O golpe judicial-mediático segue um guia muito bem definido e hoje promoveu o sequestro do ex-Presidente Lula para humilha-lo. Falou-se em condução coercitiva para prestar depoimento à polícia federal. Ocorre que o sistema jurídico desconhece condução coercitiva de quem não se recusou a ir depor.
Montou-se uma encenação digna de filme ruim de hollywood; uma verdadeira palhaçada, cara e desnecessária. O sequestro de Lula implicou a participação de duzentos policiais vestidos como soldados de elite, todos a portarem metralhadoras. Envolveu dezenas de veículos e cinco helicópteros. Como se um velho de setenta e tantos anos oferecesse algum perigo…
A encenação faz parte da narrativa. É talvez a parte mais eloquente, posto que de apelo visual de uma linguagem a que a classe média está acostumada precisamente por ser a dos filmes que ela aprecia. É a linguagem visual da violência, cujo protótipo é o militar em indumentária de combate e fortemente armado.
De pouco adiantaria o golpe final a ser dado contra Dilma e o Estado de direito no TSE com um Lula politicamente viável para as eleições presidenciais de 2018.
Em dois anos ou pouco menos que isso as atuais oposições aplicam políticas brutalmente regressivas e condenam milhões de pessoas ao reempobrecimento, que isto se encontra no seu programa. Um governo das atuais oposições terá de satisfazer o anseio das classes médias de devolução dos servos às senzalas. Terá de cortar programas de rendimentos mínimos porque é isso que espera deles pelos que os apoiam.
Todavia, pouco menos de dois anos não serão suficientes para cumprir a íntegra do programa entreguista que prometeram aos patrões reais.
Daí que um candidato de esquerda como Lula, em 2018, depois da deterioração da qualidade de vida e do poder de compra dos que ascenderam nos anos de governo dele, seria muitíssimo competitivo. Exatamente por isso, talvez mais importante que derrubar Dilma é interditar Lula.
É possível que os golpistas adiram à mais vil das estratégias que é tornar o país caótico e ingovernável até o término do mandato de Dilma, sem contudo consumar o golpe de Estado. Assim, chegaríamos a 2018 sem candidatos nacionalistas viáveis e os entreguistas teriam reais chances de ganhar nas urnas e cumprir todo o programa de empobrecimento dos que ascenderam e entrega das riquezas nacionais.
Eita situação difícil.