Jornal aos domingos pela manhã é hábito fortíssimo. De uns tempos para cá, vai ficando difícil manter o hábito, embora sempre os queiramos manter. Sim, porque ler jornal por ler, independentemente da qualidade, seria preço muito elevado.
A imprensa brasileira, em geral, é muito ruim, o que não tem a ver com a qualidade dos jornalistas, mas com a qualidade dos patrões, que inclusive dão-se à diversão de se dizerem também jornalistas. Desfaçatez, apenas.
Continuo a ler o Diário de Pernambuco, aos domingos, pois é um jornal razoável. O Jornal do Comércio, de Recife, tornou-se impossível. E uma das coisas que fazem o DP razoável é o caderno Aurora. Despretencioso e profundamente não provinciano, a segunda característica exatamente devida à primeira. Jornalismo, simplesmente, como deixa-se de fazer.
Podia ser apenas um colunismo social mal-disfarçado, ou a comum autoreferência de meia dúzia, mas não. Os jornalistas escrevem sobre alguma coisa do Recife, no formato jornalístico propriamente dito. Falam com um e outro, põem na matéria o que os escutados disseram, dão opiniões, poucas é verdade. Um pouco de humidade na aridez dominante, um alento.