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Jorge Eliecer Gaitán
A companhia United Fruit plantava bananas para exportação, na região colombiana de Magdalena e mantinha os trabalhadores das plantações em condições próximas à escravidão. Esses trabalhadores mantinham vínculos por meio de contratadores, ou seja, por arrendadores de trabalho. O número é estimado entre 10.000 e 30.000 e tal imprecisão deve-se, tanto à precariedade dos registos, quanto à precariedade decorrente das relações de contratação por pessoas interpostas.
Em novembro de 1928, um sindicato lançou petição de reinvidicações, notadamente de respeito às normas de segurança do trabalho, de habitações com adequadas condições higiênicas e aumentos de 50% nas remunerações. Basicamente, tratava-se de pedir o cumprimento de quanto já se encontrava nas leis trabalhistas colombianas de então.
A United Fruit Company negou-se a atender qualquer das reivindicações e mesmo a iniciar qualquer negociação. Iniciou-se a greve dos trabalhadores e o General Carlos Cortés Vargas foi enviado à região, supostamente para intermediar alguma solução negociada entre os grevistas e a UFC.
Não houve grandes recuos da UFC, que insistia na manutenção das condições extremamente precárias dos trabalhadores das plantações bananeiras. As greves continuaram e evoluíram para o bloqueio dos embarques de bananas nos trens, em Ciénaga. O governo colombiano editou o Decreto Legislativo nº 1, que declarava o estado de sítio na região, por perturbação da ordem pública, e fazia do General Vargas chefe civil e militar da mesma região.
Cortés Vargas, pleno de poderes excepcionais, determinou a proibição de qualquer reunião de mais de três pessoas e prometeu atirar na multidão, caso desobedecido. Na madrugada do dia 06 de dezembro de 1928, Vargas ordenou a formação da tropa e leu as ordens para a multidão dispersar-se, em cinco minutos. Passados esses escassos minutos, deu-lhes mais um mísero minuto e cumpriu a promessa.
Então, o exército colombiano fuzilou trabalhadores colombianos desarmados, matando-os às centenas, para atender aos interesses de uma companhia estrangeira! O próprio embaixador norte-americano, Jefferson Caffery, em informe para o Departamento de Estado, asseverava a ocorrência de mais de 1000 mortes.
O político Jorge Eliecer Gaitán denunciou a chacina no congresso colombiano, acusou os militares de ação premeditada em estado e embriaguez e mencionou trens carregados de cadáveres que seriam jogados ao mar. É óbvio que Gaitán tinha interesses políticos em fazer as denúncias. Ao menos eram interesses contrários àqueles de quem mandou o exército disparar contra seu próprio povo, colocando-se a serviço dos interesses de uma empresa de fora.
A UFC – United Fruit Company era apenas a face mais visível da duradoura vassalagem que a Colômbia presta aos Estados Unidos da América. O aspecto talvez mais simbólico do enorme poder que tinham, a ponto de fazer um governo ir aos píncaros de mandar o exército massacrar uma população porque esta contrapunha-se à empresa e pedia o cumprimento das normas laborais.
As UFCs, que são muitas e não somente bananeiras, caracterizam-se não apenas pela exploração profunda, como pela desfaçatez sem limites. Agora mesmo, acesso o sítio de internet da companhia – http://www.unitedfruit.org/gaitan.htm – e leio um texto em que desfaçatez, a hipocrisia e a indignidade transparecem em todas as palavras.
O site da companhia em benefício de quem mataram-se mais de mil colombianos trata do assunto, a propósito de uma brevíssima biografia de Gaitán, como se ela nunca tivesse estado na Colômbia. Parece até que não sabem nem mesmo o que é uma banana. Parece que o General Vargas era um desconhecido deles. Faltou apenas apresentar condolências aos descendentes dos que morreram por vontade da própria UFC e por execução do governo colombiano.
A violência e a quase total subserviência aos Estados Unidos da América caracterizam a vida, a economia e a política colombianas. A trajetória de Gaitán é emblemática desse modus político colombiano.
Jorge Gaitán poderia ser classificado como um liberal com preocupações sociais, pois nada que se aproximasse minimamente de um esquerdismo merecedor do nome havia então. Político de origens médias, advogado, extremamente popular, seguiu o cursus honorum. Foi deputado, senador, prefeito de Bogotá, ministro de mais de um governo.
Candidatou-se à presidência pelo partido liberal e, por sua popularidade nas classes médias baixas, tinha enormes chances de vitória. Foi assassinado quando saia de seu escritório, episódio que desencadeou uma onde de violência sem precedentes em Bogotá, conhecida como o Bogotazo.
A multidão rumou para o Palacio de La Carrera, residência presidêncial. Tanques de guerra dispararam e mataram aproximadamente 300 pessoas. A confusão generalizou-se por Bogotá e espalhou-se pelo país. O governo fez concessões ao partido liberal e evitou uma guerra civil aberta. Ela, todavia, seguiu subterrânea.
O negócio da cocaína viria reanimar a violência na Colômbia. Traficantes enriqueceram vertiginosamente e cooptaram porções da classe política. Convivem – em harmoniosa hipocrisia – a produção e venda de cocaína com o vigoroso discurso contra essa atividade. Na verdade, a origem das duas coisas é a mesma.
Não há, nem na Colômbia, nem nos EUA, qualquer instância dirigente preocupada com o comércio de cocaína, senão como uma desculpa para mais violência e uma forma de turvar a percepção de coisas mais sérias. Os dirigentes políticos têm relações íntimas com o tráfico de cocaína.
Um primo do Presidente da Colômbia Álvaro Uribe, o ex-senador Mário Uribe, é processado por associação com o tráfico. O pai do Presidente, era ligado a Pablo Escobar, aquele que se tornou o protótipo de traficante demonizado mediaticamente. Um general do exército colombiano foi preso na Europa traficando cocaína. As conexões são muito evidentes para serem desprezadas.
O caminho da militarização precisa de desculpas e cortinas-de-fumaça para seguir seu rumo. Por isso, as acusações exaustivamente repetidas de envolvimento das Farc com o tráfico de cocaína são pueris, quando se sabe que quase tudo e todos estão nesse negócio. Na verdade são dois grupos que atuam no mesmo ramo acusando-se mutuamente e abrindo caminho para a continuação da violência.
Juntamente com as Farcs e com os inúmeros grupos mercenários, o exército regular colombiano desempenha um infame papel. O governo instituiu premiações em dinheiro e em promoções na carreira militar para a captura e eliminação de guerrilheiros das Farcs. Resultou em uma das atitudes mais infamantes que um exército pode ter – digna daquela de 1928.
Sabe-se que militares colombianos vêm assassinando camponeses que nada têm com as Farc e reportando as ações como de combate a essa banda guerrilheira, para receber as recompensas! É o caso conhecido como os falsos positivos. Ou seja, matança de civis com motivos fraudados para ganhar dinheiro.
Não é tarefa simples desmontar essa conflituosidade com tão fortes raízes históricas. E a insistência no disfarce, o desvio de atenção com acusações a países vizinhos, nada disso ajuda positivamente.
Recebi esse texto de um amigo colombiano, dei uma olhada na história de Antanas Mockus. Conversando com Izabella (namorada), descobri que ele contratou mímicos para ridicularizar pessoas que violavam as leis de trânsito, e descobriu que dava mais resultado do que multas, já que as pessoas ficavam envergonhadas com as besteiras que faziam reproduzidas pelos mímicos, também apareceu na TV tomando banho com a esposa para ensinar as pessoas a economizar água. Como, domingo (30/05/2010), foram as eleições na Colômbia, e vai acabar tendo segundo turno, achei interessante passar o texto para frente por aqui, afinal tá na hora de esquecer um pouco os hermanos de baixo (Argentina) e olhar um pouco pros hermanos de cima, tá na hora de acabar o esquema de futebol de cabeças e falsos positivos por lá… Os colombianos agradecem.
(Infelizmente o texto todo está em castelhano, mas fora algumas palavras próprias de escândalos e regionalismos acredito que dê pra ler sem maiores problemas)
Severiano Miranda
Por: Miguel Ángel Bernal (Movimiento Visionarios por Colombia)
Cuando nací, en julio de 1974, el presidente electo era el liberal Alfonso López Michelsen. Poco supe de él. Sólo que se inventó una ventanilla siniestra para que los narcos lavaran la platica en el Banco de la República y que su primo hermano, Jaime Michelsen Uribe, desfalcó al grupo Grancolombiano en miles de millones de pesos dejando en la calle a muchos ahorradores.
Luego, cuando tuve alguito de uso de razón, en 1978, fue electo el también liberal Julio César Turbay Ayala. De él supe un poco más, pero no más alentador. Tenía una política que se conocía como el Estatuto de Seguridad que en el papel era para preservar la democracia y en la práctica era para matar a comunistas armados y desarmados. Además, el M-19 se le tomó una embajada llena de embajadores y se le fueron para Cuba muertos de la risa. Para la posteridad sólo lo recordaría como la inspiración de los mejores chistes idiotas de idiotas que hubiese podido escuchar. Ahora para contárselos a mi hijo le tengo que hacer una clase de historia de este pintoresco personaje.