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Serra é vítima de um atentado: uma bolinha de papel na cabeça!

Leio que José Serra foi atingido na cabeça por uma perigosíssima bolinha de papel, em uma caminhada no Rio de Janeiro.

E que, por conta da gravidade do episódio, teve que abandonar o evento da campanha e submeter-se a uma tomografia!

É natural que candidatos, conforme o momento, ora queiram mostrar-se agressivos, ora queiram o papel de vítimas. Mas, assim é mesmo ridículo.

Pelo menos Serra teve o motivo para deixar de fazer o que não gosta, andar em meio a povo e os jornais e TVs tiveram o motivo para criar um drama em torno a uma bolinha de papel.

Jogo muito sujo do Serra.

Não acho beleza ou sofisticação nos argumentos tu quoque, que nem argumentos são, a rigor. Entre duas pessoas que tenham algum respeito por si e pelo interlocutor e não dissimulem, raramente uma objeção deste tipo será usada, porque serão improváveis situações limites que a recomendem.

Isso acontece entre particulares que se supõe discutem honestamente e um nível de clareza relativamente alto. Política, todavia, é outra esfera. Não que seja uma esfera onde tudo é permitido, ou onde funcione aquele eufemismo weberiano para o vale-tudo. É outra esfera em relação ao primeiro exemplo porque é pública e porque muitos estão quase sempre dissimulando e mentindo. Então, a objeção tu quoque tem muita serventia.

José Serra buscou fazer terrorismo contra Dilma Roussef dizendo que ela aprovará o aborto no Brasil. A estratégia visa a obter os votos dos religiosos cristãos praticantes.

Ora, o aborto no Brasil é materialmente uma realidade. Ademais, é uma prática virtualmente legalizada, inclusive por atos de José Serra quando era ministro da Saúde!

É infame e profundamente vil que Serra utilize o que ele mesmo normatizou como argumento para fazer terrorismo eleitoral, embora não seja surpreendente, vindo de quem vem.

Essa postura não tem paralelo em algumas acusações que se fazem a Serra. Quando se diz, por exemplo, que Serra pretende vender o que resta de patrimônio público é porque ele e o grupo de que fez parte realmente vendeu o que podia na ocasião. E quem acusa não fez o mesmo, portanto não está sujeito ao tu quoque.

As tentativas de suavizar a patifaria terrorista serrista baseiam-se na superficial idéia de que todos são no fundo iguais, embora não sejam. Idéia aparentada a tolices diversas que pretendem desprestigiar a política, afirmar a inexistência de ideologias e reduzir tudo a um discurso gerencial de manual de graduação.


José Serra: deslealdade e inverdade.

O candidato à presidência José Serra é opositor do Presidente Lula. Este lançou e apoia a candidatura de Dilma Roussef, que foi ministra da Casa Civil, o mais poderoso ministério do governo brasileiro. Dilma Roussef está na frente em todas as pesquisas de intenções de votos e deve mesmo ganhar as eleições de outubro.

O candidato José Serra representa o modelo oferecido pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e a candidata Dilma representa o que foi oferecido por Lula, isso é uma maneira inevitável de ver as eleições próximas. Ora, o governo de Fernando Henrique terminou mal avaliado e o de Lula termina muito bem avaliado.

O que faz José Serra? Faz um jogo de impostura e dissimulação e chega ao ponto de por imagens de Lula na sua propaganda eleitoral televisiva! Serra quer dizer que não é quem é. Quer dizer que está próximo a Lula, embora sempre tenha-se oposto a ele e tenha deixado ou estimulado que pessoas próximas a ele fizesse constantes acusações de baixíssimo nível contra o Presidente.

Serra devia colocar no seu programa imagens de Fernando Henrique, de quem foi ministro duas vezes e de quem é próximo desde há muito. Devia pô-las e defender o governo de Fernando Henrique, se conseguir encontrar aspectos defensáveis.

Realmente, agindo desta forma, Serra aumenta a percepção de que é destituído de escrúpulos, como diz Ciro Gomes enfaticamente. E de que é dissimulado e não merecedor de confiança. Com relação a confiabilidade e a limites, tem-se o eloquente exemplo de seus companheiros de partido Aécio Neves e Geraldo Alckmin, que já experimentaram a deslealdade que as ambições imediatas de Serra acarretam.

Nenhum dos dois utiliza muitas imagens ou referências a Serra em suas campanhas, embora sejam do mesmo partido. No caso de Aécio Neves, candidato ao Senado por Minas Gerais, ele, na verdade, não fala, nem pede votos para José Serra. Comporta-se quase como se não houvesse uma eleição presidencial daqui a dois meses.

Além de ser objetivamente ruim alinhar-se politicamente a Serra, ou seja, é algo que não acrescenta votos, ninguém sente-se ligado a ele por deveres de fidelidade, exceto grande parte da imprensa e alguns políticos menores que vivem de favores imediatos.

José Serra daria uma contribuição ao processo democrático se assumisse claramente o que é e o que representa. Se defendesse o governo e as idéias a que serviu longamente. Se defendesse um rol enorme de privatizações feitas a bem dos grandes grupos, apenas. Se defendesse a redução dos programas sociais de inclusão. Se defendesse a intolerância com pessoas de outras regiões do país.

Se defendesse claramente a subserviência aos interesses externos e a tese de que o Brasil está fadado, deterministicamente, a ser subdesenvolvido. Se defendesse o abandono a todas as alianças de sucesso com outros países sul-americanos. Se defendesse a abolição dos esforços diplomáticos brasileiros como país relevante no canário mundial.

Enfim, José Serra devia ser o que é, ao invés de abandonar-se à infâmia de ser um feroz opositor que usa oportunisticamente as imagens daquele a quem se opõe.

Vote em um careca e ganhe dois. Isso é José Serra.

Não almoço com moralistas de ocasião, que compõem o tipo característico do pirata brasileiro que lança brados ao ar contra a corrupção de costumes. É a gente mais hipócrita e corrompida que há.

No vídeo acima, o candidato José Serra, muito sorridente, faz piada afável com o ex-governador José Roberto Arruda, o homem que foi filmado recebendo suborno.

José Serra é um paladino da moralidade!