enriquecido era mais forte que em ouro. Na verdade, um e outro sinal desse fascínio de Nixon pelo metal não-ferroso extremamente pesado já se conhecia.
A conversa mantida com Henry Kissinger sobre o lançamento de bombas nucleares no Vietnam já se conhecia. Então, ele já via sua popularidade despencar por conta da guerra no sudeste asiático e perguntou a Kissinger o que achava de usar as Bombas. O secretário teria objetado que era excessivo. O presidente o teria instado a pensar grande.
Encontraram uma forma menos drástica e mais sofisticada de acabar a guerra. Foi a visita de Nixon a Mao, na China. Essa magnífica manobra diplomática evidenciava que a guerra não tinha mais qualquer sentido, porque se o presidente norte-americano visitava o chinês estava claro que a tese do efeito dominó não tinha mais serventia e aplicação.
Agora, documentos que deixaram de ser sigilosos apontam que Nixon cogitou das Bombas contra a Coréia do Norte, em 1969, na esteira de tensões decorrentes da derrubada de uma avião de espionagem norte-americano pelos norte-coreanos. Na ocasião, elaborou-se um plano de nome Freedom Drop – essa insistência deselegante e ridícula com a palavra freedom devia ensejar estudos – que continha as linhas gerais de um ataque com vários artefatos nucleares táticos.
É interessante notar as estimativas de baixas civis, feitas na ordem de uns cem a alguns milhares. Revela claramente o baixíssimo nível de preocupação com a letalidade das medidas, pois de uns a muitos vai um imenso caminho. Essa imprecisão evidente permite ter idéia que o número de baixas civis não estava entre as grandes preocupações.
Essa vontade nixoniana de lançar as Bombas no sudeste asiático – diante de qualquer situação mais fraturante – também interessa para compreender-se o discurso norte-americano atual sobre as armas nucleares. Hoje eles falam bastante em evitar que algum país desenvolva essas armas porque não seriam detentores seguros e confiáveis das Bombas.
Mas, parece ficar muito claro em que mãos elas estão inseguras. Ora, eles cogitam a três por quatro lançar bombas atômicas sobre os outros, preocupam-se muito pouco com as baixas civis que isso acarretaria, e ainda sentem-se à vontade para acusar outros países de serem inseguros?
São coerentes, todavia. Israel treme-se de desejo de lançar as suas Bombas sobre o Irã e não faz questão de escondê-lo. E são festejados pelos Estados Unidos da América como seguros e confiáveis aliados! Claro, pensam da mesma maneira.