Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Sincretismo pictórico da escola cusquenha.

La ultima cena, de Marcos Zapata.

Essa tela impressionante encontra-se na Catedral de Cusco, antiga capital do Império Inca. É um belo exemplar da escola cusquenha de pintura, que vicejou nos séculos XVII e XVIII. Um elemento destacado é a presença de aspectos culturais locais nas representações de cenas clássicas do cristianismo.

Na última ceia acima pode-se notar que o prato principal é um cuy, um porquinho do mato, muito apreciado no Perú. Estão presentes outros alimentos típicos da região, como o milho e as batatas. Ocupam os lugares dos tradicionais carneiro e pão de trigo, comuns às representações pictóricas de matriz européia.


6 Comments

  1. Olívia Gomes

    Sincretismo religioso a toda prova.

  2. André Raboni

    Andrei,

    De acordo com a ética alimentar dos judeus (kashrut), que não comem carnes de porcos (nem de lebres, coelhos e camelos), essa tela pode ser considerada uma heresia.

    Se um hebreu observasse essa tela e a chamasse de herege, seria uma infâmia contra a boa arte meio barroca, meio cusquenha.

    • André Raboni

      Ah, complementando,

      A representação da tela em questão, claro, é cristã, mas Cristo era judeu, assim como seus seguidores presenciais, e ao que tudo indica, não comiam porquinhos, nem do mato, nem de chiqueiro…

      Mas, descontextualizando pra cometer uma heresia voluntária, diria Cortázar (meu vício de ultimamente…):

      “Nous sommes tous des juifs allemands!”

      • andrei barros correia

        André,

        O comentário de Cortázar é precioso e sutilíssimo, a despeito de parecer avassalador.

        Realmente, as imagens são heréticas. O artista cusquenho talvez tenha captado amplamento o sentido de nova aliança.

  3. André Raboni

    Já vistes o anjo Letiel do Maestro de Calamarca?

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Cuzco

    As cores são vivas. O verde das pernas parecem varas de bambu. As asas são suntuosas; embora sutis. Uma cara europeia numa representação cusquenha. Bom de se ver.

  4. andrei barros correia

    Essa não tinha visto. As cores são exuberantes e falta quase completamente perspectiva. Muito bonita.

    Na verdade, meus poucos conhecimentos limitam-se às pinturas da Catedral de Cusco. A maioria de Zapata e Tito. Todas com motivos religiosos, o que chama bastante atenção para o sincretismo.

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