Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Quando os selvagens tomam a cidade. Uma vaquejada em Campina Grande.

Há uma vaquejada aqui em Campina Grande, neste final de semana. Organizadores e promotores dela ufanam-se de ser a maior do Brasil. Pouco me importa o tamanho do evento, pois o tamanho dos aborrecimentos gerados, esse é bem grande.

A derrubada do boi por dois cavaleiros é prática antiga e bem enraizada na cultura nordestina. Tem matrizes ibéricas e diferencia-se do que os norte-americanos – e muitos brasileiros deslumbrados – chamam rodeio. Conseguiu-se tornar essas corridas de derrubada do boi em grandes festas.

Por aqui, duas formas de má-educação já são bastante frequentes e notáveis: colocar músicas em alturas estupidamente altas e fazer todo tipo de absurdos no trânsito. Pois a ocorrência da vaquejada consegue piorar esse cenário já terrível.

Nesse preciso momento, um selvagem põe uma música horrível em volume ensurdecedor, em algum sítio nas ruas adjacentes à minha residência. Na verdade, pouco importa a qualidade da música, pois de 120 decibéis em diante qualquer som é insuportável. E, certamente, não é um caso único. Os mal educados possuidores de carros com aparelhos de som dignos de boate estão por todo os lados.

O trânsito também apresenta uma piora, pois o pior sempre é possível. E isso não se deve apenas ao nível alcoólico dos condutores, que sempre está elevado nos finais de semana. A coisa piora por conta do estado mental de descompressão, de falta de limites.

Escandaloso mesmo é que os praticantes desses absurdos não acreditam minimamente que estão fazendo algo desagradável para os outros. Esse é o sinal verdadeiro da barbárie, ou seja, achar que ela é o estado normal.

3 Comments

  1. oliviagomes

    Tens razão quando te referes ao estado mental de descompressão, de falta de limites. Transcende à falta de educação, é maior e pior que ela.

  2. Ana Angélica Ribeiro

    Andrei,
    Nunca fui muito fã de vaquejada nem de rodeios. Manifestação gratuita de maus-tratos e crueldade com os animais, apenas isso. Tanto é que evento cultural semelhante, ocorrido em Santa Catarina, conhecido como a “Farra do boi”, já foi declarando inconstitucional pela Suprema Corte brasileira.
    E, como todo acontecimento cultural que envolve multidões, invariavelmente ocasiona restrições aos que dele não compartilham. Sofrem, sem poder fazer grande coisa…

    • Andrei Barros Correia

      Ana Angélica,

      Concordo que vaquejadas e rodeios implicam em crueldades com os animais.

      Não pus em evidência esse aspecto porque – acho que voce concordará – realmente é muito menos cruel que a farra do boi. Essa é uma verdadeira carnificina, muito superior inclusive, em crueldade, às touradas.

      O resultado desses eventos é que sofremos, os que não compartilhamos o gosto dessas festas e os bichos.

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