Esse tipo social é interessantíssimo se o pudermos observar um pouco à distância. Interessante ainda que maçante e perigoso. Ele, geralmente, afeta mansidão, mas manso e pacífico não pode ser, tanto pelas idéias professadas, quanto pela forma de pensar não pensando. Sua aparente mansidão é efeito de preguiça, ou de covardia, ou de complexo de inferioridade – sua face mais sincera e portanto escondida.
É profundamente violento, pois são violentos os que mesmo prolixos não aceitam qualquer dialética e, ademais, operam a partir de um acervo prévio e limitado de idéias. Não gostam de ver correr sangue, mas pouco se lhes dá se este sangue correr fora do seu alcance visual. A hipocrisia evidentemente não poderia ser ingrediente alheio ao tipo.
O tipo não se pretende intelectual, o que, à partida, pode levar a crer não ser pretensioso; mas é profundamente pretensioso, contudo. Está certo de ser um ser atualizado – esta é sua marca e aspiração – e portador de informações gerais a comporem o acervo da conversação em sociedade.
Pretensioso também por julgar-se merecedor de feed back para todas as reproduções que faz do que recebeu da TV e de revistas supostamente informativas. Ora, não lhe passa pela cabeça que essas coisas não foram feitas para serem objetadas ou contrariadas, tamanha sua vacuidade. Não é capaz de um grama de originalidade – de nada que saia de sua própria cabeça – nem de reproduzir algo de nível.
Mas o tolo prolixo quer entreter uma conversação e aparenta querer ouvir opiniões contrárias ou diferentes. Quer opiniões até quando se trata de fatos ou absolutas desimportâncias que não dão ensejo a opiniões. Na verdade, o que quer é a discussão do detalhe sobre alguma idéia, do que absolutamente não infirma a tolice que reproduziu, de algum aspecto lateral. Assim, segue a conversa sem qualquer dialeticidade, mas repleta de lateralidades inócuas. E mantém-se o monólito da tolice inicialmente colocada para discussão.
O mais terrível, contudo, é não aceitar o silêncio, esta grande homenagem que se faz a si mesmo e ao tolo prolixo…
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