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O forró, o “for all” e a kizomba.

De uns anos pra cá, geralmente na época do São João, surge uma estória de que o nome “forró” seria o aportuguesamento de “for all”, e que seria usado por soldados americanos para falar de festas “para todos” (tradução ao pé da letra de “for all”) onde tocava a música que hoje se conhece por forró… Logo o nome do nosso estilo musical nordestino, nos teria sido presenteado, até isso, pelos americanos.

Acho que além de inverídica, para não dizer estapafúrdia, a estória contada nos deprecia… O que se chama de cultura, e nos chega desde os Estados Unidos da América, não é exatamente algo que eu diga que tenho orgulho da influência, em nossos regionalismos, sabendo que, hoje em dia, há até mesmo cópias de músicas em inglês, adaptadas apenas ao nosso ritmo. Esse tipo de estória aparece, e fica nessa obscuridade, até por improbalidade, não se pode provar o contrário, e talvez por isso mesmo, ganhe ares de coisa séria.

A kizomba é uma dança africana, de Angola, onde há um baile muito parecido ao de nosso forró, apesar do ritmo ser bastante diferente. Isso é fácil de ver e provar. Mas penso que dizer que forró é “for all”, e que veio dos EUA, gera, para algumas pessoas, mais estatus, do que dizer que aprendemos a dançar com os africanos e que o forró parece MUITO com a kizomba!

Deixo vocês com uma pequena aula, olha só o “passo base” e diz se não é forró direitin! =)

Forró, Baião, Xote e afins porra… Que afinal é São João!! =)

Flávio José apareceu devagarinho e tomou, bem tomado, um lugar que estava sem dono fazia tempo. Afinal, o poder não aceita vácuo…
http://www.youtube.com/watch?v=MatHc5hgNic
“Pra todo mundo”:

Pra todo mundo
A minha cara é de alegria
Porque ninguém tem nada a ver
Com a minha dor
O meu lamento
Ninguém não pode dar jeito
Se todo mundo tem
A marca de um amor (bis)

Ai! tem um amor
Que dá prazer e alegria
Tem outro amor
Que faz a gente delirar
Há quem diga
Que tem amor diferente
Que amarra a gente
Pelo jeito de olhar, oi!
Quanto mais quente
Mais fogoso é duvidoso
E o mais gostoso
Bota a gente pra chorar

Essa era muito cantada por Marinês, infelizmente não consegui encontrar com ela no Youtube, só com Genival Lacerda, que sempre fez um genero mais escrachado, mas ta ai representando, a terra, a música e até mesmo, quem sabe, Marinês.
http://www.youtube.com/watch?v=77hRI2ghhHw
“Quem dera”:

Quem dera ter você de novo
De novo, chegando
Quem dera ter você agora
De novo, me amando

Gostoso era o tempo de lua na beira do mar
um cafuné na rede, um chamego daqui, um chamego de lá
E o amor espalhando a doidice quando não se foi
Mas quem é que não sente saudade do tempo que foi tão feliz

Por último a música que deveria ir era “Quando o mês de Junho chegar”, dela não encontrei nenhum intérprete, então fica só na letra…

“Quando o mês de Junho chegar”:

Quando o mês de junho chegar,
eu vou, eu vou me esfarrear.

Eu vou brincar de roda,
eu vou forrorear,
pra festejar São João,
só, só no arraiá,
tem milho no asseiro bom de quebrar,
e tem moça donzela doidinha pra se arrumar.

E tem jenipapo, tem canjica-ca,
já tem um sanfoneiro pra tocar pra nós dançar.

Para substituir ela, encontrei outra de Flávio José, essa mais séria, e uma de minhas preferidas…
http://www.youtube.com/watch?v=53vscfKLQ4w

“Cidadão comum”:

Sou um sujeito
Pacato nordestino
Acredito até mesmo no destino
Posso até ser chamado sonhador
Acredito em tudo que eu quero
Apostei tudo em mim e considero
Que o opositor é um perdedor
E assim vou seguindo a minha sina
Sou um forte de alma nordestina
Obrigado a sair lá do sertão
Acredito em tudo que eu faço
Se deixei minha terra
É porque acho que não sou
Só um simples cidadão

E você me vem
Com esse preconceito
Pode despistar
Que eu não aceito
Pois eu nasci lá
E não sou mais um
Sem ter importância
Cidadão Comum

Se não fosse
Essa seca que atormenta
Expulsando de lá
Toda essa gente
Nos tornando um povo sofredor
Como é que vivia o paulistano
Sem contar com a força do baiano
Que sem dúvida
É um bom trabalhador
Se o nordestino tivesse cuidado
E escolhesse um governante arretado
Que investisse um pouquinho no sertão
Queria ver se o Rio e São Paulo
Sem contar com os maus remunerados
Se não iriam cair na depressão

Severiano Miranda