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Aborto: Bispos brasileiros deixam-se instrumentalizar politicamente.

Primeiramente, deve-se dizer que nenhum dos dois candidatos à presidência propõe a legalização ampla do aborto. Ambos propõem o óbvio, ou seja, que seja dada assistência médica no serviço público às mulheres que necessitarem dela, seja em decorrência de complicações no aborto, seja para realizá-lo nas hipóteses legalmente previstas – risco de vida, por exemplo.

Em segundo lugar, é preciso deixar claro que o Ministério da Saúde tem normas para tais atendimentos e que muitas delas foram editadas por José Serra, o candidato que, hoje, de forma canalha, torna essa bobagem em convite à ressureição de Torquemada. Serra foi ministro da saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso e tratou da questão de forma clara e correta. Hoje, serve-se do tema para fazer terrorismo político religioso e assustar as massas.

Muitos religiosos, de várias denominações, prestaram-se ao infamante papel de ser instrumento de campanha para Serra, repercutindo mentiras e instilando um medo infundado. Se eles querem ter uma postura pública contra qualquer hipótese de aborto, inclusive quando há risco para a gestante e quando a gestação decorre de estupro, que o façam, fortes na sua estreiteza mental.

Se querem ser contra o aborto em qualquer hipótese, movam uma campanha contra a lei que o permite em algumas poucas situações. Mas, não movam uma campanha contra uma candidata que não disse o que afirmam ter dito. Isso é pusilanimidade e aceitação do papel de instrumentos de campanha.

Meia dúzia de bispos brasileiros, príncipes da Igreja, prestaram-se a esse papel de propagandistas políticos, papel muito desconforme ao que se supõe serem as atribuições e o nível de conhecimentos de um Bispo. Eles sabem ler, então duas conclusões são possíveis: ou não leram os programas e falam contra de forma leviana, ou leram e movem-se por má-fé deliberada.

Essa é uma falsa polêmica, criada artificialmente para atingir a candidata Dilma Roussef. Além da candidata nunca ter falado em propor a legalização ampla do aborto, essa é uma matéria afeta ao parlamento. E do parlamento ninguém fala!

O melhor comentário sobre essa patifaria toda em torno ao aborto e ao que não se disse sobre ele, fez Severiano. Ele disse que se os homens engravidassem ninguém perderia um segundo a contestar a possibilidade de aborto, que em uma sociedade profundamente machista como essa, nunca se negaria uma vontade masculina. É isso mesmo.