A colocação de Unamuno é bonita mas também é simplista…
.. Hitler deve ter lido muito e também viajado muito.
Não acho que o caminho seja por aí.
A luta de classes, uma legislação rigorosa e a eventual inversão de posições através de alguma força pode dar alguma satisfação às vítimas do racismo. Vide USA…
Contra o fascismo ainda não meditei e concluí nada sobre como acabar com ele…
Creio que Unamuno fez prescrições válidas. E creio que Adolfo Hitler não tenha lido assim tanto, embora fosse inteligentíssimo. Mas, não era um erudito.
Quanto a viajar, estou certo que Adolfo Hitler fe-lo pouco. Andou entre a Áustria natal e a Alemanha e foi uma única vez a Paris.
Enfim, acho a recomendação de Unamuno muito refinada.
Andrei,
Concordo quanto ao refinamento da recomendação de Unamuno… para uma classe de leitores também refinada e que queira aprender.
Mas, de tão refinada, penso não atingir a pessoas “programadas desde a infância a serem racistas e fascistas”; para esse extrato, imagino, só medidas de força policial e jurídicas mesmo.
No livro “The Constantine Sword” (traduzido como “Os judeus e a igreja”, no Brasil), o autor, um ex-padre católico e jornalista americano, James Carrol, diz que viveu como criança na Alamanha do início do pós-guerra como filho de um general católico da USAF no período de ocupação.
Era totalmente proibido aos alemães falar em público contra negros, judeus e outras minorias.
Na semana santa, entretanto, as massas católicas alemães deliravam quando o padre dizia na missa “… e os judeus o mataram !”.
Era o único momento de expressão da verdade intrínseca do racismo e do antisemitismo “a priori” do povo alemão.
Se a coisa fosse na Espanha, Itália, França, Rússia, Suécia, e talvez até em Portugal, a população nativa reagiria da mesma forma…
Seguindo a recomendação de Unamuno sobre ler para se combater o fascismo e o seu racismo de base, digo mesmo que aprendi um bocado sobre as origens dos preconceitos que ouvi na infância em colégios religiosos e em família, lendo sobre as origens deles e a que interesses foram criados e utilizados.
O livro é denso e bom e o importei dos USA há alguns anos.
Abração,
Sidarta
Concordo contigo. A coisa vai depender da base em que se semeia. Todavia, a base sempre pode melhorar.
Lembrava-me de um episódio interessante de Miguel de Unamuno. Ele era reitor de Salamanca. Nos princípios da aventura de Primo de Rivera, ele ficou inerte, não viu grandes perigos e seguiu o sacerdócio acadêmico.
Uma vez, já instalada a ditadura de Franco, houve uma solenidade qualquer na universidade de Salamanca.
Vieram o general Astray – homicida fascista conhecido – e um séquito de militares, para solenidade na Universidade.
Pelas tantas, Astray faz um discurso fascista, mas tão fascista, que gerou descontentamento. Ele percebe o mal-estar e resolve redobrar a aposta e diz a célebre frase: Muerte a la inteligencia!
Essa proclamação escandalosa é repetida e aplaudida pela platéia de militares.
O velho Unamuno, que ia vendo as coisas como se fossem pouco perigosas e passageiras, reage, de uma reação verdadeiramente corajosa e de um homem que talvez acreditasse que não o molestariam ou que assumia os riscos, ou que, talvez, velho demais já desprezasse os riscos.
Vira-se para Astray e diz que ele nunca podia dizer aquilo na universidade mais antiga de Espanha. Diz-lo para todos escutarem e cassa a palavra do general! Proclama-se a morte da inteligência em qualquer lugar, em qualquer quartel, mas na Universidade não.
Miguel de Unamuno não é molestado, excepto pela retirada da reitoria e da preparação para morrer, de velho. Não que Franco tenha sido misericordioso – nem muito menos Astray, que era mais burro que Franco – mas que deve ter julgado Unamuno inofensivo, embora tenha afrontado um general prontamente.
Ele era, de fato inofensivo, porque poucos liam e lêem. O perigo reside precisamente em mais passarem a ler.
A colocação de Unamuno é bonita mas também é simplista…
.. Hitler deve ter lido muito e também viajado muito.
Não acho que o caminho seja por aí.
A luta de classes, uma legislação rigorosa e a eventual inversão de posições através de alguma força pode dar alguma satisfação às vítimas do racismo. Vide USA…
Contra o fascismo ainda não meditei e concluí nada sobre como acabar com ele…
Sidarta,
Creio que Unamuno fez prescrições válidas. E creio que Adolfo Hitler não tenha lido assim tanto, embora fosse inteligentíssimo. Mas, não era um erudito.
Quanto a viajar, estou certo que Adolfo Hitler fe-lo pouco. Andou entre a Áustria natal e a Alemanha e foi uma única vez a Paris.
Enfim, acho a recomendação de Unamuno muito refinada.
Andrei,
Concordo quanto ao refinamento da recomendação de Unamuno… para uma classe de leitores também refinada e que queira aprender.
Mas, de tão refinada, penso não atingir a pessoas “programadas desde a infância a serem racistas e fascistas”; para esse extrato, imagino, só medidas de força policial e jurídicas mesmo.
No livro “The Constantine Sword” (traduzido como “Os judeus e a igreja”, no Brasil), o autor, um ex-padre católico e jornalista americano, James Carrol, diz que viveu como criança na Alamanha do início do pós-guerra como filho de um general católico da USAF no período de ocupação.
Era totalmente proibido aos alemães falar em público contra negros, judeus e outras minorias.
Na semana santa, entretanto, as massas católicas alemães deliravam quando o padre dizia na missa “… e os judeus o mataram !”.
Era o único momento de expressão da verdade intrínseca do racismo e do antisemitismo “a priori” do povo alemão.
Se a coisa fosse na Espanha, Itália, França, Rússia, Suécia, e talvez até em Portugal, a população nativa reagiria da mesma forma…
Seguindo a recomendação de Unamuno sobre ler para se combater o fascismo e o seu racismo de base, digo mesmo que aprendi um bocado sobre as origens dos preconceitos que ouvi na infância em colégios religiosos e em família, lendo sobre as origens deles e a que interesses foram criados e utilizados.
O livro é denso e bom e o importei dos USA há alguns anos.
Abração,
Sidarta
Concordo contigo. A coisa vai depender da base em que se semeia. Todavia, a base sempre pode melhorar.
Lembrava-me de um episódio interessante de Miguel de Unamuno. Ele era reitor de Salamanca. Nos princípios da aventura de Primo de Rivera, ele ficou inerte, não viu grandes perigos e seguiu o sacerdócio acadêmico.
Uma vez, já instalada a ditadura de Franco, houve uma solenidade qualquer na universidade de Salamanca.
Vieram o general Astray – homicida fascista conhecido – e um séquito de militares, para solenidade na Universidade.
Pelas tantas, Astray faz um discurso fascista, mas tão fascista, que gerou descontentamento. Ele percebe o mal-estar e resolve redobrar a aposta e diz a célebre frase: Muerte a la inteligencia!
Essa proclamação escandalosa é repetida e aplaudida pela platéia de militares.
O velho Unamuno, que ia vendo as coisas como se fossem pouco perigosas e passageiras, reage, de uma reação verdadeiramente corajosa e de um homem que talvez acreditasse que não o molestariam ou que assumia os riscos, ou que, talvez, velho demais já desprezasse os riscos.
Vira-se para Astray e diz que ele nunca podia dizer aquilo na universidade mais antiga de Espanha. Diz-lo para todos escutarem e cassa a palavra do general! Proclama-se a morte da inteligência em qualquer lugar, em qualquer quartel, mas na Universidade não.
Miguel de Unamuno não é molestado, excepto pela retirada da reitoria e da preparação para morrer, de velho. Não que Franco tenha sido misericordioso – nem muito menos Astray, que era mais burro que Franco – mas que deve ter julgado Unamuno inofensivo, embora tenha afrontado um general prontamente.
Ele era, de fato inofensivo, porque poucos liam e lêem. O perigo reside precisamente em mais passarem a ler.