Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

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Brasil 3 x 0 Chile.

A equipe brasileira faz 3 x0 no Chile e avança para topar-se com a Holanda. Os jogadores talentosos fizeram a diferença, porque a equipe brasileira é competente, mas no mesmo nível de outras também eficientes. Talento, para explicar a fartura no uso da palavra, é o que explica o chute a gol de Robinho.

O Chile foi o que vinha sendo, rápido, insinuante e ingênuo. Não se pode dizer que foi adversário fraco, mas foi superestimado.

Vou achar muito interessante se o Brasil ganhar o mundial e a imprensa brasileira, notadamente a Globo, for pedir entrevista ao treinador Dunga, impiedosamente atacado apenas por não ser subserviente aos caprichos arrogantes da Globo.

Ele teria, então, uma bela ocasião de evidenciar o que é ser treinador, por um lado, e o que é viver a farsa do patriotismo ufanista de ocasião, por outro.

Ele, o Dunga, formou uma equipe, no mínimo, no mesmo nível das outras que se consideram fortes candidatas ao título. Poderia ter levado jogadores mais habilidosos? Poderia, claro. Poderia jogar um futebol bonito? Poderia, evidentemente.

Mas, não foi por falta de talento ou por feiúra futebolística que foi demonizado, porque a Globo não está dando a menor importância a isso. Foi por ter separado trabalho de treinador e festa mediática.

No fundo, o melhor que faria Dunga, caso vencesse o mundial, era dar nenhuma entrevista e ir confraternizar-se com os seus. Afinal, o que se fez se viu.

Abandonemos a estupidez. Não há destempero de Dunga. Há perseguição da Globo contra ele.

Não é advertência inútil.

A menção ao lugar-comum da moda – destempero – deve-se à preferência quase unânime por ele. Querem dizer desequilíbrio que, de resto, seria a palavra adequada se realmente ocorresse.

O que ocorre é retaliação da Rede Globo, de forma patife, ao treinador da equipe brasileira porque ele não presta absoluta vassalagem e submissão aos interesses dessa corporação mediática. Atacam-no segundo seu roteiro de costume, na televisão e no jornal diário que mantém.

No jornal, atacaram-no com uma mentira. Disseram que a Fifa estudava puní-lo por dizer palavrões, o que foi desmentido pela entidade futebolística. Ou seja, sem eufemismos ou lugares-comuns, era mentira.

Os palavrões que o Dunga tenha dito são tolices de uma desimportância imensa. Nem Carlos Lacerda daria importância a palavrões de um treinador de equipe de futebol! Existem grosserias imensas que são realizadas sem a pronúncia de um único palavrão e, nem por isso, deixam de ser grosserias.

Parece que o recurso à escandalização da trivialidade está a revelar-se improdutivo para a Rede Globo, todavia. Algumas enquetes sobre a polêmica criada deliberadamente apontam que as pessoas, entre Dunga e a Globo, ficam com o primeiro, por larga margem. Sinal de que a tolice e a iniquidade nem sempre triunfam.

Nesse caso, a Globo parece estar sem saídas, pois nada indica que consiga passar à segunda etapa do programa. A primeira, como sempre, é acusar o alvo de desequilibrado, louco, ou incapaz. A segunda é acusá-lo de desonesto. Talvez, à falta de deslizes que possam configurar alguma desonestidade, a Globo siga seu roteiro, desta feita como farsa grotesta. Ou seja, que procure seguir seu caminho de aprofundamento da mesquinharia.

Vão ridicularizar suas roupas – como se isso tivesse alguma importância – vão falar dos seus cabelos, vão apontar algum plural esquecido em alguma entrevista. Vão seguir seu rumo de tentar destruir quem se interponha, ainda que minimamente, no seu desejo de predomínio absoluto.

Os infames apostam sempre na infâmia. Ou, porque a imprensa tem raiva de Dunga.

Uma parte significativa da imprensa brasileira tem fermentado e repercutido um conflito iniciado por ela com o treinador da equipe brasileira, o Dunga.

O treinador, sabiamente, reduziu bastante o contato da equipe com os media. Nada que signifique algum deserto de informações mas, certamente, uma situação diferente do contubérnio que havia entre repórteres, futebolistas, treinador, lobistas, corretores de futebolistas, companheiras de futebolistas, cartomantes, especialistas em parábolas descritas por bolas de futebol e outros seres mais.

A imprensa não vive de notícias, ela vive de novidades, que são basicamente trivialidades alçadas à condição de fato relevante, ou simplesmente criações. Todavia, as invenções precisam também de alguma base, porque do nada, nada sai. Daí, é preciso ter jogadores de futebol a darem entrevistas sobre qualquer bobagem para, a partir de então, começar a reverberar a bobagem.

É preciso algum escândalo ou qualquer coisa que se aproxime minimamente disso. Entrou no hotel da equipe um grupo de quatro moças airosas. O fulano e o sicrano conseguiram inserir no quarto do hotel meia garrafa de vodka. Realmente, sem esse combustível fático não há razões para se ouvirem especialistas em psicologia, sexologia, alcoologia, fisiologia e outras mais ciências.

O Dunga acabou com isso e ignorou as opiniões dos especialistas de plantão e a soldo das redes de televisão, nomeadamente a Rede Bobo. Ele é, portanto, um herético e merece o tratamento prescrito para esses casos. O manual do repórter inquisidor é bastante claro e simples.

A primeira etapa implica em qualificar o herege de louco, destemperado, descontrolado, sem condições emocionais e esperar que ele aceite o rótulo. Lembro-me agora disso a funcionar como humor e punição por infâmia, quando João da Ega faz Dâmaso Salcede assinar um documento declarando-se um bêbado contumaz e irresponsável pelo que diz. Mas, isso é arte, e nesse caso o infame era o Dâmaso e voltemos às coisas piores.

Se o herético não aceita essa generosa oferta dos inquisidores repórteres de qualificar-se como um destemperado – que esse é o lugar-comum da moda – então ele incorrerá na segunda forma prescrita: será acusado de desonesto. Para tanto, qualquer coisa serve, verdadeira, desprezível, ou simplesmente inventada.

Essa linha de ação jornalístico-inquisitorial pressupõe algo terrível. Pressupõe que o acusado é infame como os acusadores e  que não está disposto a ter respeito por si mesmo. Ocorre que nem sempre isso se verifica! Não convém tentar acuar um homem sério, que ele pode reagir e, mais que isso, ele pode triunfar.

Se a equipe brasileira do Dunga for a grande vencedora deste mundial dar-se-á o seguinte: Dunga terá revelado que estava correto e os infames revelarão que sempre foram infames e indignos, porque buscarão apropriar-se da vitória e esquecer-se que o tinham atacado violentamente.

Em ano de Copa do Mundo…

Depois da escalação de Dunga, técnico da seleção brasileira, não falar nada, nadica de nada, de futebol, é sacanagem… Então vai esse pequeno vídeo, que não por acaso, é da Argentina… Mas calma, poderia ser aqui perfeitamente, não que seja motivo de orgulho, afinal, de tanto gostar de futebol, eu preferiria qualquer das outras benesses, mas em ano de copa, deixemos a chatice pra depois…

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Severiano Miranda