Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Mentir vale a pena, está provado.

Científicas medições antropométricas.

Apostar na desinformação e na ignorância das maiorias é arriscar-se pouco. Assim, a mentira, principalmente se for de enormes proporções, vale a pena. No varejo, é mais arriscado, todavia. Portanto, convém ir até os limites da fábula, deixando para trás a simples desfaçatez. Para o êxito, contribuem diversos fatores, sendo que um agente destaca-se, no desempenho de dois papéis similares.

O agente é todo e qualquer meio que lide com a propagação de informações e os meios distinguem-se pela ação e omissão, ou seja, pelo que se diz e se omite. Há quem utilize o termo imprensa mas, na verdade, essa terminologia é muito restritiva, pois deixa de lado outros mecanismos de difusão e de escamoteação de fatos e idéias.

Atenho-me aqui precisamente à fábula dos Estados Unidos da América serem um país constituído sobre a idéia da liberdade. Porém, esse foco deve-se somente a circunstâncias históricas. Se escrevesse em outros tempos ater-me-ia a outros casos, porque os EUA são exemplificativos nos tempos atuais, somente.

A idéia de que a liberdade subjaz a todo o ideário norte-americano triunfou, a despeito de inúmeras evidências em contrário. É coisa velha, é o divórcio do discurso – triunfante – e das práticas. Não se fazem necessárias grandes teorizações, alguns exemplos deixam tudo muito claro.

A nação construída a partir da liberdade manteve e mantém campos de concentração, onde confinam-se acusados não submetidos a processos regulares e formais tendentes à privação de liberdade a partir de balizas legais. Esta mesma nação – orgulhosa de sua constituição plural e dos direitos civis e de cidadania – admite a perda da cidadania sem necessidade de processos regulares formais.

A pátria das liberdades modernas desenvolveu programas de eugenia positiva e negativa, até os anos da década de 1960, de forma bastante clara. Programas de seleção não-natural escolheram quem poderia e não poderia reproduzir-se, a partir de critérios raciais e religiosos, ocorrendo esterilizações massivas e rompimentos de matrimônios por decisões dos poderes públicos.

A mesma gente que praticou eugenia sob os auspícios de cientistas complacentes nunca deixou de fornecer às massas os discursos de acusação do regime fascista alemão pelas mesmas práticas. Sucede que os EUA desenvolveram métodos muito mais sofisticados que a simples eliminação física. Claro que a eliminação e outras brincadeiras médico-científicas deste tipo continuaram à disposição dos que com isso encontrassem infinitos gozos, bastanto dar qualquer coloração de pesquisa científica ao divertimento.

Conseguiram engendrar uma espécie de processo de eugenia por auto-exclusão psico-social do grupo reputado inferior. Além das condições sociais desfavoráveis aos perdedores, incutiram a idéia mais genial e perversa de tantas recentes criações do imaginário: a noção de culpa da vítima. Ao tempo em que é superior à eliminação física porque mantém a mão-de-obra, surte os mesmos efeitos práticos da exclusão drástica.

Essa gente – que levou as captis diminutio minima, media e maxima, do direito romano, aos píncaros – luta pelo mundo a bem das liberdades!

3 Comments

  1. Pedro

    Andrei, sobre a eugenia, inclusive nos EUA, recomendo o documentário Homo Sapiens 1900, do diretor sueco Peter Cohen. Do mesmo diretor, sobre a estética nazista, tem o mais conhecido Arquitetura da destruição.

  2. Julinho da Adelaide

    Andrei. Nunca soube de nada a respeito e estou surpreso. Não com a vilania, prepotência e hipocrisia dos críticos de hitler, mas com o fato destes fatos permanecerem por tanto tempo desconhecidos do grande público.

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