Não sou cientista climático, mas não perdi, nem a memória, nem a capacidade de perceber as temperaturas, nem o interesse por informações. Sei, também, que as tendências só podem ser afirmadas a partir das séries de muito longo prazo. Mas, essas séries apontam, sim, um aquecimento médio nos últimos quatrocentos anos.

Verificam-se derretimentos de neves que se reputavam permanentes. Derretimentos e deslocações de grandes massas de gelo das regiões polares e sub-polares. Avanço nas áreas desertificadas, irregularidade crescente do ciclo de chuvas e estiagens. Picos de calor nos verões e de frio nos invernos. Maior indefinição entre as estações do ano.

Enfim, as sensações de calor absurdo nas épocas quentes são corroboradas por muitos dados colhidos e catalogados sistematicamente. Os céticos do aquecimento global dizem, basicamente, duas coisas: primeiro, que não seria possível afirmá-lo sem séries climáticas históricas extremamente longas; e, segundo, que ainda que esteja havendo, não é possível relacioná-lo com a atividade humana.

O argumento dos ciclos e de seu tamanho parece-me quase um sofisma. Ora, se se parte para pensar em ciclos imensos, tem-se que aceitar a existências de sub-ciclos, inseridos noss maiores. Aí, as coisas ficam na mesma situação. Se estamos dentro de um sub-ciclo de aquecimento – dentro de outro muito maior de aquecimento ou de esfriamento – pouco importa-me, a mim que estou sentido mais calor a cada ano.

Outra ponto do sofisma é considerar grandezas da magnitude da história de um planeta relacionáveis com o período de vida de uma geração. Ora, se um ciclo de aquecimento de quatrocentos anos pode ser desprezível numa escala que mede o surgimento da terra, ela é bastante palpável para as pessoas que sofrem seus efeitos.

Já a negativa dos efeitos das ações humanas no aquecimento e noutros aspectos do ambiente parece-me ciência financiada por companhias de petróleo e outras mais interessadas, pura e simplesmente.

O avanço das áreas desérticas, por exemplo, é um dado empírico incontestável e constitui-se em efeito e causa dentro da mesma cadeia de deterioração ambiental, de que o mais evidente e desagradável resultado são as temperaturas elevadas, cada vez mais constantes.

Os gases de efeito estufa são obra da atividade humana, quer decorram da queima de hidrocarbonetos, quer decorram dos flatos dos bois e vacas que nós comeremos. E, ao que tudo indica, eles agem, sim, no sentido de acarretar um aquecimento global. As devastações de coberturas vegetais nativas agem para reduzir a humidade, alteram o ciclo de chuvas e findam por resultar em aumentos de temperaturas.

As crescentes aglomerações urbanas aumentam o consumo de recursos naturais, notadamente em transportes, o que implica mais consumo de hidrocarbonetos.

Enfim, se isso é um ciclo que não permite concluir por uma tendência definitiva, não sei. Mas, sei que de uns tempos para cá está cada vez mais quente e não tenho dúvidas de que é necessário reduzir a voracidade com que se consomem recursos naturais finitos.