Um espaço de convívio entre amigos, que acabou por se tornar um arquivo protegido por um só curador.

Manipulações existem. Por dinheiro e poder faz-se quase tudo, inclusive uma gripe suína maior que a real.

Há um mito – parente próximo do fetichismo técnico e tecnológico – consistente na crença de que certas entidades são incorruptíveis e que certos assuntos são sérios demais para permitirem manipulações. Ou seja, algo que poderia ser enunciado, em linguagem comum, como acreditar que com certas coisas não se brinca. É sumamente falso, pois esses limites não existem.

A recente gripe suína – que ia dizimar as populações – fornece um belo exemplo. Indubitavelmente, insere-se no rol dos assuntos sérios, por razões evidentes. E assim foi tratada por entidades internacionais, governos nacionais e imprensa. Ninguém queria ser acusado de irresponsável ou leviano, diante das potencialidades destrutivas anunciadas, mas muitos o foram. No Brasil, por exemplo, o governo foi incessantemente acusado pela imprensa institucional de abordar o assunto levianamente.

Há pouco, passada a histeria inicial, duas abordagens mais sensatas vieram à tona. Os governos da França e da Alemanha tornaram público que não comprariam mais as tais milagrosas e absolutamente necessárias vacinas e antivirais contra a gripe. Agora, mais recentemente, cientistas dizem abertamente que o alarma não correspondia aos riscos efetivos e levantam-se suspeitas de corrupção na OMS – Organização Mundial de Saúde.

Mas, o senso comum permanecerá bem obediente aos ditames da mitologia do assunto sério, em que não se admitem leviandades, nem chantagens. Todavia, quem buscar evidências de que esses limites não existem vai encontra-las. Ao que tudo indica, laboratórios farmacêuticos estavam muito mais preocupados em vender seus produtos, pondo sob chantagem quase o mundo inteiro, que desempenhar seus papéis de produtores de remédios e só. Afinal, tanto remédios, quanto armamentos são vendidos!

4 Comments

  1. Pedro

    A notícia abaixo ilustra bem o que você disse. Abs.

    “OMS está sob suspeita de laços com laboratórios na gestão da gripe A

    Valor Econômico Online [ Internacional ] dia/1/10

    (por Assis Moreira)

    SÃO PAULO – A Organização Mundial da Saúde (OMS) está sob pressão crescente de governos e entidades na Europa, sob suspeita de colusão com a indústria farmacêutica no caso da gripe A (H1N1). Graças à venda maciça de vacinas para combater uma pandemia, os laboratórios podem obter até US$ 10 bilhões de lucros suplementares.

    Enquanto a pandemia chega ao seu fim, sem os estragos previstos por especialistas, os governos acumulam medicamento e a ira aumenta sobre os gastos. França, Alemanha, Espanha, Holanda, Estados Unidos tentam revender seus excedentes ou romper os contratos feitos com os laboratórios farmacêuticos.

    A situação chegou agora a tal ponto que o Conselho da Europa, que reúne 47 países do Velho Continente, abriu uma investigação excepcional sobre a influência que teria exercido a indústria farmacêutica sobre a OMS, que decretou a pandemia e a elevou ao nível mais elevado de grau de alerta, fazendo os governos se prepararem para o pior.

    Na segunda-feira, o Conselho da Europa iniciará a investigação. Na quarta-feira, os laboratórios Sanofi Pasteur, Novartis, GlaxoSmithKline e Baxter serão interrogados no Senado francês. O Parlamento russo (Duma) também abriu uma investigação por “corrupção” e chegou a ameaçar se retirar da OMS.

    As denúncias contra a OMS começaram a se propagar depois que um membro da comissão de saúde do Conselho da Europa, o médico e epidemiologista alemão Wolfgang Wodarg, não hesitou a fazer uma denúncia sobre “um dos maiores escândalos médicos do século”.

    “Os laboratórios farmacêuticos organizaram essa psicose”. Ele questiona “laços incestuosos” entre a OMS e os laboratórios. Segundo ele, “um grupo de pessoas na OMS está associado de maneira muito estreita com essa indústria”.

    Para Wodarg, tudo começou com a gripe aviária de 2005-06, quando a indústria farmacêutica se comprometeu a produzir rapidamente uma vacina em caso de alerta. “Isso deu lugar a negociações entre as firmas e os governos. De um lado, os laboratórios se comprometiam a estar prontos. De outro, os governos asseguravam que comprariam tudo. No final, os laboratórios não assumiam nenhum risco economico.”

    De acordo com o jornal Tribune de Genève, um estudo do banco americano JP Morgan estima que a venda de vacinas A (H1N1) vai permitir a Glaxo, a Novartis e a Sanofi um lucro suplementar de US$ 7,5 bilhões a US$ 10 bilhões.

    A diretoria da OMS promete uma avaliação sobre a maneira como administrou a pandemia. Os trabalhos começam na segunda-feira. Mas Keiji Fukuda, conselheiro especial da OMS, tratou de reagir.

    “Não, não superavaliamos os riscos do perigo do vírus. Não, não mudamos de definição da pandemia unicamente para agradar aos laboratórios farmacêuticos. Não, não estamos sob influência. Nós dispomos de medidas internas para evitar conflitos de interesse.”

    Outro problema é o vinculo entre a OMS e o ESWI, grupo de trabalho científico europeu sobre a gripe, que é financiado pelos mesmos laboratórios que são interrogados no Senado francês.

    O próprio modo de financiamento da OMS, metade privado, metade público, está sendo questionado por suposta opacidade.”

  2. Andrei Barros Correia

    Pedro,

    O lobi farmacêutico percebeu a oportunidade e a OMS deve ter sido capturada financeiramente.

    Não me sai da cabeça que é das piores chantagens que se podem fazer. Se for feita de novo, dá resultado.

  3. andrei barros correia

    Pedro,

    Acabo de ver que, de certa forma, a OMS passou recibo da cooptação ou, no mínimo, da leviandade no excesso de alarma.

    A OMS reviu os critérios para declaração de pandemias.

  4. Sidarta

    Passei dos 60 anos e tenho tomado há uns anos, regularmente, a vacina contra gripe elaborada com uma mistura de virus das gripes que ocorreram mais no ano anterior.

    Em 2009, por preguiça, presunção ou artes do diabo não tomei a tal vacina e tive umas 4 gripes, a ultima delas com uma duração de uns 10 a 15 dias e me deixando com uma infecção secundária no trato respiratório que exigiu antibioticos, xaropes, vic vaporub, pastilhas de garganta e repouso.

    Olhei-me no espelho a cada dia procurando ver se ocorriam mudanças na minha feição para traços suínos e tive muitos dos sintomas descritos da gripe suína; essa não é daquelas que regridem em tres dias com ou sem aspirina, um amigo teve o tal virus e ficou 8 dias no hospital.

    Que a industria de medicamentos é maior do que a de armamentos no mundo há pouca duvida, que o terror da gripe foi manipulado pela NOVARTIS tambem nao há duvida, mas que um alto percentual de idosos como eu que tomou a vacina comum de gripe no inverno de 2009 escapou da suína é verdade.

    Conclusão: tome a vacina regular de gripe anualmente mesmo que tenha que pagar por ela se voce ainda não está protegido pelo estatuto dos idosos como eu. Aprendi a lição!!!

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