Um torneio de equipes nacionais, como a copa do mundo de futebol, da Fifa, é ocasião de exacerbação de ufanismos emocionados. As cores nacionais são o elemento mais marcante, estão nas roupas e nas caras das pessoas, em bandeiras e em faixas, por todos os lados, enfim. É mais ou menos como o choro, esse transbordamento nacionalista, substitui uma emoção forte por uma fraca. Assim são os símbolos, entretanto.

Eventualmente uso uma camisa da equipe argentina, o que não significa que me tenha tornado ou que me queira tornar argentino, mas uso-a. E percebo reprovações, umas mais diretas, outras mais laterais. Todas, porém, profundamente bobas ou hipócritas. Geralmente, as mais enfáticas são as menos sinceras, porque são bastante conhecidos os indivíduos que venderiam o país inteiro, enquanto agitariam entusiasmadamente a bandeira da nação vendida.

Os fiscais de patriotismo são os grandes infames, herdeiros da acusação inquisitorial, aquela que sabe muito bem quais são os riscos reais, mas prende-se aos sinais e aos detalhes. Um modelo quase perfeito de hipocrisia, depurada de seus elementos acidentais, destilada de quase todas as impurezas. Hipocrisia quase nua, que se socorre apenas de emocionalismo superficial para tapar-lhes as partes mais pudendas.

Eles querem a adoção da simbologia, a solidariedade na repetição dos lugares-comuns, a embriaguez sem sentido de uma catarse inexistente. Eles deviam ir a guerra, em homenagem a tão grande patriotismo. Mas, eles, quando vão à guerra, são os que desertam!