O caos e a ordem convivem em harmonia… Lima.
Lima é uma cidade feia, suja e desinteressante. Uma São Paulo piorada. Dois dias no máximo, pois não há o que se fazer lá. Este era o testemunho que obtive de algumas pessoas que haviam conhecido a capital Peruana há alguns anos. Imagino que algo mudou…
Ao sairmos do aeroporto, o caos mostrou a sua face. O trânsito é realmente caótico. A buzina é a consagração nacional. Uma loucura! Porém, o mais incrível é que não há agressividade nas pessoas, caso possam imaginar os mais adiantados.
Não presenciamos uma única expressão de inquietação, raiva ou impaciência dos motoristas, sejam nos táxis ou nos coletivos. Cruzam-se vias sem qualquer pudor, ultrapassam-se sinais vermelhos, interrompem-se cruzamentos, tudo orquestrado reiterada e harmoniosamente pelas buzinas. Violência – além da sonora – não há!
Superada a impressão inicial, estávamos na periferia de Callao, em direção a Lima, propriamente, quando algo nos chamou muitíssimo a atenção: apesar de estarmos em uma região pobre, não havia lixo nas ruas.Não havia um único saco de lixo esquecido nas ruas!
Afastada a sugestão de que os cientistas pré-hispânicos haviam criado dutos subterrâneos para incinerar seus detritos no centro do planeta, constatamos que o lixo era depositado e recolhido nas ruas durante a madrugada. Assim, mantinha-se limpa a cidade… toda ela, democraticamente!
Na cidade de Pizarro, bastava o clima – 17° C, sem precipitação – para causar apreço pela cidade, e afastar a lembrança do calor desconfortável e irritante do Recife. Mais do que isso, verdes parques e lindas praças surgiam de todos os lados em nossas expedições.
Prédios e monumentos históricos bonitos e conservados a impressionar e retratar a implacável colonização hispânica. Luminosas fontes a dançar em harmonia com as estações de Vivaldi e outras do gênero. Pessoas simpáticas e ótimo atendimento em todos os locais. Investimentos vigorosos na urbanização das margens do pacífico. Não faltam motivos, pois, para gostar da cidade, para se sentir bem.
Não posso esquecer o mais importante: poder andar pela cidade sem qualquer receio de violência, nem providenciar esconderijos genitais para pertences…sem medo, enfim. Banalidade tão evidente que desconhecemos e ainda pagamos caro por tudo.
Eis Lima, uma grande cidade, cosmopolita, onde o histórico convive em harmonia com o moderno, com muitos contrastes, é verdade, mas limpa e organizada… mais justa com os seus.