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Tag: Bomba Atômica

O Brasil precisa de armar-se.

À direita e à esquerda – que não sou desses novos direitistas que negam a dicotomia – receia-se postular que o país se arme adequadamente para autodefesa. O receio, por razões diferentes, é bastante indicativo de outra dicotomia fundamental: entre nacionalistas e entreguistas.

Os grupos que se opõem ao armamento adequado do país fazem-no basicamente por medo de forças armadas detentoras de bons equipamentos, por medo de forças armadas capazes de garantir a soberania e por crer que há outras prioridades no gasto público. Percebe-se que o terceiro argumento é quase neutro, porque pode ser adjacente aos dois primeiros.

As forças armadas têm histórico de ajuda a golpes de estado, no Brasil, sempre em auxílio dos grupos que não logram êxito na obtenção do governo por meios eleitorais. Todavia, essas forças que ajudam golpes ou os realizam não precisam necessariamente estar bem equipadas, porque nunca chegamos ao limite duma guerra civil. Elas patrocinam golpes de Estado mesmo sendo mal equipadas e mal treinadas.

Por outro lado, historicamente, a divisão entre nacionalistas e entreguistas é bem marcada nas forças armadas e sempre houve, ainda, os legalistas, ou seja, grupo que não adere a iniciativas golpistas. Assim, a balança é desequilibrada por ação de forças outras e externas às forças armadas, independentemente de quão equipadas sejam.

É óbvio que, cedo ou tarde, se não conseguirem aceder às riquezas minerais e ao mercado brasileiros sem limites, os EUA aumentarão a intensidade das tentativas de desestabilização de governos que se preocupam mais com interesses locais que com transferir riquezas para fora e ficar com as comissões. De início, são pressões disfarçadas com argumentos que soam bem aos ouvidos de parte das classes mais altas.

Em momento posterior, das pressões passam à intimidação e à busca de pretexto para invocar suspensões ou perdas de soberania localizadas e pontuais. O discurso ecológico serve bem a esta segunda volta do parafuso e dizem que o país é incapaz de garantir patrimônios naturais que se convertem, discursivamente, em patrimônios mundiais que devem ser protegidos por fiscais externos.

Não há recuo nisso exceto se o país vítima for capaz de defender-se. Realmente, se a vítima potencial tiver real capacidade de defesa, até essas etapas iniciais tendem a morrer logo após o nascimento, porque neste campo há pouco discurso inútil.

É claro que o Brasil foi imensamente estúpido ao abrir mão de fazer sua bomba atômica e que, agora, é um pouco tarde, mesmo que nunca seja tarde de todo. Retomar a construção da bomba é essencial e, contra os raciocínios baseados no senso comum, é muito mais barato que pode parecer. A bomba é caríssima para economias pequenas que não se beneficiam da enorme cadeia de produção tecnológica e industrial, mas é relativamente barata para economia do tamanho da brasileira, considerando-se todos os efeitos econômicos e estratégicos que decorrem.

De qualquer forma, mesmo que continuemos nesta tolice de renunciar à bomba, devemos ter uma defesa adequada e isso implica, basicamente, sistemas anti-mísseis, anti-navios e anti-aéreos. Não precisamos de largos investimentos em infantaria, nem em cavalaria mecanizada. Tampouco precisamos de uma marinha opulenta ou com inúteis porta-aviões.

Baterias de mísseis anti-navios e anti-aéreos devem ser instaladas ao longo da costa brasileira e na amazônia. Da mesma forma, bases aéreas com poucos caças como Sukhoi 35 ou Dassault Rafale equipados com armamentos contra embarcações e contra alvos aéreos são o suficiente. O que precisamos de infantaria e de cavalaria mecanizada deve ficar nas fronteiras orientais ao norte.

É completamente anacrônica a estratégia de defesa que reputa prioritárias as fronteiras sul, com Argentina e Uruguai. É mais que anacrônica, é mesquinha, a manutenção de enormes contingentes militares burocráticos no Rio de Janeiro. Esses dois exemplos de prioridades e falsas prioridades revelam que as forças armadas sucumbiram à lógica do oportunismo de funcionalismo público e nada mais.

Precisamos de 60 Rafales e outros tantos Scalp nucleares, além de 10 submarinos. Ou, a Bomba Atômica, para ser claro.

O discurso do desarmamento no galinheiro alheio é meio de roubar-lhe as galinhas. Nesse assunto – como geralmente nas coisas sérias de vida – vale o tudo ou nada. O contrário é hipocrisia e moralismo de escravos, de jornal das oito da noite. Ou seja, coisa que pressupõe superioridades morais que não existem nas relações internacionais.

Com relação à detenção de armamentos nucleares, pouco não é diferente de tudo. Para o mundo, é indiferente que um, dois ou mil países detenham armas nucleares, pois os riscos são os mesmos. Diferença haveria se nenhum  as detivesse: essa é a verdade despida dos mil-e-um acessórios que existem para estupidificar a discussão.

A pergunta óbvia que esclarece o raciocínio é a seguinte: por que eu quero que você não tenha bombas atômicas, embora queira eu tê-las? Porque eu quero mandar em você, roubar-lhe e ser árbitro final de suas decisões.

Mas eu digo que você não pode tê-las porque elas só estão seguras comigo. Por que essa idéia obtém tantos adeptos, a repeti-la como a um frase mágica? Porque é a idéia mais tola e falsa e, precisamente por isso, a mais apta a ser maioritariamente seguida.

Embora canse e não atraia atenções, um pouquinho de lógica vem a calhar. Se alguém, ou mais de um, têm bombas em quantidades suficientes para dar cabo do mundo, não há qualquer sentido em afirmar-se que a segurança mundial diminui se outros mais as tiverem.  O elemento principal, que deve ser apontado como qualquer obviedade deve, é a quantidade suficiente para acabar com tudo. Pronto, eis o risco, o número mágico; depois disso, o absurdo.

Para manter-me honesto comigo mesmo devo dizer que haveria também diferença se apenas um as detivesse. Sim, porque bastaria a ele ameaçar usa-las. Mas essa suposição é inútil, por duas razões: a primeira, de cunho fático. Ora, as armas nucleares são possuídas por mais de um, então, volta-se ao caso de a única solução ser ninguém as deter.

A segunda razão é que um mundo em que só um as detivesse seria a dominação absoluta e a redução dos restantes à mais aviltante subserviência e miséria. Algo difícil de afirmar-se preferível a qualquer outra situação, até mesmo ao fim total.

A bomba é das coisas mais geniais que já se inventaram, ao lado da penicilina e dos opiáceos sintéticos. Ela é a maximização do poder de negociação, com os menores custos. Ela é, inclusive, o que torna as escaladas militares o contra-senso de despesas absurdas que se vê. Prova que o complexo industrial-militar – na terminologia brilhante de Eisenhower – é um sistema auto-alimentado e sem sentido.

Depois das 100 ogivas e dos mísseis para leva-las, quem precisa de biliões de dólares gastos em navios, metralhadoras, soldados e outras coisas mais deste gênero? Quem precisa são os militares e os industriais que vivem em perfeita simbiose para roubar o dinheiro do povo pagador de impostos.

Os países roubam-se e isso não constitui qualquer novidade. Rouba quem pode e é roubado quem não pode evitar e tem o que ser levado. Depois do assalto consumado, o aparelho de propaganda vem fazer seu serviço de convencer os roubados de que nada aconteceu, de que se trata de livre mercado, meritocracia e outras tolices mais.

Sempre roubou-se e sempre se produziram discursos para justificar os roubos. Uns roubam para civilizar, outros roubam para converter a uma fé. Alguns não são roubados porque conseguiram evita-lo.

O Brasil é um país extremamente atraente para ser roubado. Hoje, nem tanto o roubo da força de trabalho, que essa é melhor de roubar-se na Ásia. Mas, quanto a recursos naturais, é bastante atrativo. Trata-se de óleo combustível, minérios sólidos metálicos e não-metálicos, água e soja, basicamente, embora não apenas.

Coisas que, não à toa, a propaganda vem dizendo que serão menos necessárias, por conta do avanço tecnológico. Discurso para tentar convencer os roubados de que seus recursos valem ou valerão pouco. Mentiras, enfim, porque não há tecnologias que permitam a redução significativa da demanda por tais recursos.

Mentiras rasteiras que seduzem pseudo-modernos com discursos pueris como, por exemplo, o do carro elétrico. Ora, a energia que move o carro elétrico não sai do nada, ela sai da queima de alguma coisa que alguém deixou de comer, das quedas d´água, da fissão do urânio…

A única forma de equalizar a produção e o consumo de recursos naturais e, consequentemente, a necessidade de rouba-los, seria o que ninguém quer falar: o empobrecimento de quem está mais rico. Claro que acontecerá, mas haverá percalços.

Para não sermos roubados, mais imediatamente falando de óleo, precisamos da bomba. Claro que precisamos dos seus vetores, os aviões, mísseis e submarinos, mas isso é o mais fácil. Precisamos da bomba, a despeito de tratados de imposição de subserviência – como o de não proliferação nuclear.

Coisas de pequena monta, bastando lembrar o exemplo israelense, que revela a desimportância de ONUs da vida e suas resoluções, reiteradamente descumpridas por Israel sem quaisquer consequências pois, afinal, Israel tem a bomba e a ONU que se f… A imprensa cuida bem de demonizar os outros por tolices e fazer esquecer quem descumpre os papéis da ONU, com sucess0 e, provavelmente, com a anuência da própria ONU.

Há um risco? Sim, há. De termos a bomba e passarmos a querer, além de evitar o roubo dos nossos recursos, roubar os dos outros. Há precedentes disso? Muitos, basta lembrar o que fazem todos que as detém em nome de sua segurança.

Risco foi tê-las inventado…