Lembro-me bem – que eu devia ter uns vinte e poucos anos – de um almoço na casa de meu tio Fernando, em que estava um amigo prezado dele, Camilo Steiner. Camilo, não me lembro se era austríaco há muito no Brasil, ou brasileiro filho de austríacos – era casado com Janet, norte-americana.
Janet era amiga de escola de Rosalynn Carter. Eles eram amigos, os casais Steiner e Carter. Camilo Steiner gostava de Carter, como se gosta de um amigo. Tinham-se hospedado na Casa Branca, quando Carter era Presidente e eles foram visitá-los nos EUA.
Pelas tantas, no almoço em Recife, falava-se das atuações dos EUA no mundo, na época o presidente era o Bush pai, acho. Inaugurava ou aprofundava a indignidade e a falta de honradez que vem caracterizando esses presidentes. Eles falavam, eu escutava, que na época ainda escutava bem.
Conversavam e Fernado disse: Camilo, diz a Andrei, que é novo e anda impressionado com patifarias, o que é Carter e um presidente americano.
Carter – ele disse olhando para mim – é uma pessoa que teu tio receberia em casa e tu sabes que isso depende da pessoa, mais que do presidente ou outra coisa.
Fiquei com isso na cabeça. A situação faz-me parcial, não escapo a julgar de uma forma parcial, os personagens levam-me a isso.
Carter, independentemente daquele amigo de Camilo Steiner, é uma figura muito além de outras que ocuparam a presidência norte-americana, mais real e menos imbecil e menos rude e mais inteligente e mais georgiano e mais civilizado.
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