O Presidente Lula lançou o edital para contratação das obras do trem de alta velocidade entre o Rio de Janeiro e Campinas. Na ocasião apontou os responsáveis pelo seguimento adiante do projeto, entre eles Dilma Roussef, a candidata a presidente. Ela realmente é uma das responsáveis, pois era, há pouco, a ministra mais poderosa do governo.

O Presidente não disse vote em Dilma Roussef ou não vote em José Serra. Ele disse que ela trabalhou naquele projeto que estava a ser lançado. Isso não configura qualquer infração eleitoral e é deveras comum.

Por conta disso, uma zelosa e aparentemente muito parcial procuradora do ministério público eleitoral anunciou na imprensa que vai pedir punição para o Presidente e para a candidata Dilma Roussef. A parcialidade é tão evidente que a doutora anuncia seu furor persecutório a um dos lados nos jornais, antes mesmo de intentar qualquer ação judicial!

O agente político não pode servir-se do Estado para fazer sua campanha mas pode, sim, revelar a paternidade de uma e outra obra. Aliás, exatamente como faz o Governador de São Paulo, o que sucedeu a José Serra, que vive a inaugurar obras e lançar projetos e a dizer isso foi o Serra que fez.

Curiosamente, o ministério público eleitoral não vê nas condutas do atual governador de São Paulo qualquer infração – e não há mesmo – embora sejam essencialmente as mesmas que aponta como delituosas no Presidente da República.

Ora, uma das perguntas a serem feitas é: a população pobre deste país paga caríssimo por um ministério público de salários régios para ele ser parte das engrenagens de um golpe judicial contra a democracia?